domingo, 22 de agosto de 2010

OS SONHOS NUNCA ACABAM



Esta semana alguém me falou sobre o fim dos sonhos. Mais precisamente se eu não lastimava o fim de um sonho. Demorei um pouco para compreender de onde partia tal análise e sentimento de perda que levava uma pessoa a alocar o sonho de forma tão exterior ao CORPO.
Não existem sonhos fora dos corpos. Aos dois anos, uma criança de maneira geral começa a construir e organizar imagens. A mente representa as coisas e mais tarde suas relações. A organização da memória imagética precisa de contextos e, assim, a mente as organiza dentro de contextos (histórias) buscando criar sentidos cada vez mais complexos conforme a idade.
Assim, nossa mente nos níveis simbólicos é um arquivo de histórias e relações emocionais que fazem vir à tona as vivências com alta carga de teor emocional. Mais tarde será uma rede de relações lógicas que trarão à baila as memórias.
Nossa mente mistura as lembranças emocionais com as lógicas, criando histórias e recriando-as, lembrando e esquecendo, conforme vamos vivendo. Nos contextos vamos agregando lembranças a símbolos que representam toda sorte de sentimentos: bruxas, mágicos, palhaços, cheiros, impressões sensoriais, amor, inveja, raiva, melancolia, saudade, alegria...
Como os símbolos estão nos estratos mais profundos da mente eles podem se manifestar na vida diurna como desejos incontroláveis, levando os sujeitos a confundir estas emoções primitivas com fatos reais, ou depositar fora de sua própria ação o que imagina ser seu sonho (no sentido de objetivo e desejo de vida).
Isto é o que vamos chamar de "sonho acordado" que se traduz como uma fome psíquica através da qual o homem projeta, faz planos futuros, define seus objetivos de vida e seus ditos “sonhos”. Neste sonho acordado pode, também, aparecer o “devaneio”, que consiste na construção simbólica da realidade para atender o desejo mais particular do indivíduo. Seja qual for o sonho, entretanto, ele só se faz na mente humana.
O único grande impasse da situação dos sonhos e devaneios é quando ele, pela inércia do “sonhador”, é depositada na ação de outrem!!!! Não pode, desta feita, ser jamais realizado de maneira satisfatória. Um sonho acordado só tem uma saída: REALIZAR! FAZER! Há os que lideram seus sonhos e os que se “amalgamam” aos sonhos alheios. E há aqueles que deslocam seus sonhos para um ambiente de fantasia, e os acalentam no plano do simbólico, tentando empurrar os outros para seus desejos sem fazer qualquer esforço de realizar seus próprios desejos.
Assim, amigos, os sonhos vão onde as pessoas forem e morrem apenas quando elas deixam de sonhar.
Os sonhos são ANDANTES...

“Talvez não sonhar mais seja uma das primeiras evidências de que abandonamos a vida e esperamos a morte”

2 comentários:

tete disse...

Maravilha sentirmos essa certeza, que a despeito das situações, nossos sonhos ainda pemanecem conosco até o dia que o permitimos entre nós!

"O sonho é o que temos de realmente nosso, de impenetravelmente e inexpugnavelmente nosso."

Fernando Pessoa

asagarbrasil disse...

Não poderia deixar de ser a Adriana que conheço e posso dizer ser uma verdadeira perseguidora dos sonhos...
Maravilha...