sábado, 25 de junho de 2011

O Plantio e a Colheita


O Investimento que os pais fazem na educação dos filhos desde muito pequenos, com certeza, será colhido na idade adulta. Deve-se, entretanto não confundir o investimento real na educação com o simples desejo de realização dos pais. Colher os frutos do investimento não consiste em ter como resposta o filho idealizado... Os pais deste tipo estarão sempre insatisfeitos com os resultados dos filhos.

Mas, então, o que estamos chamando de investimento na educação? Longe de ser o cumprir de normas institucionalizadas, como pertencer a um determinado clube ou estudar numa determinada escola, investir na educação é investir na RELAÇÂO, no cuidado diário com cada tomada de decisão. É estar JUNTO nos diversos momentos de crescimento dos filhos. Alguns pais jamais conversam ou sentam no chão para brincar com os filhos quando pequenos e surpreendem-se de desconhecê-los quando estes se tornam adolescentes.

Quando compramos um sapato alto para nossa filha de 4 ou 5 anos ou quando deixamos que predomine em seu mundo a devastadora onda do consumismo, da futilidade que marca as sociedades modernas, estamos de fato investindo na formação de uma pessoa fútil. Se sairmos com nosso filho(a) e conversamos, assistirmos a filmes, passearmos no parque, construímos juntos, contarmos histórias, desenharmos, jogarmos... Construiremos uma pessoa mais rica, plural e, certamente, mais inteligente.

Se os pais têm dificuldade em dizer não, com certeza, terão dificuldades no futuro em conhecer e impor limite aos filhos e terão com os adolescentes as dificuldades das relações permeadas por mentiras e silêncios. Se os pais permitem a ingerência em assuntos adultos, poderão mesmo chegar a temer os filhos.

Se os pais não podem impedir que os filhos alimentem-se de forma irregular e inapropriada, vistam-se inadequadamente, que façam o que querem... Terão dificuldade em fazê-los pessoas independentes e capazes de refletir e de discerni sobre o melhor.

Não pensem os pais que ao encher a criança de guloseimas; roupas e atitudes inadequadas; pouca consciência sobre os papeis sociais; sobre a velhice; a pobreza; as diferenças... Encontrarão um adolescente e, mais tarde um adulto, consciente, amigo e aberto ao diálogo.

Ora, o fato é que o caráter, a ética, a moralidade são construídas no dia a dia desde a mais tenra infância. São, de fato, os detalhes que constroem a vida. Se não faço a intervenção, não ocupo o espaço educacional aberto por cada detalhe da vida social da criança. Sem os detalhes não se colherá a totalidade desejada.

Os pais deveriam ter uma atitude educativa desde as roupas até os brinquedos ou os alimentos que compram para os filhos. Os pais devem ter claro o seu objetivo e buscar as atitudes e os investimentos necessários para consecução dos mesmos. Não se planta feijão para colher arroz.

A escolha da escola é sem dúvida a busca de uma parceria nesta construção e os pais precisam da escola porque este é um processo muito lento e longo que necessita ser partilhado. Assim, a escola não é uma formalidade que se observa nos seus aspectos mais exteriores, mas uma escolha ideológica, uma parceria na educação mais profunda e básica das crianças e jovens.

O conselho mais geral que se pode dar aos pais é para que deixem as crianças serem apenas crianças, preserve a infância, evitem roupas e comportamentos muito adultos, deixe seu filho(a) ter a idade que tem, não permita acelerações ou vivências não apropriadas para sua idade, não deixe os irmãos, primos e amigos mais velhos serem a referência dos mais novos, exerça liderança. Os pais devem ser admirados, respeitados e a principal referência para a criança e para o adolescente. A criança muda de referência quando os próprios pais confirmam esta “outra” referência (irmãos, primos, vizinhos...).

Um comentário:

Patricia disse...

Querida Adriana,
é sempre bom ouvir suas sabias palavras, estamos sempre nos vigiando para alcançar o objetivo de formar nossos filhos em cidadãos do mundo e para o mundo da maneira mais positiva e acredite, educar hoje, não é uma tarefa tão fácil pois os valores estão muito invertidos. Por isso gosto sempre de ler suas mensagens, que são cheias de sabedorias e nos chama para a responsabilidade. Um grande beijo.
Patrícia