sábado, 3 de março de 2012

CONSTRUINDO A AUTOIMAGEM

Dra. Adriana Oliveira Lima


Como educadores e pais, temos que nos debruçar sobre a questão da construção da autoimagem, a estima que a criança terá de si e como se valorizará nos confrontos sociais.

Assistindo ao filme “A Invenção de Hugo Cabret”, de Martin Scorsese, voltei meu pensamento para um documentário de 2008 sobre o racismo introjetado em crianças, feito nos Estados Unidos (veja no link). O filme de Scorsese é um espetáculo de imagem e nada mais. Um enredo pobre que abusa dos closes nos olhos azuis” do protagonista (por sinal bem fraco). Em nosso país (só aqui?) os olhos azuis parecem implicar beleza...Escreva “criança” no google e veja as imagens. E quantos feios com olhos azuis não conseguem se encontrar entre como são vistos e como se veem?

Temos não raro problemas de insegurança e baixa autoestima nas pessoas de uma maneira geral. Podemos nos perguntar como se constitui ou como se constrói esta realidade. Por que uma dificuldade tão grande em envelhecer? Por que o excesso de cirurgia plástica em nosso país? Por que até mães submetem crianças (seus filhos) a cirurgias para “reparar defeitos” que certamente são os adultos que os encontram.

Para pensar esta realidade temos que entender que estas referências se constroem pela introjeção de um “modelo externo” aos símbolos das crianças e que isso se faz através dos brinquedos e do que escutam dos adultos. A construção da autoimagem e sua ruptura com o real, a admiração não pela identidade ou similitudes, mas ao contrário, pelo ideal descolado do real, se dá pelas imagens, filmes, bonecos e bonecas, exclamações dos adultos sobre o que é feio e o que é bonito e outros estímulos sociais que afastam-nas sistematicamente do ESPELHO. Desta mesma forma, se constrói o que é o bem e o que é o mal.

A criança precisa orgulhar-se de sua cor, de sua língua, de sua cultura. ”Amai o próximo como a si mesmo”. A criança precisa admirar sua família e seu contexto social. Assim, se a criança é pequena, observe seus brinquedos, livros, etc. Questione, mostre a cor, a língua, a roupa. Não permita o subliminar. Observem os brinquedos, os amigos, os filmes e livros que seus filhos têm acesso. Varie, diversifique as imagens. A criança precisa identificar-se nos filmes e livros. Neste universo, Steven Spielberg é bastante interessante. As crianças em seus filmes são normais, iguais a maioria das crianças, embora ainda falte “o menino Marrom” (Ziraldo). É um bom começo para mostrar e conversar com as crianças sobre as diferenças (Os Goonies, Indiana Jones, ET etc).

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