Às vezes somos tomados pelo
desânimo acerca dos destinos da educação. Não sabemos o que fazer diante de
tamanha tarefa. O Brasil tem várias redes paralelas de educação. Uma delas, as
chamadas pequenas escolas, constituem o principal lugar da formação do saber
pedagógico. As grandes ideias e a produção dos mais competentes materiais
pedagógicos têm sua origem e formação nessas escolas. Maria Montessori,
Freinet, Makarenko, Claparéde, Vygotsky e Pestalozzi, entre outros tantos,
tiveram seus trabalhos desenvolvidos em pequenas instituições - “laboratórios”
educacionais sofisticados. São estes educadores que produziram conhecimentos e
materiais educacionais que se constituíram como referência até os nossos dias.
Historicamente essas
escolas organizaram-se como produtoras de conhecimento. Elas foram líderes nas concepções pedagógicas.
Entretanto, vivemos hoje uma realidade distinta: pais que procuram a educação
como um “produto” e optam pelas escolas-hospitais (escolas muito limpas,
esterilizadas e competentes no ato de banhar e alimentar crianças). Buscam
ainda escolas gigantescas, com mega estruturas, sem sequer perguntar que uso
seu filho efetivamente fará destes recursos megalômanos. Os pais quase não
buscam mais as metodologias, não diferenciam discursos e acreditam comprar o
produto educação (incluindo as pessoas que regem as escolas).
A relação com a escola
passa a ser de consumidor e produto, inviabilizando os processos pedagógicos.
Os pais querem determinar o que estão comprando. Sendo um produto, a escola
deixa de ser um investimento. Os pais deixam de ser aliados importantes da
escola, parceiros nos destinos da educação dos filhos, para serem cobradores,
ou quase inimigos. A sociedade e os meios de comunicação fortalecem esta
agressividade na relação família-escola. Os bons processos educativos surgem e
gestam-se no amor e na amizade entre as famílias e a escola. Não se compra
dedicação e amor.
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