sexta-feira, 8 de julho de 2011

Capacitação de professores – PARTE I Adriana Oliveira Lima


Compreender a capacitação é compreender uma questão bastante ampla que envolve todo o processo educacional. É preciso, antes de tudo, compreender os problemas, principalmente este vício brasileiro que desconecta os discursos e as práticas.
Primeiro problema: Falta de TOMADA DE CONSCIÊNCIA sobre a incompetência e as necessidades de mudança:
a) Das escolas que nos modelos tradicionais não mudam nenhum fator estrutural, apenas agregam um ou outro “valor” da modernidade (computador, tablets etc.).
b) Das escolas pequenas que na maioria das vezes monta um discurso e conduz sua prática pedagógica com “atividades legais”, ou seja, sem um contexto teórico que conduza o conjunto das práticas pedagógicas.
c) Dos pais que procuram reproduzir suas próprias vidas ou atender seus desejos através dos filhos e não se dão conta das mudanças sociais, tornando-se assim o sustentáculo da reprodução incompetente da escola.
d) A incapacidade da sociedade se perceber como “fracasso” para então tomar posição mais clara para fomentar reais mudanças no sistema (mas esta é uma característica das sociedades em geral).

Segundo problema: A questão que tem relação direta com os dois únicos aspectos da prática da educação: a) o conteúdo (que os professores ou não dominam ou dominam muito pouco) e b) a metodologia (história das ciências, ou como se aprende cada “tipo” de saber - igualmente desconhecido pelos professores).
O problema é muito sério, passando por uma reestruturação da própria formação de professores, pois a incompetência do ensino superior que não responde às necessidades da sociedade termina por deixar concluir o curso milhares de profissionais sem a menor condição de exercer a contento sua profissão.
Não bastassem as dificuldades que já se acumulam, os “discursistas e legisladores”, apoiados pelas patrulhas do “politicamente correto” de plantão, desejam uma capacitação dos profissionais em diversas áreas, tais como: Educação Ambiental, Educação para o Trânsito, Educação Sexual, Artes, entre outras, sem falar na INCLUSÃO (Libras, braile, dislexias, descalculias, TDAH etc.).
No discurso é valorizada a “autonomia intelectual”. A inclusão empurra para as metodologias mais participativas e subjetivistas, mas a escola brasileira permanece majoritariamente nos esquemas tradicionais, com enormes quantidades de alunos em sala, discursos “legais” e práticas hipócritas.
Para INICIAR qualquer pensamento com foco na qualificação da educação brasileira, temos que tomar algumas iniciativas de longo prazo:

1- A radical mudança na quantidade de alunos por sala de aula – interessante que os interessados na inclusão não lutem por esta medida tão básica para que a inclusão possa vir a ser contemplada.
2- A inclusão da Epistemologia genética (o conhecimento sobre como o sujeito aprende) em qualquer curso de formação de professores.
3- A aprendizagem, nos cursos de formação de professores, da metodologia específica de cada ciência.
4- O estudo do uso de recursos didáticos para facilitar as aprendizagens.
5- A garantia de que o professor domine os conteúdos que pretende ministrar.
6- O fim da distribuição de diplomas na área da educação - impensáveis em qualquer outra área.
7- A obrigatoriedade das escolas terem um conjunto de recursos didáticos (jogos, materiais concretos) que facilitem a aprendizagem.
8- A formação da compreensão moral, dos valores de nossa sociedade, de forma que capacite os professores a acompanharem fenômenos como o bullying.
9- A formação geral para identificação de possíveis problemas de aprendizagem e seu encaminhamento.
10- A capacitação para o PLANEJAMENTO (elaborar, realizar e avaliar).
11 - A curto prazo, adentrar as escolas e capacitar os professores basicamente para os conteúdos e métodos de ensino.

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