quarta-feira, 3 de outubro de 2012

VAMOS FALAR SÉRIO SOBRE EDUCAÇÃO?

Dra Adriana Oliveira Lima
Temos muitos problemas sérios para resolver. Temos a complexidade das propostas de inclusão. Temos dificuldades de aprendizagem cada vez mais frequentes e diversificadas. Temos dificuldades na leitura e na escrita. Temos problemas sérios no ensino da matemática.
A escola ainda resiste em compreender os limites, as bordas, de cada aquisição do conhecimento. As modas ainda proliferam na educação. Outro dia me perguntaram sobre “Educação financeira” na educação infantil e fundamental. Não sei de onde tiraram isto. É uma novidade? Um novo modismo passageiro proveniente da mesma fonte de besteirol que julga Monteiro Lobato e produz tantas bobagens na educação brasileira? Na mesma fonte em que bebe a educação sexual pregada em livro escrito com palavras chulas e incentivos contra os pais em livros indicados pelo MEC?
Chega a dar náusea estas tolices educacionais, se pensarmos na infância e na pré adolescência. Se pensarmos na quantidade de problemas de qualidade da educação. Projetos como estes são adequados aos jovens do ensino médio e ainda assim lembra a velha tentativa de “educação comercial” (juros, regras de três, percentagem... que afinal também não aprenderam).
É preciso que os educadores entendam de uma vez por todas os estágios do desenvolvimento, o potencial de compreensão das crianças em cada momento de seu crescimento. O mínimo que se podia fazer para melhorar nossa educação seria considerar a existência da psicologia do desenvolvimento, das relações entre conhecimento e capacidade cognitiva. Sem isso, é até desanimador ver estas tentativas “malucas” de projetos para atender anseios anárquicos de leigos “chutando” na educação.
Até 7/8 anos a criança sequer domina as operações lógicas. É comum até os cinco anos ela trocar uma cédula de dez por três de 2 reais, por achar que a quantidade física tem maior valor. O império do desejo, dominante, impede qualquer raciocínio de poupança. A criança compra segundo seu desejo imediato. Se tivesse capacidade de “previsão” seria operatória abstrata (após 14 anos nos dias de hoje). Neste sentido é que os pais devem decidir o que compram, o que lancham na escola e cuidar das relações com o consumismo.
Tirar a criança do consumismo não é uma intervenção econômica - fazer poupança ou escolher “bons produtos”. Tirar a criança do consumismo é um ato ideológico, é um ato de princípios, de moralidade, de regras impostas pelos adultos, de escolha dos responsáveis e não da criança. Brincar de “comprar e vender” não é uma ato de ensino financeiro, mais um ato de atividade simbólica, um faz de conta que pode ser de qualquer natureza, sendo o “mercado” uma entre outras tantas propostas de âmbito simbólico.
Entre 8 e 12 anos um sério movimento consumista vai se instalando e, neste momento, a intervenção dos responsáveis é fundamental e não passa como prioridade o ensino do uso do dinheiro (que efetivamente ocorre na escola entre 10 e 12 anos), mas uma intervenção política (no sentido de escolhas) efetivamente feita. Neste sentido um trabalho de significativo valor é o documentário "Criança, a alma do negócio”, dirigido por Estela Renner
http://youtu.be/dX-ND0G8PRU 
http://www.youtube.com/watch?v=dX-ND0G8PRU

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