domingo, 2 de setembro de 2012

INFÂNCIA, JUVENTUDE, MATURIDADE E VELHICE. O QUE É ISSO?

Dra Adriana Oliveira Lima



A idéia de infância só se estabelece muito tardiamente na história da humanidade. Não havia violência contra a criança porque simplesmente não se distinguia infância de idade adulta. Um dia estabeleceu-se esta distinção e mais tarde as leis de proteção as crianças. Estabeleceu-se a idéia de menoridade e maioridade, e responsabilidade civil. Mais adiante se estabeleceu a terceira idade, a idéia do idoso e suas características próprias.
Não vou me alongar nestas características, uma vez que elas já são arroladas na medida em que se definem estes cortes. Queria assinalar aqui um tema interessante para discutirmos: como estes cortes tornam-se tênues e estas idades parecem confundir-se nos dias atuais e parecemos voltar no tempos.
Crianças participam de tal forma da vida adulta, opinando, desrespeitando, obtendo seus desejos sem frustrações, e em contrapartida a sociedade clama pela diminuição da idade de responsabilidade civil, pedindo até mesmo o confinamento, enquanto os pais abandonam cada vez mais os seus filhos na adolescência.
Crianças “mal educadas” que falam de forma grosseira com os pais, ordenam de maneira imperativa as ações dos adultos, vivem “grudadas” em tecnologias (que afinal não desenvolvem as capacidades cognitivas e sociais a contento)são expostas a vida adulta descontroladamente.
Os jovens imaturos, como consequência desta infância desviante, se tornam egocêntricos, pois não sabem lidar com as suas frustrações, violentos (incluem-se a violência do bullying, das torcidas, das drogas), egoístas e incapazes de boa convivência social.
Os adultos, inseridos neste contexto, permanecem com uma dificuldade grande de ouvir críticas e de aceitar qualquer coisa que não seja a satisfação de seus desejos. Tratam os pais duramente e acreditam saber tudo, não movimentam-se em direção a mudanças por estarem absolutamente satisfeitos consigo mesmos.
Por fim os idosos veem-se misturados neste contexto numa sociedade despreparada para assimilá-los. Sua natural características de fácil depressão, irritações, ausências e outras características não são entendidas nem auxiliadas pelos mais jovens que despreparados quase os abandonam.
Fico pensando que toda esta desordem sociológica começa na indefinição dos papéis familiares, nas fraquezas de pais inseguros que não distribuem os papeis com competência, na falta efetiva de limites impostos as crianças desde muito cedo. Paralelo a isso existe também a incompetência do processo educativo que não logra a superação do egocentrismo das crianças até os cerca de 9 anos e o pleno desenvolvimento das estruturas e funções sociais que deveriam ser adquiridas na adolescência.

Um comentário:

Cibéria de Sousa disse...

Muito pertinente esse texto, e vejo diariamente essas características de falta de limite, grosserias e ofensas tanto nos bebes que muitas vezes observamos batendo nos pais e eles achando "bonitinho", como nos adultos que se internam em centros de tratamento que perderam completamente a noção de respeito e vergonha. Será que esse adulto não foi o bebê "bonitinho"...