PAPEL DA FAMÍLIA
Dra Adriana Oliveira Lima
Colaboração de
Juhi-Kenia M. Cavedagne
As atitudes dos pais das crianças
em regime de inclusão, muito frequentemente
agressivas em relação à
escola, podem advir de uma certa frustração da não “perfeição” de
seus filhos, frente a exacerbada necessidade de padronização da
sociedade, ditando todos os padrões de excelência, sejam eles físicos,
intelectuais, econômicos ou sociais. Magoados
e sobre pressão, as vezes acham que é fácil a inclusão.
Entretanto, estas atitudes agressivas, na maioria das vezes inconscientes,
têm prejudicado a
própria
possibilidade de maior
desenvolvimento no processo escolar, e nos projetos de inclusão propostos pelas escolas.
Não queremos aqui tocar nos
fatores técnicos propriamente ditos
como recursos materiais e capacitação de professores. Vamos
abordar com máxima simplicidade as
dificuldades mais cotidianas deste processo na escola com o intuito de melhorar
e fazer avançar a realização da inclusão
dentro de suas possibilidades reais e responsáveis.
Comecemos com os problemas advindos dos próprios pais dos alunos que perguntam coisas do tipo “este coleguinha do meu filho tem problema, não tem?”, entre outros sem número de comentários
de bastidores que demandam para escola um trabalho cotidiano hercúleo de superação
dos preconceitos.
Outro esforço cotidiano que a inclusão implica também é a formação de "mão de obra" (ou seja professores competentes) – hoje, sabe-se lá o
porquê, altamente rotativa – que também pode tratar a criança como “tam tam”, "doidinho", "problemático".... Acrescente-se o corpo de apoio
administrativo com níveis baixos de educação (em nosso país)
que tem uma nomenclatura que precisa ser transformada (preconceitos e pena da
criança com qualquer deficiência) tendo que ser especialmente capacitada sem qualquer
garantia de mudança efetiva de valores, uma
vez que lidam com a criança em diversificadas situações na escola (babás,
apoio, serventes, cozinheiras, lancheiras etc.).
Paralelo a estes processos intraescolar, os pais das crianças
inclusivas, “comentam” com os pais dos colegas do seu filho sobre o fracasso
da professora deixando parecer que
seus filhos não têm
dificuldade, a professora é que é
ruim. Sem saber o que ocorre os pais naturalmente tendem a colocar certa pressão sobre as professoras e ficam inseguros quanto a sua
capacidade em conduzir o processo pedagógico.
Outro problema que dificulta o trabalho é o fato dos pais das crianças
inclusivas terem a preferência em preocupar-se com
conteúdos e não com os progressos gerais da sua criança. Os conteúdos são o
que os pais desejam, pois significam a medida de seu sucesso em tornar-se “igual a todos”.
Desta forma, estão frequentemente
criticando a escola alegando ausência de progresso em sua
criança. Valorizam pouco a escola que aceitou e atende
sua criança, pedindo um milagre que
atenda também os seus desejos. Desta forma acabam sendo com certa frequência, e “inimigos” da escola.
Outro fator dificultador dos progressos é o fato da criança
inclusiva mudar frequentemente de escola demandando um trabalho gigantesco de
recomeço. A quebra da
continuidade, na esperança de resultados imediatos
termina por limitar mais ainda os progressos possíveis
pela continuidade de um trabalho. Uma escola em São
Paulo, sabiamente, só aceita inclusão quando a criança
entra na escola bem pequena, na educação
infantil...
Um fator interessante a ser analisado é o preconceito e discriminação da própria família que não parece
entender que não sendo mais a
escola exclusiva para crianças com
dificuldades ela estaria apta para TODAS as crianças da família. Entretanto
com extrema frequência os pais
querem os filhos “normais” nas escolas tradicionais (as que de fato acham boas) e
as com dificuldades nas escolas “pequenas” colocando estas na posição de escola para crianças com dificuldade (portanto exclusiva) e numa posição de desvalorização social. Esta mesma escola em São Paulo igualmente só aceita se todas as crianças da família fazem parte deste
processo pedagógico coletivo e
inclusivo.
Por fim, são exatamente as crianças com dificuldade
que descumprem as regras da escola (uniformes, materiais). Os pais destas crianças são bastante ausentes em reuniões e
eventos escolares. Agora tornou-se moda uma atitude defensiva e ameaçadora.
Queremos uma inclusão
mais harmoniosa, afetuosa, competente e responsável
e isso se conquista com respeito e amor entre os pais e a escola.
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