terça-feira, 16 de dezembro de 2014

UMA TOLICE MONUMENTAL






UMA TOLICE MONUMENTAL

A TRISTE MORTE DAS ESPERANÇAS NA EDUCAÇÃO BRASILEIRA


Dra Adriana Oliveira Lima



Duas propagandas. Uma dizendo que o Ceará se tornou referência de educação para o Brasil. O segundo que vão ensinar não só a leitura, mais as quatro operações até os  8 anos de idade.
No começo da visão destas  propagandas me sentia zangada, passei para vergonha alheia e agora tristeza.
Primeiro por ver esta insistência de Cearense querer ser superior (no fundo um complexo atávico de inferioridade). Digo isso porque  de sã consciência ninguém vai acreditar que qualquer parte do sul do país poderia considerar a educação cearense como referência (até porque não esta nem perto de ser modelo para si mesmo).
Segunda tristeza e  a pior de todas  é ver que após 50 anos da obra de Piaget esta ai disponibilizada em todo tipo de interpretação e versão, mas sempre mostrando os estágios do desenvolvimento, o governo federal diga em público que vai ensinar as quatro operações  matemáticas para as crianças brasileiras até os 8 anos de idade. Não fosse esta uma tolice MONUMENTAL poder-se-ia dizer tratar de uma robusta demonstração de ignorância, de falta de estudo e leitura.
Se para aquisição da leitura podemos ter uma elasticidade de efetivação entre os 6 e os 9 anos, a questão da matemática já tem sua elasticidade inserida em outro momento do desenvolvimento. Até os 8 anos a criança esta habilitada cognitivamente para aquisição das operações aditivas, permanecendo ainda esperar um pouco para fechar sua ação inversa, a subtração.
Piaget mostra em pelo menos três livros, mais que leiam pelo menos “A Gênese do Número na Criança”, que as operações multiplicativas (todos e alguns, multiplicação das classes, ordem  e número) só tem inicio aos 9 anos chegando ao seu ápice, aos 11 ou 12 anos a divisão e a fração. Assim sendo a falácia verborreica das propagandas políticas são indecentes ao propor o evidente fracasso.
Sabe quando o Brasil vai melhorar a qualidade da educação do país¿ Quando parar de avaliar o que não faz, e FAZER o que imagina um dia ser avaliado. Fazer mais, ensinar mais e avaliar menos.
Vamos estudar  pessoal, vamos construir currículos plausíveis, adequados ao desenvolvimento das crianças. Vamos parar com a politização da educação, vamos deixar os cargos nas instituições de educação a cargo de educadores, vamos utilizar materiais competentes e não o que maior propina oferecer (acabar com a máfia editorial no país). Vamos parar de roubar até a merenda das crianças.
Vamos parar de aparelhar, de defender indecências para manter empregos e um dinheirinho extra. Vamos descentralizar a educação e repassar os recursos de forma que os salários possam aumentar substancialmente.
Pois é, pelo que se tem de fazer fica óbvio que nada mudará. As propinas continuarão, os medíocres continuarão dizendo tolices e os educadores calarão para manter seus empregos.
 

Um comentário:

Adriana Horta Fernandes disse...

Como sempre, uma análise pra lá de sensata do que julgamos ser uma educação “paidégua". Pra quem se encanta com uma dúzia de nomes que enfeitam as listas de alunos ganhadores de troféus (sempre os mesmos!) vide a lista nada ilustre dos alunos que ficam a margem, maioria esmagadora, condenados `a recuperação em um sistema que em si parece irrecuperável. Então, fazemos de conta que o garoto e a garota na foto de página inteira do jornal, premiados em olimpíadas acadêmicas, nos representam, assim como fingimos que nos representa a educação brasileira, considerada “mais puxada” de que em certos países de primeiro mundo. Faço minhas as palavras de uma terceira Adriana, a Calcanhotto: “Eu gosto dos que têm fome, dos que morrem de vontade, dos que secam de desejo, dos que ardem”; fome de aprendizagem significativa, de descobertas, de capacidade de se maravilhar e transformar- estes, sim, me representam.