segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Jornal do Leitor - O POVO

http://www.opovo.com.br/app/colunas/educacao/2010/12/04/noticiaseducacao,2073075/escolhendo-a-escola-para-os-filhos.shtml

domingo, 5 de dezembro de 2010

O DESENVOLVIMENTO MORAL DA CRIANÇA Parte 2


O DESENVOLVIMENTO MORAL DA CRIANÇA
Parte 2

Dra Adriana Oliveira Lima (não deixe de citar esta fonte)

6. Só muito mais tarde, na adolescência, a criança liga as ações (infração) às suas intenções, evoluindo consideravelmente na construção da moralidade. As crianças julgam os fatos por critérios “que estão longe de serem, moral e juridicamente, aceitáveis... Ela, por exemplo, não percebe a ação dolosa”.

7. Antes da adolescência, ela não é capaz de fazer compensação, considerar atenuantes, julgando que a igualdade equivale à justiça.

8. Somente após 12/13 anos, e, dependente da aquisição do pensamento hipotético-dedutivo, o jovem é capaz de construir uma justiça de equilíbrio, que considera vários pontos de vista, superando não apenas a centração em seu ponto de vista como o igualitarismo típico dos mais jovens.

9. O respeito mútuo, o sentimento de reciprocidade e a cooperação são a base afetiva correspondente às operações abstratas no campo cognitivo. Assim torna-se capaz de comparar pontos de vista, superando o EGOCENTRISMO.

10. Verbalização não significa nível cognitivo ou moral. Piaget mostrou como uma certa “verbalização adulta” típica das crianças não tem relação direta com o desenvolvimento cognitivo ou moral.


Não há nada tão equitativamente distribuído no mundo como a inteligência: todos estão convencidos de que têm o suficiente.
René Descartes

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

O DESENVOLVIMENTO MORAL DA CRIANÇA


O DESENVOLVIMENTO MORAL DA CRIANÇA
Parte 1

Dra, Adriana Oliveira Lima (não deixe de citar estafonte)

1. Os sentimentos morais da criança constroem-se num longo processo que depende, intimamente, do desenvolvimento da inteligência. O grupo, a socialização, é fundamental na construção da moralidade, dos valores, regras, sentimento de justiça e afetividade de modo geral.

2. Os sentimentos morais precisam, como a inteligência, libertarem-se do egocentrismo, da centração em seu próprio ponto de vista, para construir o respeito mútuo, a reciprocidade, solidariedade e o sentimento de justiça.

3. A moral está para o desenvolvimento afetivo como a lógica está para o desenvolvimento cognitivo. Assim, o processo da construção moral é tão longo quanto o desenvolvimento cognitivo.

4. O fabuloso desenvolvimento das informações em nossos dias leva a uma falsa interpretação dos julgamentos morais das crianças. Os julgamentos morais das crianças não são iguais a de um adulto.

5. Piaget mostrou, por exemplo, que uma criança antes dos 7 anos julga uma infração de acordo com seus aspectos quantitativos sem considerar as intenções. Como, por exemplo, crê mais culpado e merecedor de maior castigo, uma criança que ajudando a mãe quebrou vários copos que uma segunda criança que tenha quebrado apenas um copo quando roubava biscoitos.


"O método comum de educar as crianças nas escolas parece-me ser o seguinte: a alguém teria sido dado o encargo de excogitar um método segundo o qual, paralelamente, os preceptores levassem os discípulos e estes fossem levados a conhecer com imensa fadiga, grande tédio e infinitas penas, e isso nunca antes de transcorrerem muitíssimos anos (...) quando penso nisso, convenço-me de que esses métodos foram introduzidos nas escolas por um gênio mau e invejoso, inimigo do gênero humano"

Comenius - Didática Magna

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Escolhendo Escola para os filhos

Neste período as escolas, revistas e jornais publicam sucessivas matérias falando sobre a escolha da educação que se quer para os filhos. O que fazer frente a tamanho assédio de informações? Fico olhando em volta e me perguntando até quando o Brasil permanecerá na mania discursiva já tão magistralmente descrita pelo grande Anísio Teixeira. Vejamos em nosso sistema educacional o que devemos considerar ao escolher e analisar escolas para nossas crianças e jovens.

PARA ESCOLHER UMA ESCOLA
1- Não matricule sua criança tendo como critério a proximidade da escola em relação à sua casa. Não estamos no primeiro mundo onde as escolas se equivalem. O melhor pode ser mais distante. Você esta escolhendo não um simples lugar para deixar seu filho, mas um lugar que pode determinar grande parte do que ele será no futuro. Como fazemos com o médico, procuramos onde está o melhor.
2- Não se apoiar na grandiosidade dos aspectos físicos da escola. Quase sempre escolas com grandes estruturas físicas têm também muitos alunos e quando se divide o tempo escolar pelo número de alunos, descobrimos que nossa criança não usará esse benefício.
3- Lembre que a escola deve ser um lugar INTIMISTA. Mais de 20 alunos na sala de aula inviabiliza qualquer boa intenção pedagógica – basta que se divida o tempo escolar pelo número de alunos e estabeleça um tempo de 2 minutos, por exemplo, para cada criança se expressar. É possível ver que não haverá opinião alguma formulada e emitida pela criança, menos ainda a possibilidade de todos se expressarem.
4- Ao visitar a escola, exija uma explicação de tudo que a escola diz fazer. É importante saber os meios através dos quais os objetivos definidos pela escola são realizados. É muito fácil listar belos objetivos como o desenvolvimento do espírito crítico, a criatividade ou a cidadania, difícil é desenvolver uma metodologia capaz de dar conta dos mesmos efetivamente na prática diária escolar.
5- Não aceite uma escola onde é comum o aluno ter “reforço escolar”. Estas escolas são as que menos assumem sua responsabilidade sobre a aquisição do conhecimento por parte de seus alunos.
6- Não confie em materiais físicos como o livro didático, a apostila ou joguinhos. Para usar bem um material e usar jogos como recurso didático o professor deve ser continuamente capacitado e conhecer seus objetivos e metodologias. O jogo pelo jogo ou o livro pelo livro não são suficientes no processo pedagógico – o professor e o domínio metodológico dos mesmos são fundamentais.
7- Procure saber a formação das pessoas que vão lidar com as crianças. Quais as habilidades técnicas das pessoas que dirigem sua escola, quais suas experiências de vida ou suas referências teóricas e sociais. Ter uma metodologia clara, saber o rumo que a escola deve tomar e ter firmeza nos valores e ideais é fundamental para a formação do caráter das crianças. Os adultos são modelos. A moralidade é uma existência e não um discurso.
8- A escola tem que ter VASTO material concreto como as escolas em TODO o primeiro mundo. É inaceitável uma escola com carteirinhas coloridas, giz e quadro. A criança e o jovem precisam de materiais concretos em TODAS as áreas do conhecimento.

9- A liderança da escola deve dominar conhecimentos culturais básicos de todas as áreas. Pergunte que cursos ou congressos o staff da escola participou ou que livros têm lido. A formação continuada é fundamental na pedagogia.

10- O tamanho da escola: Uma criança só pode aprender a ser crítico se tiver espaço, tempo e liberdade para se expressar. Um aluno só pode aprender quando o educador o conhece. O educador deve conhecer não apenas o seu desempenho intelectual por meio de provas e trabalhos, mas também seu lado social, afetivo. O jovem só pode tornar-se um cidadão se tiver um ambiente propício e acolhedor para se sentir seguro na árdua tarefa de expressar suas opiniões e tornar-se responsável por suas escolhas. Para tudo isso se realizar, uma escola não pode ser grande, não pode comportar centenas e centenas de alunos, pois em tal ambiente o conhecimento de cada um deles será sempre periférico e superficial e jamais será propício para o pleno desenvolvimento das capacidades cognitivas, sociais e morais dos seus filhos.

domingo, 26 de setembro de 2010

A Criança e a Sociedade de Consumo


Não percam. Este video mostra como as crianças estão sendo forçadas a performances precoces em função da venda de produtos.
Após o video uma debate com a Profa. Inês Vitorino

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Filme: A CRIANÇA


Direção: Jean-Pierre Dardenne, Luc Dardenne

Elenco: Jérémie Renier (Bruno), Déborah François (Sonia),

Sonia tem 18 anos e é casada com Bruno, de 23. O jovem casal vive de subsídios do governo e de pequenos roubos. Quando Sonia descobre que está grávida Bruno entra em desespero e sugere a venda do bebê.
Jovens de 18(ela) e 23 (ele) anos vivem as custas de subsídios governamentais e pequenos delitos. Sonia esta grávida e Bruno tem dificuldade de aceitar esta nova ordem na relação e vende o filho na primeira oportunidade.
Diante do desespero da namorada, explica que os dois “poderiam fazer um outro” a qualquer momento. Sonia entra em colapso e o denuncia à polícia. Não resta outra alternativa ao rapaz senão recuperar o bebê. E assim o faz.
"A CRIANÇA" do título não é, certamente, o bebê. O bebê consiste apenas no moto do filme e das questões discutidas. O filme se movimenta em torno do bebê, mas a criança são seus pais. O Bebê é uma mercadoria que pode ser fabricada e não vale mais que a motocicleta ou o seu carrinho.
Extremamente atual o filme não faz julgamentos morais, não trata de crime e castigo. De fato trata de possibilidades do mundo atual, de inconsequência comportamental, imaturidade e incapacidade de ajuste social pela prevalência do desejo sobre a regra.

sábado, 4 de setembro de 2010

PAIDEIA DESVAIRADA Antonio Valente


É uma alegria apresentar meu grande amigo Antonio Valente que me mandou este artigo que ora publico. Trabalhamos juntos por muitos anos. Antonio é professor da UFMG, tem diversos artigos publicados. Comente. Dê sua opinião sobre este momento que vivemos.
Se quiser falar direto com o Antonio: antonio__valente@hotmail.com




Edouard Claparéd perguntou certa vez, e ele próprio respondeu, por que a Pedagogia não sofria as transformações necessárias e possíveis como produto de avanços da pesquisa científica, a exemplo de outras áreas do conhecimento: é por que a educação sempre foi o apanágio de políticos e religiosos. E concluía, com ironia: Por certo, não foi Luiz XIV quem derrubou a Bastilha nem o Papa quem promoveu a Reforma.

Cito de memória, já que me desfiz há muito tempo da minha biblioteca pedagógica, evadido que sou dessa área, embora, certamente, permaneça dentro do sistema, já que, se os alunos evadidos são parte dele, por que não também os professores.

Sempre me recordo dessa citação em época de campanha eleitoral. A época em que todo político declara a prioridade que dará a educação durante o seu mandato. A cada declaração dessas – e são muitas! – sinto um arrepio, mas nada mais que isso, nada mais que incomode a minha prudente indiferença. Sinto pena é daqueles que estão na labuta diária e que terão que aturar mais uma avalanche de idéias geniais e mirabolantes interferindo no seu trabalho.

A propósito, por que será que nunca vi nenhum político dos Estados Unidos ou da Europa, incluir problemas educacionais em suas plataformas de campanha? Pode até ser que algum vereador (ou equivalente lá deles) ou prefeito incluam alguma medidazinha nesta área. Mais governadores e até presidentes da república (ou Primeiros Ministros)? Ou eles ou nós, alguém, está muito atrasado nesta área, é o que concluo.

A grande novidade aqui no Rio de Janeiro, e parece que também em São Paulo, é o candidato declarar que acabará com a “promoção automática” nas escolas públicas. Logo, supõem-se que professores e pais de alunos – a sociedade, de um modo geral – estão insatisfeitos com a tal promoção a ser revogada.

Também com um título desses: “promoção automática”! Como é que se pode premiar alguém automáticamente, independentemente do seu mérito. Isso é, verdadeiramente, um escândalo!

A discussão toda, como se vê, é um verdadeiro samba-do-crioulo-doido nessa geléia geral em que patina a educação brasileira.

O engraçado é que me lembro de uma discussão deste assunto num artigo de Anísio Teixeira (não me peçam referências, pelas razões expostas acima). Argumentava o grande educador, que a educação básica (por isso seria básica) é uma educação para todos, universal, e que, portanto, não fazia nenhum sentido reprovar alguém, pelo menos, neste ciclo. Todos, indistintamente, deveriam recebe-la, de maneira igualitária.

Pois foi esta reflexão que transformaram em “promoção automática”. Não sei se é para rir ou para chorar. E, diga-se de passagem, uma medida que os políticos da época abraçaram com entusiasmo, no afã de apresentar novidades em seus mandatos, o mesmo entusiasmo e com as mesmas intenções com que agora anunciam a sua revogação.

Na época em que Anísio Teixeira escreveu, ou, talvez, alguns anos depois, o sistema educacional do Rio de Janeiro reprovava cerca de 50% dos alunos no primeiro ano da escola, então chamada, primária. O outro “gargalo” era na quinta série. Ou seja, metade das crianças – criancinhas de sete anos de idade! – que pela primeira vez, animadas e sorridentes com seus caderninhos e uniformes imaculados, buscavam a escola, eram impiedosamente reprovadas e tinham que “repetir” o ano, iniciando aí uma via crucis de “repetições” repetidas, até serem atiradas ao limbo educacional, frustradas e, naturalmente, analfabetas.

Agora, já que tudo que se compreendeu das reflexões liberais de Anísio Teixeira, foi traduzido no termo “aprovação automática”, e que, políticos como os nossos não estão absolutamente interessados em sugestões trabalhosas, em reformas profundas, coisas que gastam muito e levam algum tempo para serem realizadas, mas tão somente numa palavra de ordem simples que traduza o desejo imediato do eleitorado, e, sobretudo, que possa ser anunciada na brevidade do horário eleitoral da TV (isso os executivos, porque os legislativos preferem outro esporte, o de empanturrar os currículos escolares com matérias esdrúxulas, ao sabor da moda) revoga-se a indesejada medida e, supõe-se, volta-se ao que era antes.

Ao que era antes, sempre e até quando.

Podemos certamente esperar mais uma grande leva de meninos e meninas andrajosos, sujos, analfabetos e violentos, circulando – desorientados, desprotegidos e ignorados – pelos morros, palafitas e ruas da cidade, apenas porque não souberam responder em uma prova quais são os afluentes da margem esquerda do rio Amazonas. Ou coisa parecida.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010



Billy Elliot (Jamie Bell) um garoto de 11 anos que vive numa pequena cidade da Inglaterra, onde o principal meio de sustento são as minas da cidade. Obrigado pelo pai a treinar boxe, Billy fica fascinado com a magia do balé, ao qual tem contato através de aulas de dança clássica que são realizadas na mesma academia onde pratica boxe. Incentivado pela professora de balé (Julie Walters), que vê em Billy um talento nato para a dança, ele resolve então pendurar as luvas de boxe e se dedicar de corpo e alma dança, mesmo tendo que enfrentar a contrariedade de seu irmão e seu pai sua nova atividade.
Um filme para discutir as diferenças, os preconceitos. A divisão das "!profissões" por sexo - isso é de menino, isso é de menina.
O filme é sensível, apaixonante. Bom para pais, professores e para instrumento de discussão com os adolescente.

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

OS VIDEOGAMES, A TV E OS COMPUTADORES. O QUE FAZER? Parte 2


Estes recursos são fundamentalmente unilaterais, ainda que se diga que são interativos. Interação é um termo complexo que implica múltiplas influências, desafiadoras, transformadoras do sujeito e do objeto e, assim sendo, estas máquinas estão longe de apresentar atividade interativas.

A visão de interatividade atribuída aos joguinhos é ainda bastante primitiva e ligada a idéia de estimulo-resposta. Para provar esta pobreza de relação entre o sujeito e a máquina veja-se como facilmente as crianças vencem os objetivos, e os jogos tornam-se “ bobos” ou enfadonhos.

Evidente que não se quer dizer que seja ruim de todo a TV, os computadores e os vídeos games, pois estes fazem parte da vida moderna. Entretanto, e é o que queremos demarcar, é necessário contrabalançar esta “compulsão” moderna com outras atividades e outros jogos que impliquem as relações complexas que se fazem entre seres humanos. Deve-se, pois limitar o tempo de uso destes equipamentos e, diversificando as atividades das crianças, ter-se-á desenvolvida a inteligência em sua amplitude máxima e dinâmica.

Jogos clássicos de trilhas, gamão, xadrez... os insubstituíveis blocos de construção, carrinhos, bonecos e outros brinquedos capazes de desenvolver livremente o pensamento simbólico, jogos de grande espaço, como bandeira, pique, caça ao tesouro... Cantar, tocar um instrumento, aprender uma dança, uma língua estrangeira... Praticar um esporte... É enorme a diversidade de atividades que podem preencher a vida de uma criança. O que torna bastante limitado, e terrivelmente pobre, ao seu desenvolvimento é deixá-la horas a fio em frente à máquinas tão pouco inteligentes.

sábado, 28 de agosto de 2010

OS VIDEOGAMES, A TV E OS COMPUTADORES. O QUE FAZER? Parte 1




Na revista “ Isto É “, n0 1757, em artigo denominado “ De vilão a mocinho”, há um relato de uma pesquisa da Universidade Rochester de Nova Iorque, que mostra como os vídeos games desenvolvem certas habilidades nas crianças. A psicologia americana, radicalmente distinta dos estudos piagetianos, baseia-se em estatísticas e seus critérios de “ inteligência” recaem sempre em velocidade de pensamento e no desenvolvimento das percepções (psicologia clássica behaviorista).

Ora, diz o artigo que as crianças que jogavam videogames tinham melhor percepção e maior velocidade em tomar decisão. Em primeiro lugar, para Jean Piaget, a percepção é o grande obstáculo à inteligência, que consiste, precisamente na superação das impressões perceptivas ( a realidade não é apenas o que vejo, apesar de parecer predominância das avaliações lógicas sobre as perceptivas).

Em segundo lugar, para Jean Piaget, a velocidade tão apreciada pelos americanos, não tem significado maior quanto a qualidade da inteligência, não importando, para ele, quem responde primeiro, mas sim a forma, o raciocínio empregado para resolver o problema proposto.
Assim, nada justificaria, e com esta pesquisa menos ainda, que se permita que a criança despenda longo tempo em frente a vídeo games, computadores ou TV. Não se pode, obviamente, evitar a existência e os benefícios dos computadores, jogos e TV para a diversão, informação e pesquisa. Entretanto não ultrapassa este valor frio de estruturas sem desafios à inteligência.

A inteligência é ampla, precisa de desafios cada vez mais complexos, o que só é possível entre seres humanos. Nada é mais desafiador para uma criança que outra criança. Crianças normais, com bom desenvolvimento abandonam TV, computador e vídeo game para brincar com os amigos.

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

O SAPO E O ESCORPIÃO


Certa vez, um escorpião aproximou-se de um sapo
que estava na beira de um rio.
Oescorpião vinha fazer um pedido:
"Sapinho, você poderia me carregar até a outra
margem deste rio tão largo?"
O sapo respondeu: "Só se eu fosse tolo!
Você vai me picar, eu vou ficar paralizado e vou afundar."
Disse o escorpião: "Isso é ridículo! Se eu o picasse, ambos afundaríamos."
Confiando na lógica do escorpião, o sapo concordou e levou o escorpião nas costas,
enquanto nadava para atravessar o rio.
No meio do rio, o escorpião cravou seu ferrão no sapo.
Atingido pelo veneno, e já começando a afundar, o sapo voltou-se para o escorpião e
perguntou: "Por quê? Por quê?"
E o escorpião respondeu: "Por que sou um escorpião e essa é a minha
natureza."
ALGUMAS "NATUREZAS" SÃO IMUTÁVEIS.

PENSAMENTOS
"Ciúme é querer manter o que se tem; cobiça é querer o que não se tem; inveja é querer que o outro não tenha."
Zuenir Ventura

"A competição é a paixão das almas nobres; a inveja, o suplício das almas vis."
Jean-François Marmontel

"Os homens de mérito não precisam cuidar da sua fama; a inveja dos tolos e dos petulantes se encarrega de propagá-la."
Cándido Nocegal y Rodríguez de la Flor

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

PENSAMENTOS


Pode-se enganar a todos por algum tempo; Pode-se enganar alguns por todo o tempo; Mas não se pode enganar a todos todo o tempo..."
Abraham Lincoln

Aquilo que não me mata, só me fortalece
Friedrich Nietzsche

Nenhuma herança é tão rica quanto a honestidade.
William Shakespeare

domingo, 22 de agosto de 2010

OS SONHOS NUNCA ACABAM



Esta semana alguém me falou sobre o fim dos sonhos. Mais precisamente se eu não lastimava o fim de um sonho. Demorei um pouco para compreender de onde partia tal análise e sentimento de perda que levava uma pessoa a alocar o sonho de forma tão exterior ao CORPO.
Não existem sonhos fora dos corpos. Aos dois anos, uma criança de maneira geral começa a construir e organizar imagens. A mente representa as coisas e mais tarde suas relações. A organização da memória imagética precisa de contextos e, assim, a mente as organiza dentro de contextos (histórias) buscando criar sentidos cada vez mais complexos conforme a idade.
Assim, nossa mente nos níveis simbólicos é um arquivo de histórias e relações emocionais que fazem vir à tona as vivências com alta carga de teor emocional. Mais tarde será uma rede de relações lógicas que trarão à baila as memórias.
Nossa mente mistura as lembranças emocionais com as lógicas, criando histórias e recriando-as, lembrando e esquecendo, conforme vamos vivendo. Nos contextos vamos agregando lembranças a símbolos que representam toda sorte de sentimentos: bruxas, mágicos, palhaços, cheiros, impressões sensoriais, amor, inveja, raiva, melancolia, saudade, alegria...
Como os símbolos estão nos estratos mais profundos da mente eles podem se manifestar na vida diurna como desejos incontroláveis, levando os sujeitos a confundir estas emoções primitivas com fatos reais, ou depositar fora de sua própria ação o que imagina ser seu sonho (no sentido de objetivo e desejo de vida).
Isto é o que vamos chamar de "sonho acordado" que se traduz como uma fome psíquica através da qual o homem projeta, faz planos futuros, define seus objetivos de vida e seus ditos “sonhos”. Neste sonho acordado pode, também, aparecer o “devaneio”, que consiste na construção simbólica da realidade para atender o desejo mais particular do indivíduo. Seja qual for o sonho, entretanto, ele só se faz na mente humana.
O único grande impasse da situação dos sonhos e devaneios é quando ele, pela inércia do “sonhador”, é depositada na ação de outrem!!!! Não pode, desta feita, ser jamais realizado de maneira satisfatória. Um sonho acordado só tem uma saída: REALIZAR! FAZER! Há os que lideram seus sonhos e os que se “amalgamam” aos sonhos alheios. E há aqueles que deslocam seus sonhos para um ambiente de fantasia, e os acalentam no plano do simbólico, tentando empurrar os outros para seus desejos sem fazer qualquer esforço de realizar seus próprios desejos.
Assim, amigos, os sonhos vão onde as pessoas forem e morrem apenas quando elas deixam de sonhar.
Os sonhos são ANDANTES...

“Talvez não sonhar mais seja uma das primeiras evidências de que abandonamos a vida e esperamos a morte”

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

O Cortesão – Baldassare Castiglione



O Cortesão é uma obra renascentista, um dos “livros de cabeceira” da civilização ocidental. Diálogo em tom elegante, dotado de uma atmosfera serena e grande refinamento intelectual na construção do “perfeito cortesão”. Ele ficou conhecido como “um código da elegância do pensamento e do gosto que se tornam elegância e refinamento dos costumes”.

Reproduzo abaixo um célebre trecho da obra, tão importante então quanto agora e sempre, que trata da questão da amizade:
“Mas creio que há outra coisa que dá e diminui muito a reputação: é ela a escolha dos amigos com os quais se há de ter uma relação estreita; porque sem dúvida a razão quer que aqueles que têm amizade profunda e companhia inseparável tenham também as vontades, os espíritos, os juízos e as inteligências conformes. Assim, quem conversa com ignorantes ou maus, é tido por ignorante ou mal; ao contrário, quem conversa com bons, sábios e discretos, como tal é considerado; pois parece que por natureza tudo facilmente se conjugue com seu semelhante. Por isso creio ser necessária muita atenção ao começar tais amizades.
(...)
Portanto, creio que é bom amar e servir mais a um do que a outro, conforme os méritos e o valor. (...) e entendo que tudo isso se passa entre homens bons e virtuosos, pois a amizade dos maus não é amizade.”
B. Castigilone – O Cortesão (1528)

domingo, 15 de agosto de 2010

LINGUAGEM: A FALA




A criança acompanha sua ação com fala.
Diferente dos macacos, nas crianças, por volta de 2 anos, aparece a Função Semiótica. Para Piaget, superando Vigotsky e a psicologia clássica, ela se constitui como a capacidade de representação (característica tipicamente humana) onde a fala vai aparecer como um dos seus aspectos mais visíveis. A Psicologia clássica acreditava na linguagem sendo pensamento. Piaget vai mostrar que é relação e que existiria, inclusive, um “pensamento sem linguagem”.
A ação da criança agora (por volta dos 2 anos) será "acompanhada da fala" o que caracterizará para Vigotsky, por exemplo, o “tipicamente humano" ou as "funções superiores do homem". Também Piaget encontra esta fala acompanhando as ações. Vigotsky dirá que não se trata de simples descrição da ação, mas de uma função psicológica complexa e que quanto mais complexa é a ação maior é a importância da fala.
Para nós educadores é essencial a compreensão deste fato, pois a tentativa de fazer parar a fala da criança pode ser não apenas inútil (fracasso no pedido de silêncio) como, e principalmente, provocar a "paralisação" da ação da criança (sucesso no pedido de silêncio). Ora, sem a permissão da fala a criança pode simplesmente não resolver os problemas propostos.
Por outro lado, o uso espontâneo da fala nesta idade (pré-escolar) leva a criança a construir os instrumentos básicos do planejamento de suas ações, pois ela torna-se capaz de "irradiar" suas tentativas aproximando-se mais e mais de um plano prévio para sua ação.
No plano do desenho ocorrerá o mesmo, as crianças muito pequenas precisam antes desenhar para depois dizer o que desenharam. Como os macacos de Koeler, elas são escravas do contato visual. Ao crescerem um pouco mais serão capazes de dizer o que vão desenhar e efetivamente fazê-lo. Aqui, novamente, é mostrada a função planejadora da fala.
Jean Piaget mostrará, para além desta função, a capacidade, por meio das representações, de distanciar-se mais e mais do objeto no espaço e no tempo, o que constitui a capacidade simbólica do homem.
A pré-escola, pois, não poderá ser um lugar de enfileiramento, de silêncio, de tirocínio... deverá ser um espaço em que a fala possa desenvolver-se por seus exercícios naturais e o corpo possa acompanhar estas manifestações com movimentos harmônicos. Estudos recentes têm mostrado um "balbucio" gestual antes mesmo do aparecimento da fala, mostrando uma linguagem gestual pelos ritmos dos movimentos dos bebês. Não é possível, pois, uma escola sem estímulo à ação e à fala que acompanhará naturalmente esta ação.

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Gabriela Mistral.



Somos culpados de muitos erros e muitas falhas,
mas nosso pior crime é abandonar as crianças,
desprezando a fonte da vida.
Muitas das coisas que precisamos podem esperar.
A criança não pode.
É exatamente agora que seus ossos estão se formando,
seu sangue é produzido, e seus sentidos estão se desenvolvendo.
Para ela não podemos responder "Amanhã"
Seu nome é "Hoje"

Gabriela Mistral, pseudónimo escolhido de Lucila de María del Perpetuo Socorro Godoy Alcayaga (Vicuña, 7 de abril de 1889 — Nova Iorque, 10 de janeiro de 1957), foi uma poetisa, educadora, diplomata e feminista chilena.
Foi agraciada com o Nobel de Literatura de 1945.

domingo, 8 de agosto de 2010

Mordaças e Palmadas - Lia Luft


Este é um pequeno segmento do artigo de LIA LUFT publicado na veja.
Esta postagem visa ampliar as visões e interpretações.

Mordaças e palmadas
Lya Luft Veja - 02/08/2010

(...)
"Outro tema, agora atualíssimo, é a interferência em assuntos tão pessoais quanto a educação dos filhos. A mim o tema "palmada" parece um pouco ridículo, num momento de eleições iminentes. quando precisamos estar sérios, lúcidos, focados no assunto "quem vai nos governar nos próximos quatro anos. Como, com que ideias e meios". Crianças e jovens. filhos em geral, já são protegidos por leis suficientes. Se elas não forem respeitadas, e sua quebra não for punida, não vai adiantar nada inventar novidades. Vamos aplicar e vigiar o que já existe. E não acho que o "projeto palmada" funcione sem grande confusão. Primeiro problema, o do controle: quem vai denunciar pai ou mãe que derem palmada (e não pode nem aquela branda, carinhosa chamada de atenção por cima da gorda fralda): o vizinho intrometido, a vizinha invejosa. a babá em aviso prévio. a comadre neurótica, a sogra chata, o ex-cônjuge vingativo? Eu gostaria de saber, só para começar, quem vai lidar com a avalanche de denúncias loucas. injustas e irreais que vão atravancar delegacias, postos de polícia e semelhantes.

Violência às vezes se justifica, sim, como para controlar violência, segurar alucinados, prender bandidos, dominar violentos assassinos. Mas nem mesmo violência verbal deveria reinar nas famílias: um insulto pode doer bem mais do que um tapa, brigas entre os pais fazem mais mal do que uma palmadinha, acreditem. Então, o conceito de que violência em casa é negativa e tem de ser punida já existe. Basta aplicar as regras e leis. Mas a tal lei da palmada, me perdoem: parece-me irreal, inexequível, geradora de muita confusão e de indevidas intromissões no lugar que deveria ser o mais nosso, o mais pessoal. nosso refúgio, nosso reino, nosso santo dos santos: a casa, a família, o lar.

Mas como as coisas entre nós. e neste vasto mundo, andam mais para confusão e doideira do que para lucidez e serenidade, como estamos mais violentos, policialescos, alucinados, assustados e assustadores do que firmes, elegantes, sábios, pacíficos e ordenados, tudo pode ser ser esperado, tudo é possível, e vamos nos habituando a viver na estranheza, na esquisitice, protegendo-nos como podemos de atos, fatos e idéias bizarros."

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

O Milagre de Anne Sullivan



Titulo original: (The Miracle Worker)
Lançamento: 1962 (EUA)
Direção: Arthur Penn
Atores: Anne Bancroft , Victor Jory ,
Inga Swenson , Andrew Prine ,
Kathleen Comegys
Duração: 107 min
Gênero: Drama

A incansável tarefa de Anne Sullivan (Anne Bancroft), uma professora, ao tentar fazer com que Helen Keller (Patty Duke), uma garota cega, surda e muda, se adapte e entenda (pelo menos em parte) as coisas que a cercam. Para isto entra em confronto com os pais da menina, que sempre sentiram pena da filha e a mimaram, sem nunca terem lhe ensinado algo nem lhe tratado como qualquer criança.
Para os educadores e PAIS é muito importante discutir a questão da disciplina e do limite na organização do conhecimento.
Do ponto de vista mais teórico é fascinante ver a distinção entre o reconhecimento MOTOR e o aparecimento da semiótica, a descoberta das representações. IMPERDÍVEL!!!

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

A LINGUAGEM ESCRITA: ORTOGRAFIA E CRIATIVIDADE




Pais e professores costumam ter um "olhar ortográfico" sobre os trabalhos escritos da criança. Mesmo as mais jovens, na primeira ou segunda série, têm seus textos analisados pelo "susto" que seus erros ortográficos provocam nos adultos. Entretanto o olhar do adulto deveria centrar-se na originalidade, no volume de escrita, na criatividade e na logicidade dos textos produzidos pelas crianças. A criança, por seu lado, deve sentir total liberdade para expressar seus sentimentos e deixar fluir sua imaginação com espontaneidade.

Fazer ditados e riscar de vermelho os erros das crianças não contribuem para a melhora ortográfica. As escolas conseguem apenas reduzir o vocabulário usado pela criança restringindo seus textos de tal forma que conseguem uma "aparente" boa performance ortográfica. Se pedirmos, entretanto, que escrevam de forma livre e sobre temas mais complexos (tempos verbais não usuais) percebemos o limite alcançado por esta metodologia.

Se a professora dá maior ênfase aos erros cometidos pela criança, nestes primeiros momentos, termina por tirar-lhe a espontaneidade, provocando o empobrecimento intelectual da linguagem, que vem dificultando a aparição de escritores brasileiros. Os alunos nas nossas universidades recusam-se a escrever, copiam quase tudo, não formulam conceitos, não emitem opinião... Não fossem os livros didáticos, estaríamos entre os países mais pobres em quantidade de títulos publicados.

A correção ortográfica será progressiva, sendo grande parte alcançada pela "tomada de consciência", possível com a maturidade intelectual, e também pela leitura, que marcará a gestalt das palavras. Para tanto é necessário formar leitores. Pode-se também, como fazemos desde cedo em nossa escola, melhorar a linguagem falada, pois uma boa pronúncia das palavras resultará em considerável melhoria na escrita. Por fim, pode-se fazer aos poucos correções por meio de pesquisas, dicionários, jogos e a "tomada de consciência" sobre os textos produzidos, quando as crianças alcançam o 4º e 5º ano.

Não podemos esquecer, entretanto, que cada ação deverá estar adequada ao nível de desenvolvimento da criança, vez que muitas das convenções não são passíveis de ser aprendidas em qualquer momento, sendo, assim, necessário trabalhar o "possível" em cada estádio do desenvolvimento.

É necessário corrigir progressivamente os textos das crianças de forma que um dia elas sejam capazes de dominar de forma superior sua língua. Lembramos, no entanto, que a ortografia, como o cálculo, é uma atividade inferior da mente, sendo mesmo possível transferi-la para as máquinas (calculadoras e computadores). Assim, deve-se trabalhar a originalidade e a logicidade na escrita, características unicamente humanas, intransferíveis para uma máquina, e sermos mais pacientes com os erros ortográficos e em esperar a construção da escrita formal das crianças.

sexta-feira, 30 de julho de 2010

"Invictus" William Ernest Henley


I am the master of my fate:
I am the captain of my soul.

"Invictus"

William Ernest Henley

Do fundo desta noite que persiste
A me envolver em breu - eterno e espesso,
A qualquer deus - se algum acaso existe,
Por mi’alma insubjugável agradeço.

Nas garras do destino e seus estragos,
Sob os golpes que o acaso atira e acerta,
Nunca me lamentei - e ainda trago
Minha cabeça - embora em sangue - ereta.

Além deste oceano de lamúria,
Somente o Horror das trevas se divisa;
Porém o tempo, a consumir-se em fúria,
Não me amedronta, nem me martiriza.

Por ser estreita a senda - eu não declino,
Nem por pesada a mão que o mundo espalma;
Eu sou dono e senhor de meu destino;
Eu sou o comandante de minha alma.




WIKIPEDIA: "Invictus" é um pequeno poema vitoriano de autoria do poeta inglês William Ernest Henley (1849–1903). Ele foi escrito em 1875 e inicialmente publicado em 1888[1] no Book of Verses de Henley, no qual ele era o quarto de uma série de poemas intitulados Life and Death (Echoes)
Era o poema que Mandela recitava para os demais prisioneiros em Robben Island para dar força a eles.

"Invictus" William Ernest Henley

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Minha Vida em Cor de Rosa



“Minha Vida em Cor-de-Rosa” (Ma vie en Rose, 1997). O filme dirigido por Alain Berliner conta brevemente a história de Ludovic, um menino de sete anos que tem certeza de ter nascido no corpo errado. Ele sabe que tudo de que gosta é diferente do que gosta um menino (roupas ou jogos). O filme não apresenta soluções ou verdades, apenas discuste com carinho a compreensão entre pais e filhos em uma sociedade que tem dificuldades para aceitar o que não é padronizado, controlado e modelado.
No início é cômodo para todos encararem a situação como uma brincadeira que há de passar; mas o tempo passa e Ludovic apenas aprofunda seus desejos e busca suas respostas (ajudado pela irmã mais velha) Não há conversas de pai-filho ou mãe-filho, não se discute os sentimentos de Ludovic.
Instrumentos importantes para uma discussão sobre a questão das pressões sociais sobre aqueles que não se encaixam num corpo/padrão pré-definido e aceito, podem ser encontrados no filme.
A inocência de Ludovic e sua busca para desvendar a si mesmo faz deste filme um valioso instrumento para os pais, professores e mesmo para os adolescentes nas discussões sobre a sexualidade.


Minha Vida em Cor-de-Rosa
Título Original: Ma Vie en Rose
País de Origem: Bélgica/França/Inglaterra
Ano: 1997
Duração: 110min
Diretor: Alain Berliner
Elenco: Michele Laroque, Georges Du Fresne e Jean-Philippe Ecoffey

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Escola, Poder e Disciplina Michel Foucault e a construção dos paradigmas escolares

Dra. Adriana Oliveira Lima (não deixe de citar esta fonte)

Ao acessar esta página, torne-se seguidor e sugira temas em Foucault que gostaria de saber e discutir.
Este texto teve por objetivo fazer avançar as discussões relativas ao poder e a escola que foram por nós introduzidas nos estudos dos processos de avaliação (Lima, 1992). Este estudo que iniciou como um estudo dos processos de avaliação mostrou-se bastante útil para a compreensão de como se constituem os fundamentos da educação de modelo tradicional, quais seus objetivos e como se sustenta no contexto da evolução social.

Após estudos paralelos, eminentemente filosóficos, onde discutíamos a origem e a função dos intelectuais terminamos por descobrir uma fonte rica de respostas sobre a origem das disciplinas (moral, regras, valores) escolares e suas funções na educação. Passamos então a fazer um estudo mais detalhado de Michel Foucault naquilo que pudesse explicar a escola e suas "tradições".

Assim, pretendemos aqui desvendar a escola por meio dos estudos de Michel Foucault sobre a origem e o sentido de dispositivos tão cotidianos da escola, como os enfileiramentos das carteiras, as chamadas, as seriações e classificações, o controle dos espaços e do tempo. Este texto visa ajudar na reflexão sobre os aspectos organizacionais da escola tradicional e sua sobrevivência nos dias de hoje como a casca da cobra deixada para trás... oca, vazia...

I - A descoberta do corpo e a instituição da docilidade e obediência


Algumas pesquisas já mostraram a relação negativa entre a escola e a criança/adolescente, mas bastaria a realidade empírica de convivência entre pais e filhos para provar o quanto crianças e jovens não gostam da escola.
Qualquer motivo é razão para não ir para a escola... No aniversário um dos presentes é poder faltar a aula.

Numa era complexa de tecnologia e informação, nos perguntamos como esta instituição chamada escola sobrevive sem qualquer transformação de seu modelo primitivo (escola tradicional - autoridade e disciplina)? No âmbito sociológico é comum explicar este fenômeno através do que se chamou “mecanismos de controle social”, ou mais precisamente, na linguagem de Althusser "aparelho ideológico do Estado" que fazem funcionar um ciclo reprodutivo no âmbito macro-estrutural. Em outras palavras, a escola funciona como um mecanismo para garantir a reprodução das condições de dominação social.

Entretanto este mecanismo de controle social não explica a sobrevivência do cotidiano da escola no que diz respeito a realização pedagógica (aprendizagem) assim como o conjunto de suas normas internas que continuam sendo executadas ainda que não tenham mais o sentido social que um dia tiveram! Os sistemas disciplinares da escola permanecem respondendo a uma época que já passou e não respondem as demandas das sociedades modernas.

Neste sentido é que buscamos os elementos intra-escolares, suas teias microssociológicas, seu funcionamento para, neste contexto, entender-lhe os mecanismos de sustentação e sobrevivência. Os mecanismos disciplinares constituem um dos parceiros nesta microssociologia que garante a reprodução, entre outras, do próprio poder disciplinar, fazendo os pais crerem que a escola é necessária para subordinar e adestrar a criança e o jovem a um sistema de submissão que controla e garante esta reprodução contínua do poder nas sociedades. As disciplinas, no âmbito da escola, são os mecanismos mais concretos da reprodução social.

Michel Foucault, em “Vigiar e Punir”, estuda os mecanismos da Disciplina em sua capilaridade, ou seja, o poder exercido sobre os corpos. Neste sentido, pode ser esclarecedor para a escola compreender as técnicas e mecanismos disciplinares que organizam o sistema poder-submissão em sua versão micro, do dia a dia, do corpo a corpo.

“... houve, durante a época clássica , uma descoberta do corpo como objeto e alvo de poder. Encontraríamos facilmente sinais dessa grande atenção dedicada então ao corpo - ao corpo que se manipula, se modela, se treina, que obedece, responde, se torna hábil ou cujas forças se multiplicam”.

O poder em todas as sociedades, segundo Foucault, está fundamentalmente ligado ao corpo uma vez que é sobre ele que se impõem as obrigações, as limitações e as proibições. É, pois, na “redução materialista da alma e numa teoria geral do adestramento” que se instala e reina a noção de docilidade. É dócil o corpo que pode ser submetido, utilizado, transformado, aperfeiçoado em função do poder.

Os estudos de Michel Foucault mostram estes mecanismos capilares de poder que têm sua origem nos séculos XVII e XVIII. Estes mecanismos aparecem com a descoberta do corpo como objeto de arte, e o renascimento será o símbolo máximo desta descoberta, assim como do estudo do corpo enquanto anatomia e medicina . Foucault mostrará que houve também a descoberta do corpo como objeto transformável em eficiência e alvo de controle e produtividade. E este momento foi o que Foucault chamou de "momento das disciplinas" que consistia num conjunto de dispositivos de controle sobre os indivíduos. Desde então, tem-se apenas variado as técnicas e os dispositivos de submissão e controle sobre os corpos.

O que Foucault desvendou, descreveu e detalhou no estudo das prisões, hospícios, quartéis e escolas toma forma social e amplia-se em uma sofisticada e sutil tecnologia de submissão dos corpos, onde o tempo e o espaço são controlados por minuciosos dispositivos (controle dos movimentos, gestos, rapidez, tempo, manobras) e a vigilância aliada ao saber fecha um circuito de poder microssociológico. Este poder que se exerce sobre o corpo é ininterrupto (contínuo) chegando mesmo a instalar-se como coerção interna (introjeção dos mecanismos de autocoerção) e suas tecnologias (dispositivos) alcançam este feito através do que Foucault chamou DISCIPLINA, isto é, aquilo que conduz os corpos à relação docilidade-utilidade.

Os estudos de Foucault contribuem sobremaneira para a compreensão da evolução da idéia de "obediência", tão importante na escola, que teve origem neste momento em que se descobriu e se organizou o poder sobre os corpos e que em sua evolução constitui o imaginário das sociedades modernas. Este imaginário consiste de complexos mecanismos simbólicos (crenças, valores) que induzem comportamentos tanto individuais quanto coletivos não sendo, quase sempre, conscientes. A obediência está de tal forma introjetada nos indivíduos que a confissão aparece como parceira indissolúvel permitindo aos indivíduos o alívio necessário para manutenção da integridade física ou mental.

Mas, retomando nosso tema, como se deu a construção desta obediência no processo histórico? Na domesticidade escrava pode-se dizer que a obediência se inscrevia (inscreve-se) no controle sobre a operação do corpo, isto é, sobre as ações do corpo em função dos resultados produtivos, e a punição é o regulador da obediência. Na vassalagem, a obtenção do controle se fazia pela produção, isto é, o que importava era o resultado do 'trabalho dos corpos' e era nesta produção que se instalava o controle que, assim, não era direto sobre os corpos. De um outro ponto de vista, ainda medieval e constituindo um modelo próprio que se reproduz socialmente sob a inspiração dos modelos religiosos a obediência tem lugar e pode realizar-se, também, por meio da renúncia, ("renúncia monástica").

Ao contrário deste processo histórico, é na modernidade que Foucault vai encontrar a construção desta maquinaria de poder através do controle dos corpos e que ele chamou de anatomia política, isto é, o corpo para fazer não o que se quer, mas para operar como se quer. É a tecnologia da disciplina fabricando os corpos submissos pelo controle dos gestos, do tempo, dos espaços, das estratégias... É o aparecimento de uma nova dimensão do poder, do controle.

Esta anatomia política desenha-se aos poucos até alcançar um método geral "que está em funcionamento nos colégios, muito cedo; mais tarde nas escolas primárias; investiram lentamente o espaço hospitalar; e em algumas dezenas de anos, reestruturaram a organização militar”. A disciplina que Foucault mostrará é, pois, uma política do detalhe e é desta forma que se desenha uma microfísica do poder que vem evoluindo em técnicas cada vez mais sutis, sofisticadas, com aparente inocência, tomando o corpo social em sua quase totalidade. É assim, pois, no contexto disciplinar dos regulamentos minuciosos, do olhar das inspeções que o controle sobre o corpo toma forma nas escolas, quartéis, etc., esta é a microfísica do poder, a que nos dedicaremos a detalhar um pouco mais.

II - Disciplina e a arte das distribuições

É preciso agora esmiuçar esta tecnologia disciplinar em seus diferentes componentes para estudar-lhe como esta se insere na escola. Em primeiro lugar analisemos a organização e controle do "espaço", isto é, o quadriculamento celular dos espaços, onde perdura a idéia do enclausuramento na organização física e que se expressa por: “Cada indivíduo em seu lugar e, em cada lugar, um indivíduo”. A organização do espaço vai evitar as distribuições por grupos e decompor todas as aparições coletivas. A circulação difusa, sem grupamentos, permite saber onde e como encontrar os indivíduos. Preservar apenas as comunicações úteis (sic!) e interromper todas as demais. Este é um espaço analítico onde o quadriculamento permite a vigilância contínua e de conjunto, uma vez que o todo não se decompõe em grupos, mas em movimentos coletivos vigiados. Veja a marcha de alunos, soldados...

É a disposição dos corpos no espaço que permite o OLHAR, isto é, a vigilância. Assim é que encontramos nas escolas minuciosa organização dos espaços onde, por exemplo, os corredores entre carteiras que permitem o movimento contínuo, ainda que ele não se dê. As seriações são feitas distribuindo os corpos em carteiras por idade, conhecimento ou comportamento, colocando o indivíduo, assim, em espaços definidos por sua localização na série. Esta arquitetura funcional e hierárquica é mantida por esta disciplina organizada em “celas”, “fileiras” ou “lugares”.

Este modelo de disciplina dos espaços introjeta-se nos corpos e esta introjeção ganha prolongamento social que se expressa nas ações dos corpos, na vida cotidiana, produzindo as “arrumações” de todos os espaços que, em última instância define-se pelo poder pela visibilidade. A subordinação à vigilância contínua é reproduzida pela coerção interna do indivíduo, isto é, o próprio indivíduo coloca-se no espaço possível de vigilância, que é o lugar da submissão e reproduz esta distribuição sem que seja necessário, de fato, ser vigiado.

Em segundo lugar a "disciplina" organiza o tempo que consiste no controle e regulamentação sobre os ciclos da repetição. O ritmo em que é exercida a atividade torna-se mais importante que os horários propriamente ditos. Este ritmo da ação é imposto de fora sobre os corpos: “À última pancada do relógio, um aluno baterá o sino e, ao primeiro toque, os alunos se porão de joelhos, com os braços cruzados e os olhos baixos...”

A regularidade, o ritmo, “é proibido perder o tempo que é contado por Deus e pago pelos homens”. Poder-se-á dizer que os dias atuais apenas escondem o cinismo explícito, mantendo os rituais escolares bastante semelhantes: as campainhas, os ritmos de repetição da atividade, a cronometragem em função da submissão dos corpos. Igualmente à distribuição dos espaços, o controle sobre o tempo dos corpos permanece introjetado na realização social da vida cotidiana e em todos os setores, inclusive na vida “pessoal e íntima” dos corpos. O tempo que não é controlado pelo indivíduo, mas pelo poder, será sempre algo inexorável que lhe determina a ação. O tempo, assim, não é próprio, individual, mas coletivizado pelo sistema de controle e a ele subordinam-se os corpos dóceis.

Em terceiro lugar, compondo os mecanismos da disciplina, a Vigilância, que aparece como algo que deve ser contínua, ininterrupta, pois precisa ser vista pelos indivíduos que a ela estão expostos como contínua, perpétua, permanente, ainda que não esteja presente efetivamente; é necessário que não tenha limites, que penetre nos lugares mais recônditos, esteja presente em toda a extensão do espaço: ”Olhar invisível que deve impregnar quem é vigiado, de tal modo que este adquira de si mesmo a visão de quem o olha”.

O poder sobre os corpos (docilidade), exercido por meio destes mecanismos, atinge o ápice da submissão quando o corpo não distingue mais entre si mesmo e o "olho" que o vigia ("olho do poder"). Os tabus, os preconceitos, as verdades morais, as religiões... produzem nos indivíduos as renúncias ao prazer tornando-os dóceis e prontos para a submissão. O palco sobre o qual caminha o professor, as fileiras que lhe dão acesso a todos os alunos, as portas com janelas em vidros por onde o supervisor pode olhar, as campainhas, os horários, as chamadas... produzem, na estrutura da escola, a constância necessária para submissão/controle que se interioriza e se estende na vida social dos indivíduos.

Por fim, um quarto dispositivo garante o controle disciplinar: a produção do saber, isto é, a disciplina produz saber. Este saber é produzido pelo registro contínuo do que se conhece dos indivíduos na "clausura" (ainda que simbólica como a escola), dos eventos e suas participações, em suma, do que o supervisor "vê" por meio da vigilância. Este conhecimento gera poder e gera poder porque é manipulado (eu sei algo sobre você). Em nossas sociedades a busca do anonimato cresce em função da libertação dos corpos do domínio deste saber. O caderno de anotação, a ficha secreta, a prova surpresa, a correção, a nota... o mistério do que o professor sabe sobre cada aluno constitui o mecanismo que, na escola, transforma o saber em poder.

Estas técnicas disciplinares (Espaço, Tempo, Vigilância e Saber) acrescidos de outras tantas técnicas sutis de aprisionamento são os instrumentos identificados por Michel Foucault para o adestramento, para a subordinação dos corpos. A educação vai desempenhar importante papel na organização, reprodução, submissão e produção destes "corpos dóceis" que culmina, no contexto social, na subordinação, na dominação e na alienação.

Foi neste contexto da modernidade, entre os séculos XVI e XVIII, que Foucault analisou o aparecimento concomitante destes dispositivos descritos e a conseqüente aparição da figura do "técnico", do "supervisor", daquele que olha, que vigia, que controla, que acumula saberes. É, pois, no contexto da vigilância que se inserem as primeiras definições da "figura" e do "papel" do supervisor. É consciente desta origem e seus desdobramentos contemporâneos que é necessário refletir novas funções, novo papel e uma nova articulação dos "saberes", elemento fundamental no contexto de uma era da informação, onde o conhecimento transforma-se mais e mais em riqueza.

A reorganização da escola passa, pois, não apenas pela mudança destes dispositivos de poder, mas, fundamentalmente, pela própria mudança das funções que lhe davam sustentação, ou seja, aquela da supervisão como vigilância e punição. É possível e necessária tal mudança. É possível porque nenhum poder é absoluto ou permanente. O poder é transitório e circular, o que permite a aparição de fissuras e de rupturas. É necessário por que se precisa repensar este modelo de escola tradicional que se funda em tão primitivos mecanismos de poder.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Vale dar uma olhada no resultado do ENEM e pensar um pouco sobre qualidade de educação.Logo vamos discutir.
veja este site.
http://g1.globo.com/vestibular-e-educacao/noticia/2010/07/veja-o-resultado-do-enem-2009.html

sábado, 17 de julho de 2010


Impulsividade
Titulo original: (Thumbsucker)
Direção: Mike Mills
Duração: 96 min.
Gênero: Drama

Justin Cobb seria um adolescente comum se não fosse o fato de que nunca conseguiu parar de chupar o dedo até os 17 anos. Mas este esta longe de ser o foco deste filme sutil e sensível ao tratar questões como o uso de medicamentos para responder as dificuldades de pais e mestres de gerir crianças que saiam dos padrões. A moda dos remédios, à moda do TDA e TDAH. O filme mostra de quebra, as diferenças entre as relações entre PAI X filho e MÃE X filho. Psicólogos, pedagogos e pais em geral devem ver este filme que aborda a diferença e o amor.

quarta-feira, 14 de julho de 2010


Preciosa

Simples, honesto. Sem abuso de imagens que possam ser insuportáveis. Para os educadores, uma lição de esperança. Preciosa é a síntese de todos os abandonos que os educadores convivem no dia a dia de uma escola. Até o exagero é plausível e não incomoda por sua veracidade. Os educadores podem compreender que é muito difícil mudar uma família, que é necessário fazer o que for possível nas fronteiras da escola. Talvez os educadores possam parar de reclamar das famílias e começar a fazer alguma coisa.
Veja sinopse em sites na internet, entre eles:

http://www.adorocinema.com/filmes/preciosa/

domingo, 4 de julho de 2010

UM PLANO DE SALVAÇÃO NACIONAL


VEJA 30 DE JUNHO DE 2010.
Sem novidade na intenção a revista publica uma síntese de um plano de educação elaborado por educadores para ser entregue aos candidatos à presidência da republica. Mas não é novidade. Quem militou em eleições sabe que este é um ato comum em quase todas as eleições. Poso Lembrar claramente o grupo de trabalho de Brizola e de Moreira Franco, entre outros, no Rio de Janeiro. Em alguns deles cheguei a participar. Mas falta de novidade não é o principal. Trágicas são as poucas e fracas idéias para a salvação nacional. Agrupadas e, sete tópicos que valem ser comentados:
1-Se a lei de responsabilidade fiscal ajudou o Brasil, que seja estendida para a educação. Entretanto dizer que “cobrar, premiar e punir” é um avanço “notável” é um atraso igualmente notável. O Brasil precisa sair do esquema de concurso público com significado de “fazer o que quer” tendo emprego vitalício. Esta talvez seja nossa pior doença. Não se cura com premio, mas com mercado (demissão/admissão).

2- Se há um avanço na educação brasileira ele é o que se chamou de “Parâmetros Curriculares”. Primeiro porque suprimiu esta discussão e segundo porque mostrou o que seria básico para a educação nacional deixando um país continental com flexibilidade para contemplar a cultura local. O Brasil tem seu sistema montado sobre o material didático o que invalida a idéia de que existe ai um vazio curricular. Não é possível um currículo universal, existem apenas as possibilidades de aprendizagem em cada momento do desenvolvimento. O que se pode ter de universal é a atitude, o comportamento baseado na INTELIGÊNCIA. Sé a Inteligência é universal.

3- A flexibilização do ensino médio é de fato um objetivo a ser perseguido. Os modelos americanos e europeus são bons focos. Entretanto a questão esta desfocada. Não se trata apenas de diminuição de currículo. Precisamos, e isto não é novidade, aumentar os investimentos no ensino médio tornando-o alternativa profissional para a maciça população que nele deve integrar. Precisamos superar o “cacoete” de achar que todos devem fazer o ensino superior (lugar atual da única profissionalização no Brasil). O ensino médio poderia ter diversas opções para a vida profissional além de possibilitar o acesso ao ensino superior. O mercado procura profissionais técnicos e não encontra...

4- A gestão democrática já tem mais de 20 anos de discussões. A questão não é se elegemos ou não diretores, se o diretor tem ou não autonomia, se ele foi professor, se ele tem poder. A questão principal é a própria gestão do serviço público no Brasil. Todos querem ser servidor público. Entenda: fazer o que se quer com emprego vitalício e vantagens “preguiçosas”. O Brasil deveria respeitar a criança e o adolescente. Um professor deve integrar uma equipe conforme sua competência e sua dedicação. No momento em que a demissão for um instrumento disponível não serão necessárias premiações. Só é possível discutir competência num sistema de mercado, o paternalismo do serviço público no Brasil deixa a inércia e a mediocridade vencer.

5- Mudar a formação dos professores nas universidades é sem dúvida o principal tópico levantado pelo artigo. Mas sobre este tema já falamos em outros artigos. É preciso sair do “lero-lero” e formar professores que não apenas domine os conteúdos programáticos como a metodologia de ensino de cada ciência.

6- Quanto à premiação não se pode levar a sério. Seria mais uma “bolsa alguma coisa”. Não tem cabimento se premiar financeiramente alguém que esta apenas cumprindo sua tarefa de trabalho. O que gera o compromisso é a competitividade que, ao mesmo tempo eleva os salários. O que atrai os melhores são sem dúvida a dignidade da profissão e seu retorno econômico. Não tem prêmio que resolva o absurdo salarial dos professores. Ainda temos que lembrar que no Brasil pode-se temer a deturpação e o risco dos prêmios serem negociados.

7-Ampliar a jornada escolar é sem dúvida o ideal da educação numa sociedade avançada onde homens e mulheres despendem muitas horas no mercado de trabalho. Não é novidade, nas eleições de 1982 (18 anos atrás!) Darcy Ribeiro e Leonel Brizola pretenderam dar conta disto no Rio de Janeiro com os chamados “Brizolões”. O custo é alto. Mas devemos perseguir este objetivo. Entretanto devemos olhar para as mudanças necessárias na escola de forma a levar as crianças e jovens a GOSTAR da escola. Hoje mal suportam 4 horas!!!!!

sábado, 3 de julho de 2010

A formação ética é prerrogativa da Escola ou da família?

Fazer esta escolha é um equívoco. A escola nos últimos tempos passou a fazer um discurso (apenas um discurso) de seu total comprometimento com as questões éticas e morais sob a égide da “formação da cidadania” – muito correta se não virasse um exagero discursivo (e veja o fracasso por ser mero discurso de venda).
De fato tanto escola quanto a família devem estar comprometidas com a formação moral e ética da criança e do adolescente.

Antes de tudo é preciso entender que os comportamentos éticos são absolutamente sociais. No isolamento não precisamos ser éticos ou morais. Aprendemos os comportamentos morais ou éticos no contexto de uma sociologia e neste sentido é que tanto a família como a escola tem papel a desempenhar.
Se à família cabe a transmissão dos valores, símbolos e referências que permitam a inclusão social do indivíduo à escola cabe o papel propriamente sociológico: o confronto das idéias (democracia) e \ prática da cidadania (moral e ética).

É na escola que juventude pode discutir e confrontar suas diferenças, a condução moral de cada família e o comportamento ser ajustado á ética social e a referência da lei (normas). As crianças menores têm na escola o lugar próprio para o exercício da obediência à lei , que é típica e necessária ao desenvolvimento entre os 7 e os 12 anos.

Entretanto não são “aulas” de ética que formam cidadãos. É necessária uma prática democrática onde a própria ação educativa propicia esta aprendizagem. É através das dinâmicas empregadas em cada aula, do acompanhamento das competições de toda natureza (cognitivas e físicas) vez que ganhar e perder é estruturante nesta empreita.

Participar das atividades escolares, os pais estarem presentes, o respeito as autoridades educacionais...são estas relações que constroem o cidadão. Não existem “aulas” teóricas ou práticas para inserir os indivíduos no conjunto social. Inclui-se, vivendo. São as experiências morais e éticas que formam as pessoas. Os índios não dão aulas de inserção social na tribo, vão introduzindo cada indivíduo segundo regras específicas para cada momento da vida. Todas as comunidades são assim... os índios são apenas mais evidentes por sua maior simplicidade social.

À família cabe PARTICIPAR, precisam estar junto aos filhos em cada momento de suas vidas, orientando, partilhando, fazendo escolhas e após os 7 anos verbalizando, conversando, explicando, justificando. Pais que participaram desde muito cedo terão bom campo de diálogo na difícil fase da adolescência.

Os filhos têm que aprender o que é certo e o que é errado, precisam ouvir dos pais, precisam respeitar as regras familiares e admirar aqueles com quem convivem (pais e mestres). Crianças assim terão mais solidamente construídas as referências morais e um comportamento ético.

INDICAÇÃO DE FILMES para PAIS E MESTRES

Dra. Adriana Oliveira Lima

O Senhor das moscas

Clássico da literatura Inglesa onde é possível discutir a desagregação social – valores, moral e símbolos- quando se perde o sentido das instituições sociais. Ocorre particularmente a desagregação por tratar de crianças e pré adolescentes.

Pais e professores podem compreender uma série de atitudes que podem ocorrer em seu dia a dia quando lidam com os adolescentes que deixam momentaneamente as referências familiares para ingressar no grupo social.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Repudio a VEJA

Carta do Prof. Lino de Macedo a VEJA

São Paulo, 10 de maio de 2010.

Ao Senhor Diretor de Redação

VEJA

Caixa Postal 11079

CEP 05422-970

Fax: (11) 3037-5638

São Paulo, SP

Prezado Senhor

Como antigo assinante desta revista e estudioso do Construtivismo, segundo Piaget, venho lamentar a publicação, em 12 de maio, da matéria “Salto no escuro”, escrita pelo Senhor Marcelo Bortoloti. Três semanas atrás, esta mesma revista, já publicara matéria contra o Construtivismo, escrita pelo Senhor Cláudio Moura Castro.

O texto do Senhor Marcelo Bortoloti é superficial, tendencioso e mal orientado. É isto que a Veja entende por jornalismo científico? Como posso continuar assinando esta revista e sustentar minha confiança em suas matérias, sobretudo naquelas em que me sinto ignorante, se - a respeito do que venho estudando desde 1968 -, o que observo é algo totalmente sem respeito?

Indico abaixo os pontos de minha divergência como Senhor Botoloti:

1. Não há dogmas no construtivismo;

2. O construtivismo se caracteriza pela visão de enfrentamento (via realização ou

compreensão) de problemas que requerem conclusão; se errada, o desafio é aprender com os erros:

3. Culpar os professores que se dizem construtivistas e não compreendem o que significa, para dai concluir que o construtivismo é responsável pelo fracasso da educação brasileira é simplificador e torpe, próprio de quem escreve sobre aquilo que não entende e, pior que isto, escreve com a motivação de confundir e “desconstruir”;

4. O quadro “A desconstrução do construtivismo”, em que este autor compara “pedagogia tradicional” X “construtivismo”, é de uma banalidade e falta de informação que causa dó e desrespeito em alguém minimamente informado sobre o assunto.

5. Meu pressuposto, pautado no excelente trabalho da Editora Abril, com a Revista Nova Escola e outros projetos educacionais, era que ela valorizava e somava forças com esta imensa tarefa de defender uma escola para todos, apesar das dificuldades deste projeto. Com a publicação deste artigo e do anterior percebo que a Veja é contra esta idéia, sendo favorável ao “melhor da escola tradicional”, com sua visão determinista, favorável à seleção dos mais aptos, o que exclui a maioria de nossa população de crianças e jovens. Que pena!

Culpar, enfim, professores e gestores por suas dificuldades em aplicar idéias construtivistas, no Brasil, é injusto, superficial e tendencioso, pois não considera a complexidade de se transpor princípios teóricos e epistemológicos à prática pedagógica; ignora, também, o muito que se tem feito e conseguido, apesar de tudo. Pior de tudo: minimiza, vulgariza e desengana todos aqueles que, apesar da complexidade desta imensa tarefa, não desistem e aceitam o desafio de uma escola para todas as crianças e jovens. Concluo informando que vou cancelar minha assinatura desta revista, porque perdi o respeito e a confiança que tinha por ela.

Atenciosamente

Lino de Macedo

Professor Titular do Instituto de Psicologia, USP.



segunda-feira, 17 de maio de 2010

REPÚDIO A VEJA

O DESESPERO PARA ENTENDER O ESTRONDOSO FRACASSO DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA

Dra., Adriana Oliveira Lima

As revistas semanais têm sistematicamente publicado artigos sobre educação tendo como foco a busca de culpados e de soluções mágicas. Se não dão a receita do “bom aluno” ou do “bom professor” procuram um culpado nas metodologias empregadas.

Ora, sem qualquer inibição todos este artigos referem-se a pesquisas mirabolantes que de fato não dizem de onde nem quem as fez (sic!). Falam de metodologias sem qualquer conhecimento mais profundo do que estão falando. Sem falar o baixo nível ao fazer analogias absolutamente impróprias para quem fala de educação (“Isto esta mais longe de Piaget do que Madona da castidade” – SIC!).

Afirmar que um mero discurso é uma prática pedagógica em nosso país é desconhecer minimamente nossa história. Em nosso país a “fazeção” de leis e as mudanças somente nos discursos é a grande realidade. Vejam que o Império foi quem mais promulgou leis para educação, entre elas a que deveria existir uma escola pública em cada província do país. Ao chegarmos a Republica nem sequer uma única escola havia sido construída. O número de teses sobre a “mania” de discurso no Brasil é enorme. Qualquer aluno sabe que nosso forte é teoria e não prática. Assim o chamado “construtivismo” não teria nenhuma chance de ser implantado no Brasil só por conta de uma avalanche discursiva.

A VEJA desta semana ensandece de horror ao suposto construtivismo implantado no Brasil. Sem falar da interpretação absurda dos princípios didáticos proferidos pelas teorias de Jean Piaget o artigo se coloca exatamente na zona do desespero de encontrar um culpado. Quando falam dos países desenvolvidos nunca falam de suas salas de aula super equipadas e muito menos dos salários dos professores.

Mas comecemos por examinar outro tipo de informação que possa ser útil para desvendar o mistério da incompetência educacional brasileira:

“Os dados fazem parte do estudo Estatísticas dos Professores no Brasil, produzido pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep/MEC), com base em dados do Censo Escolar, Censo da Educação Superior, Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (Saeb) e Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad/IBGE). O texto está disponível no endereço http://www.inep.gov.br/estatisticas/professor2003/ e apresenta uma radiografia bastante ampla da situação do docente brasileiro.

O estudo mostra que um professor que atua na educação infantil ganha, em média, R$ 423. Docentes que lecionam em turmas de 1ª a 4ª série recebem R$ 462 e de 5ª a 8ª, R$ 600. Já um professor que atua no nível médio ganha, em média, R$ 866.”

(...)A remuneração de um professor do ensino médio, de R$ 866, é quase a metade do saláriode um policial civil e um quarto do que ganha um delegado de polícia no Brasil. Entre o menor salário, o de professor da educação infantil, e o de juiz, a diferença chega a ser de 20 vezes.”

(...)Nas escolas públicas brasileiras, 45% dos professores atuam em escolas sem biblioteca.

(...)A existência de laboratório de Ciências, para aulas práticas, configura-se no pior indicador de infra-estrutura. No País, 80% dos docentes trabalham em escolas que não contam com esse suporte pedagógico. Nas Regiões Norte e Nordeste, esta situação atinge 94% dos profissionais.

(...)O número de alunos por turma também é considerado elevado em todos os níveis de ensino. Na creche, por exemplo, a média é de quase 18 alunos por turma. No ensino médio é de mais de 37 sendo que mais de 20% das turmas desse nível de ensino no País possui mais de 40 alunos.

(INEP-Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira)

Devemos compreender que os dados objetivos de miseráveis salários vem desestimulando a formação de professores. Devemos lembrar que as universidades (USPs, PUCs, UNICAMP etc) vem fazendo uma formação de docentes absolutamente acadêmica onde um aluno de pedagogia sabe mais sobre a Reprodução social na educação do que um método para alfabetizar uma criança. Alunos saem das universidades cheios de teorias sociológicas e filosóficas. Mas não sabem as quatro operações ou como ensina-las as crianças. Nunca encontrei em curso algum um professor que não fosse sincero ao afirmar que a faculdade lhes ensinou somente teorias!

A formação de nosso professorado foi contaminada por um intelectualismo absurdo e sociológico, proveniente do fato de educadores verdadeiros terem perdido seus postos de comando para um “bando” de sociólogos que se apoderaram da educação e não sabem nada sobre sala de aula. Basta olharmos a formação do corpo docente das universidades, ou mesmo olharmos a formação dos chamados expoentes da educação nacional. Que são porta vozes em da educação em semanários como a VEJA.. Muito poucos são pedagogos!

A deformação da formação de educadores foi um processo muito longo, de quase 30 anos! Este é o produto que estamos colhendo. Professores sabem nomes de educadores que estão na moda acadêmica, que variou de Gramisci para Vygotsky, Perrenout e Gardner, dependendo das modas americanas e dos últimos “bestsellesrs” na França ou nos Estados Unidos, desde os anos 70. O Brasil sempre procurando uma solução mágica que dependa apenas da “caneta”, uma solução que possa aparecer por meio de um decreto, sem investimento, sem esforço, sem estudo, sem seriedade.

Nas sociedades as mudanças dependem do esforço conjunto de suas populações. Os americanos construíram a mais rica nação do mundo com muito trabalho, arando a terra, construindo estradas de ferros...o esforço americano rumo ao desenvolvimento é inegável. Assim é que se constroem nações. O Brasil precisa sair da “mania” de decreto” e partir para uma ação verdadeira no campo da educação. Precisa resgatar as boas idéias de seus educadores e reinvestir numa prática educativa efetiva. Precisa de VERBAS. Menos corrupção. Menos “achismos” jornalísticos. Mais capacitação. Mais salário e menos devaneio de que bom professor se faz só com idealismo! Mais competência na escola e menos campanhas pedindo os pais para ensinarem aos filhos. Mais sabedoria e menos modismo.

Se ninguém sabe como o construtivismo funciona, como ele estaria sendo aplicado em 60% das nossas escolas? Se fossemos até a universidade com suas modas saberíamos de onde vem e por que vem cada idéia que se diz em prática no Brasil. O fato de Piaget esta no século passado não invalida suas teoria, a menos que sejam suplantadas por um avanço científico de novas pesquisas (o que não é fato). Por este argumento teríamos que abandonar a Lei da gravidade, por exemplo, por ela ser coisa do século XVIII.... Kant estaria fora de cogitação e Aristóteles banido de qualquer estudo.

Devemos lembrar que os estudos de Jean Piaget não são métodos pedagógicos mas uma TEORIA DO CONHECIMENTO e que independe de se concordar ou não. O conhecimento se dar de uma determinada forma e cabe os educadores trazer este conhecimento para a escola, como um médico trás novas teorias e tecnologias para sua prática. Ser contra uma teoria que ajuda a compreender o conhecimento é ser obscurantista e defender o fim da infecção através da “sangria” medieval.

A síntese mal engendrada sobre o construtivismo é passível de muitas críticas, tanto da periferia do artigo de Veja mal escrito, quanto do próprio conteúdo.

Primeiro, referir-se a “um conjunto de pesquisas internacionais” sem cita-las seria inaceitável em qualquer texto que se preze e mais grave ainda no combate a alguma idéia. Neste ponto os ingleses nos ensinam um rigor fantástico.

Citar senhores das universidades com afirmações sem fundamentos e típicas de quem não leu sequer uma página da enorme obra de Jean Piaget, não torna a afirmação mais verdadeira, mas sim mais irresponsável.

Jean Piaget não entrou no Brasil pela via de textos americanos na década de 70, mas através de Lauro de Oliveira Lima, na década de 60, com a publicação do INEP, prefaciada por Anísio Teixeira, do livro de mais de 600 páginas de pesquisas pedagógica, “A Escola Secundária Moderna”. Com certeza os senhores jornalistas não conhecem esta obra (muito menos a de Piaget composta de mais de 50 volumes de pesquisas desenvolvidas em mais de 20 países por centenas de pesquisadores de diversas áreas, da lingüística à computação).

Vygotisky não é discípulo de Jean Piaget, a bem da verdade teriam feito críticas mútuas. Vygotsky adentrou nossas universidades por representar o marxismo dominante de nossas faculdades de pedagogia e não pelo valor de sua obra, pequena e pouco fértil devido sua morte prematura.

Dizer que os países de pior desempenham são os construtivistas é uma irresponsabilidade. Não existem sequer pesquisas desta natureza. Se o tradicionalismo se mantém forte na educação é por que todo processo de mudança é longo e moroso, com idas e vindas tendo que vencer as correntes do reacionarismo que deseja que as coisas fiquem imutáveis.

A falta de espírito crítico tem sido a forma mais comum da modernidade, um mergulho num certo obscurantismo. Não existem canais de debate, não existem formas de discussão pública. Os meios de comunicação estão mais ou menos prisioneiros de seus “achismos” entricheirados em opiniões sem discussão. A TV , por exemplo, faz um programa de humor em cima de sua prórpia novela, sem se dar conta do absurdo sociológico e sem que ninguém encontre o caminho onde se discutir tais abusos de poder.

A “desconstrução do construtivismo” feita delo jornalista não é merecedora de análise, vez que é tão leiga, tão sem fundamento, que seria longo demais explicar, o que sairia do propósitro deste artigo, mas, sobre isto temos já uma rica literatura.

Vamos CONSTRUIR um CONSTRUTIVISMO sério e competente. Vamos estudar mais, pesquisar mais. O Brasil não precisa de polêmicas de posturas falsas ou verdadeiras. Nosso país precisa investir mais na educação. Os professores precisam melhorar sua situação financeira e cultural. As universidades precisam de programas mais objetivos. Os pais precisam participar mais da educação dos filhos.