Temos muitos problemas sérios
para resolver. Temos a complexidade das propostas de inclusão. Temos
dificuldades de aprendizagem cada vez mais frequentes e diversificadas. Temos
dificuldades na leitura e na escrita. Temos problemas sérios no ensino da
matemática.
A escola ainda resiste em
compreender os limites, as bordas, de cada aquisição do conhecimento. As modas
ainda proliferam na educação. Outro dia me perguntaram sobre “Educação
financeira” na educação infantil e fundamental. Não sei de onde tiraram isto. É
uma novidade? Um novo modismo passageiro proveniente da mesma fonte de
besteirol que julga Monteiro Lobato e produz tantas bobagens na educação
brasileira? Na mesma fonte em que bebe a educação sexual pregada em livro
escrito com palavras chulas e incentivos contra os pais em livros indicados
pelo MEC?
Chega a dar náusea estas tolices
educacionais, se pensarmos na infância e na pré adolescência. Se
pensarmos na quantidade de problemas de qualidade da educação. Projetos como
estes são adequados aos jovens do ensino médio e ainda assim lembra a velha
tentativa de “educação comercial” (juros, regras de três, percentagem... que
afinal também não aprenderam).
É preciso que os educadores
entendam de uma vez por todas os estágios do desenvolvimento, o potencial de
compreensão das crianças em cada momento de seu crescimento. O mínimo que se
podia fazer para melhorar nossa educação seria considerar a existência da
psicologia do desenvolvimento, das relações entre conhecimento e capacidade
cognitiva. Sem isso, é até desanimador ver estas tentativas “malucas” de
projetos para atender anseios anárquicos de leigos “chutando” na educação.
Até 7/8 anos a criança sequer
domina as operações lógicas. É comum até os cinco anos ela trocar uma cédula de
dez por três de 2 reais, por achar que a quantidade física tem maior valor. O
império do desejo, dominante, impede qualquer raciocínio de poupança. A criança
compra segundo seu desejo imediato. Se tivesse capacidade de “previsão” seria
operatória abstrata (após 14 anos nos dias de hoje). Neste sentido é que os
pais devem decidir o que compram, o que lancham na escola e cuidar das relações
com o consumismo.
Tirar a criança do consumismo não
é uma intervenção econômica - fazer poupança ou escolher “bons produtos”. Tirar
a criança do consumismo é um ato ideológico, é um ato de princípios, de
moralidade, de regras impostas pelos adultos, de escolha dos responsáveis e não
da criança. Brincar de “comprar e vender” não é uma ato de ensino financeiro,
mais um ato de atividade simbólica, um faz de conta que pode ser de qualquer
natureza, sendo o “mercado” uma entre outras tantas propostas de âmbito
simbólico.
Entre 8 e 12 anos um sério
movimento consumista vai se instalando e, neste momento, a intervenção dos
responsáveis é fundamental e não passa como prioridade o ensino do uso do
dinheiro (que efetivamente ocorre na escola entre 10 e 12 anos), mas uma
intervenção política (no sentido de escolhas) efetivamente feita. Neste sentido
um trabalho de significativo valor é o documentário "Criança, a alma do
negócio”, dirigido por Estela Renner
http://youtu.be/dX-ND0G8PRU
http://www.youtube.com/watch?v=dX-ND0G8PRU
http://youtu.be/dX-ND0G8PRU
http://www.youtube.com/watch?v=dX-ND0G8PRU
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