quinta-feira, 20 de outubro de 2011

MAKARENKO - EDUCADORES – REVOLUÇÕES NA EDUCAÇÃO:


3- Anton Makarenko

O terceiro educador de quem gostaria de falar é Anton Makarenko. Ucraniano, viveu entre 1888 e 1939. Makarenko não nos deixa uma metodologia pedagógica instrumental, mas princípios fundamentais para uma boa e sólida educação. Vivendo na Rússia em uma época repleta de guerras e revoluções, é difícil imaginar um poeta-filósofo tão cheio de fé, esperança e crença no ser humano. Seu livro fundamental é um romance pedagógico intitulado “Poema Pedagógico”.

Por que ele me parece tão importante? No mundo cada vez mais individualista e hedonista, ele apresenta uma resposta, um pensamento coletivista. Makarenko acredita na vida coletiva, no GRUPO e na autogestão pela participação e disciplina. Participando, votando, decidindo, assumindo tarefas e deveres, contribuindo com a coletividade... Assim Makarenko vê a construção da cidadania e a educação, particularmente dos jovens.

Makarenko está inserido num tempo histórico e muito de suas posições, como o trabalho na educação, podem parecer superadas por novas concepções de educação. Entretanto, seus princípios filosóficos e indicações metodológicas permanecem atuais. Formar nos jovens personalidades fortes, conscientes, cultas, sadias e capazes de se tornar trabalhadores preocupados com o bem-estar do grupo compunha o rol de seus ideais.

“Foi a primeira vez que a infância foi encarada com respeito e direitos”, diz Cecília da Silveira Luedemann, educadora e autora do livro Anton Makarenko, Vida e Obra – A Pedagogia na Revolução.

A mais marcante experiência de Makarenko deu-se no período de 1920 a 1928, na direção da Colônia Gorki, uma instituição rural que atendia crianças e jovens órfãos, geralmente infratores, que viviam na marginalidade e mal sabiam ler ou escrever. Nesta experiência, ele desenhou seus princípios educacionais: vida em grupo, autogestão e disciplina.

A idéia do coletivo baseia-se no respeito a cada aluno, oposta à massificação que despersonaliza a criança e o jovem. O grupo estimula o desenvolvimento individual. Os alunos “complexos” da Colônia Gorki tornaram-se cidadãos responsáveis, trabalhadores, homens de bem.

Podemos dizer que Makarenko apontou o que viriaa ser a “Dinâmica de Grupo” (e de certa forma a “Tomada de Consciência”) que mais tarde seriam desenvolvidas em detalhes tecnológicos pelo Prof. Lauro de Oliveira Lima em seu método Psicogenético.


Um comentário:

Elder Sales disse...

Adriana,
Quero agradecê-la por nos mostrar que ainda podemos acreditar nesses valores fundamentais para a vida em sociedade e que podemos desenvolver tais valores em nossas crianças e juventude. Sei o quanto é difícil falar disso hoje, quando o mais propagado é o individualismo: “a velha lei do murici – cada um por si“. Falar de coletividade se tornou para alguns, fora de moda. Gosto da competência com que você aborda a questão e nos apresenta elementos argumentativos para combatermos esse individualismo.
Obrigado.