terça-feira, 14 de junho de 2011

Na Terra De Lilipute (parte 2)


Os pais devem lembrar que dar acesso à criança a uma série de ações possíveis não é o mesmo que fazer a criança participar do “mundo adulto”. A criança deve acessar ações cotidianas, assim como os pais devem acessar o mundo “liliputiano” dos detalhes e das minúcias. Tem sido um terrível engano confundir a ampliação das ações da inteligência, com estes “anões liliputianos” participando de questões adultas, decidindo e comandando as ações da família.

Por sinal, é sempre bom lembrar que a participação da criança nas questões adultas pode provocar nela tensão e insegurança, como já discutimos em outra oportunidade. O que podemos aqui acrescentar é que mesmo questões corriqueiras como a falta de dinheiro e o cansaço, no contexto desta família nuclear, confinada em pequenos espaços, assustada com a violência e com pouco tempo para dedicar-se aos filhos, devem ser evitadas na presença dos pequenos (anterior a adolescência).

Uma espécie de “complexo de Peter Pan” tem crescido consideravelmente nas crianças em nossos dias: não é bom crescer, é bom ser eterna criança, pois o mundo adulto está repleto de cansaço, contas a pagar, trabalho, irritação... Pelo menos é assim que os adultos agem ao chegar em casa. Não é, pois, desta participação que falamos ao convocar os pais a se aproximarem e conhecerem a terra de Lilipute. O que se quer, ao contrário, é ampliar o campo vital da criança, em termos horizontais, ampliando cada vez mais cada estrutura do desenvolvimento.

Lembremos que quanto mais largo e grosso o tronco de uma árvore, maior é sua possibilidade de chegar a uma enorme altura e quanto mais fino, mais esta árvore será um mero arbusto... A “cadeirinha” para alcançar um novo mundo é o instrumento de alargamento da inteligência, horizontalmente, ampliando e engrossando o tronco da árvore, e não um instrumento de participação no mundo psicológico adulto, fundamentalmente verbal.
Guliver tão logo estabeleceu contato com os liliputianos iniciou seus estudos da língua liliputiana para comunicar-se com seus novos amigos. Da mesma forma os pais ao invés de colocarem a criança em seu mundo verbal devem voltar-se para o mundo da criança e aprender um pouco de sua língua (seu cotidiano).

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