O privado, o público e o papel do ESTADO.
Ora de aprender sobre democracia.
Dra. Adriana Oliveira Lima
O
final de um ano e o começo de outro é amargo para a educação. Os telejornais
colocam o IPVA, o IPTU e as escolas no mesmo saco do abuso e do roubo,
induzindo as famílias à tristeza ao despedirem-se de seus recursos natalinos em
pagamentos amedrontadores. Um consultor, numa TV fechada, diz após o jornalista
listar as contas de começo do ano (“IPTU, IPVA, Matricula de escola, material
escolar...”), a seguinte frase: “sabendo que tem que pagar esta porcariada
toda.” O anúncio de um banco propõe o parcelamento para por fim a esse
“pesadelo” – e, pasmem, a escola é um deles!
A questão histórica da educação
não foi a destruição da escola privada, mas a construção de uma escola pública
de qualidade. Nem sei se isso é possível, mas como educadora, jamais vi uma
reação tão histérica contra a escola privada. Democracia significa a
coexistência do privado e do público. Se tudo for público, o regime político
tem outro nome, são as ditaduras.
A Histeria pelo igualitarismo
tem se tornado uma doença nos dias de hoje. Numa rede social alguém denuncia um
assalto a um carro e é seguida por um comentário que pergunta qual era a marca
do carro e ainda diz que a culpa é dos ricos, por terem carros de luxo enquanto
outros passam fome...
A escola privada está sujeita
aos mercados e vale por sua capacidade de colocarem-se socialmente. Neste
sentido, os tubarões são grandes e a luta é árdua. Quando o governo despende
tanta energia em função da escola privada fico me perguntando que lógica é
esta. A regulamentação não pode ultrapassar os currículos e programas e as
condições de legalização. Daí para frente, que se submetam às ondas do mercado.
O Estado deve cuidar das coisas do Estado, que já são muitas!
É tanta regulamentação e
agressão, que a escola privada parece ser empurrada para ser “pública” o que
vale dizer, tornar-se medíocre. Que diabos de gana é essa sobre um mercado
não-prioritário para os governos e que por si só se regularia?
Existe muito que fazer no
sistema público para se conseguir oferecer uma escola de qualidade como alguns
países conseguiram (e são poucos, diga-se de passagem). Quando o governo sai
histericamente regulamentando e enquanto os “consumidores” tratam a escola como
um produto, o que conseguiremos obter mais rapidamente é a mediocrização da
escola privada. Teremos, então, uma fabulosa igualdade, um nivelamento por
baixo, fazendo o que pode produzir mais, produzir menos, para nos tornar uma
imensa massa amorfa de baixa qualidade.
Não
existe escola sem dinheiro. Não se produz conhecimento sem recurso, o que se
produz na miséria é alternativa de sobrevivência. O material precisa ser
tridimensional, precisa de cor; precisamos papel, tesouras... Precisamos muitas
coisas.
Sabem os consumidores o que
ocorre sob a égide do estado policial? Um Estado que sai legislando sobre o
privado para aplacar sua culpa de não oferecer um serviço com competência (a
boa escola) acaba por legislar sobre o que não é de sua competência. Como não
existe qualidade sem dinheiro, as escolas vão abandonando as práticas
educativas. Tem escola onde a criança pinta com tinta apenas uma vez ao ano!!!!
Tem escola que nem compra mais massa de modelar.
Mínguam os recursos, míngua a
pedagogia, míngua educação. Sem poder cobrar de seus clientes por conta da
regulamentação excessiva do estado (como, por exemplo, a absurda proteção aos
maus pagadores - inadimplência), a escola acaba com menos recursos pedagógicos
e isso se traduz em menos materiais pedagógicos a serem utilizados pelas
crianças.
VAMOS CUIDAR DA QUALIDADE DA ESCOLA PÚBLICA, ISTO É URGENTE!!!!!!
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