sábado, 3 de julho de 2010

A formação ética é prerrogativa da Escola ou da família?

Fazer esta escolha é um equívoco. A escola nos últimos tempos passou a fazer um discurso (apenas um discurso) de seu total comprometimento com as questões éticas e morais sob a égide da “formação da cidadania” – muito correta se não virasse um exagero discursivo (e veja o fracasso por ser mero discurso de venda).
De fato tanto escola quanto a família devem estar comprometidas com a formação moral e ética da criança e do adolescente.

Antes de tudo é preciso entender que os comportamentos éticos são absolutamente sociais. No isolamento não precisamos ser éticos ou morais. Aprendemos os comportamentos morais ou éticos no contexto de uma sociologia e neste sentido é que tanto a família como a escola tem papel a desempenhar.
Se à família cabe a transmissão dos valores, símbolos e referências que permitam a inclusão social do indivíduo à escola cabe o papel propriamente sociológico: o confronto das idéias (democracia) e \ prática da cidadania (moral e ética).

É na escola que juventude pode discutir e confrontar suas diferenças, a condução moral de cada família e o comportamento ser ajustado á ética social e a referência da lei (normas). As crianças menores têm na escola o lugar próprio para o exercício da obediência à lei , que é típica e necessária ao desenvolvimento entre os 7 e os 12 anos.

Entretanto não são “aulas” de ética que formam cidadãos. É necessária uma prática democrática onde a própria ação educativa propicia esta aprendizagem. É através das dinâmicas empregadas em cada aula, do acompanhamento das competições de toda natureza (cognitivas e físicas) vez que ganhar e perder é estruturante nesta empreita.

Participar das atividades escolares, os pais estarem presentes, o respeito as autoridades educacionais...são estas relações que constroem o cidadão. Não existem “aulas” teóricas ou práticas para inserir os indivíduos no conjunto social. Inclui-se, vivendo. São as experiências morais e éticas que formam as pessoas. Os índios não dão aulas de inserção social na tribo, vão introduzindo cada indivíduo segundo regras específicas para cada momento da vida. Todas as comunidades são assim... os índios são apenas mais evidentes por sua maior simplicidade social.

À família cabe PARTICIPAR, precisam estar junto aos filhos em cada momento de suas vidas, orientando, partilhando, fazendo escolhas e após os 7 anos verbalizando, conversando, explicando, justificando. Pais que participaram desde muito cedo terão bom campo de diálogo na difícil fase da adolescência.

Os filhos têm que aprender o que é certo e o que é errado, precisam ouvir dos pais, precisam respeitar as regras familiares e admirar aqueles com quem convivem (pais e mestres). Crianças assim terão mais solidamente construídas as referências morais e um comportamento ético.

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