Dra. Adriana Oliveira Lima
Enquete no jornal O POVO de sexta feira dia 13 de dezembro de 2013.
Desculpa justificando como ações emergenciais após tantos anos e discussões chegam a ser abusivas. Emergencial eram os primeiros anos após a ditadura, hoje temos vasto tempo democrático e o poder público deveria se envergonhar do pouco que fez para efetivas mudanças nas condições de vida do povo brasileiro.
http://www.opovo.com.br/app/opovo/opiniao/confrontodasideias/2013/12/13/notconfrontoideias,3176327/criancas-de-3-anos-nao-terao-mais-creche-em-tempo-integral-em-fortaleza-segundo-a-prefeitura-a-mudanca-aumentara-a-quantidade-de-familias-atendidas-por-creche-a-iniciativa-vai-ajudar-a-melhorar-a-educacao-infantil.shtml
sábado, 14 de dezembro de 2013
sexta-feira, 15 de novembro de 2013
Educação: um investimento Invisível- parte 2
Educação: um investimento Invisível- parte 2
Dra. Adriana Oliveira Lima
Pergunto-me, então, o que
a escola ensinou por estes longos anos. Que critérios movem os pais a repetir
compulsivamente esta experiência intolerável, obrigando os seus filhos a
cumprir os mesmos rituais por eles realizados. Eu me pergunto por que os pais
não veem o futuro, não percebem as dificuldades que enfrentarão, no mundo de
hoje, ao jogar seus filhos como uma boiada em meio as multidões.
Às vezes os pais me dizem que deu certo
com eles (?).
Então
pergunto: Qual o critério de dar certo? Não seria desejável que meu filho fosse
além de mim? O estado em que cheguei
será suficiente para o futuro, o mundo do meu filho? O que era importante para
mim será para ele?
Pergunto
ainda: Qual a proporção entre os “X” que deram certo e a maioria que não deu?
Não seria você uma exceção num sistema educacional bastante perverso?
Poderia
ainda perguntar: O mundo hoje é tão diferente do que foi, tanto a forma de
veicular informação quanto as próprias exigências da sociedade, os valores. Poder-se-ia
resgatar uma educação de um passado tão diverso? Ou ainda: A educação que estou
dando ao meu filho é a mesma que recebi? As crianças hoje são mais “mimadas”
(menos reprimidas), ouvidas, acompanhadas. Será que o sistema que me educou
responde ao que desejo para meu filho?
Entretanto como educadora
o que me pergunto de fundamental é por que a educação permanece um dos mais
reacionários setores sociais. Como o cinismo das escolas de proporem salas de
aula com 30/40 crianças ou jovens confinadas não são percebidas pelos pais. Eu
me pergunto, e este foi o móvel dos meus estudos, porque a educação resiste
tanto a qualquer mudança.
Ensinar é a arte de
seduzir. Precisa-se convencer o sujeito a querer aprender. Não adiantam
repetições e castigos, tem-se que instalar o desejo, a vontade de saber. O
aumento assustador do volume de informações impõe novas formas de educar e
exige outras performances do educando, ou seja, hoje é mais importante
inteligência e cultura que mera informação escolar.
A corrupção dos vestibulares encobre o
grande fracasso da educação brasileira, pois deixa os pais tão envolvidos com
este exame (que por sinal um aluno inteligente e culto acessa uma universidade
com um ou dois anos de estudos) que não percebem o engodo de quase 15 anos de
investimentos na educação do filho. Ora, as universidades foram feitas para as
classes médias e altas e portanto, passar no vestibular é apenas questão de
tempo.
Entretanto, se são os pais que
corroboram o fortalecimento deste sistema, eu estou convencida que os elementos
internos da escola são incapazes de promover esta mudança, como os fatos têm
mostrado ao longo dos anos. Desta forma é que os pais, surpreendentemente,
serão os mais revolucionários aliados para as reformas necessárias ao sistema
educacional brasileiro ainda sobrevivente, por mais de quinhentos anos, com os
modelos jesuítas de educação. Os pais, de fora da escola podem pressioná-la.
Acredito também que outro fator exógeno, como a internete, o novo modelo de
informação, questionará a escola de fora para dentro...
Todas as mudanças são difíceis e uma
minoria carrega o fardo de realizá-las sendo por muito tempo pioneiros neste
processo. Muitas vezes nos sentimos cansados em lutar contra as “maiorias”, muitas
vezes queremos desistir sucumbindo sob as pressões da alienação, outras vezes
sentimos cansaço para explicar. As lutas pela educação não são fáceis, mas ao
vermos os enormes contingentes de incompetências produzidas anualmente por esta
educação . São médicos, engenheiros, arquitetos, advogados, um
contingente gigantesco de incompetências profissionais formadas por nossas
universidades.
E ai temos uma vontade de desistir. Mas
não podemos pois o futuro do país pode depender
em alguma parte do que formos capazes de fazer, de nossos esforços rumo as
mudanças..
sexta-feira, 8 de novembro de 2013
Educação: um investimento Invisível- parte 1
Dra. Adriana Oliveira Lima
A
educação é um investimento aparentemente invisível. Se o investimento em saúde
cresceu, consideravelmente, em consciência nos últimos vinte anos. Não podemos
dizer o mesmo da educação. Hoje, mais e mais, a população média toma
consciência de que deve ter um seguro de saúde, pois cada vez menos pode contar
com o caótico sistema público brasileiro. Nas camadas mais conscientes cresce a
necessidade de saber qual o hospital, quais médicos e recursos cada plano
oferecem. A saúde desenvolve-se, moderniza-se, de forma mais rapidamente que a
educação embora tenham características bastante semelhantes.
Claro que se poderiam medir os retornos
dos investimentos na educação, mas quase sempre os componentes avaliados não
estão no educando, mas em elementos “compráveis” da sociedade capitalista, isto
é, as famílias preocupam-se mais, por exemplo, com o tamanho de uma quadra
esportiva que a escola possui do que com a quantidade de livros que seu filho
lerá e ou que materiais terá acesso para o desenvolvimento cognitivo. Procuram
as impressões mais superficiais sem esmiuçar o uso possível que seus filhos
farão destes recursos (uma conta rápida mostra que a relação quadra de esporte – número de
alunos, nos sistemas tradicionais de ensino, deixa a maioria dos alunos sem
jamais usar estas quadras, quase sempre reservadas a elite esportista da escola).
Perguntamos-nos por que os pais compram este produto que não levarão?
Evidente que os aspectos relativos aos
recursos que a escola possui são importantes, mas devem ser observados como
prioridades àqueles que se relacionam de maneira direta com os objetivos da
educação (o esporte, por exemplo, é objetivo do clube, a língua dos cursos de
inglês...). O processo de conhecimento é tão complexo que por si só demanda
toda a energia e dedicação dos educadores. As atividades extras são sempre
complementares na escola e não sua prioridade como o querem, muitas vezes, os
pais. O desenvolvimento do corpo e do espírito é mais uma questão dos objetivos
traçados, que podem fazer a escola planejar-se de tal forma que todos tenham o
direito de participação e uso dos recursos existentes.
A qualidade dos processos educativos
depende fundamentalmente das minúcias, dos detalhes, do exclusivo, do visível.
Todo processo de massa é ante educativo e a educação brasileira terá que tomar
consciência que salas de aula com mais de 25 alunos não realizam processos
pedagógicos de aprendizagem. Que quadras esportivas e piscinas para milhares de
alunos não respondem aos processos didáticos, mas apenas aos apelos de uma
sociedade de consumo. Qualidade é sempre detalhe, personalização, acompanhamento,
individualização.
Mais impressionante é ver as famílias
escolherem as “escolas referências da moda e reconhecidas como boas na
comunidade em que vivem” e ao final de 15 20 anos encontramos o fracasso.
Podemos ver que, após cerca de 4 anos de educação infantil, 8 de ensino
fundamental e 3 de ensino médio, os alunos, chegam as universidades incapazes
de escrever uma boa redação e não respondem adequadamente a perguntas de
qualquer que seja a área (os que respondem uma ou outra área são, de fato,
exceções). Os alunos não sabem quase nada de história mesmo os mais importantes
fatos como Getúlio Vargas na História brasileira ou o Renascimento na História
universal. Não sabem matemática, e quando sabem é apenas um FAZER, são
incapazes de explicar processos e raciocínios.
Não fazem ideia de onde ficam os países, climas. Riem se lhes
perguntamos se saberiam usar um logaritmo ou nos citar uma oração subordinada
substantiva completiva nominal (desafiamos o leitor a responder estas questões).
parte 2. na próxima sexta
feira, 15 de Novembro de 2013.
quinta-feira, 31 de outubro de 2013
Somos todos iguais? – 1
Profª Drª Adriana Oliveira Lima
Este é apenas um mito sociológico. De fato, do ponto de
vista biológico poder-se-ia dizer que somos semelhantes, vez que possuímos as
mesmas estruturas básicas (os mesmos órgãos: coração, cérebro...), o mesmo
podendo-se dizer dos aspectos psicológicos (se pensarmos nas estruturas do
desenvolvimento). Entretanto somos absolutamente diferentes, tanto fisicamente
quanto, e principalmente, psicologicamente (emocional e cognitivamente).
Somos singulares. O igualitarismo pregado pelo
sociologismo não resulta uma verdade aplicável aos seres humanos. Nenhuma
sociedade humana dispensou as hierarquias nas construções sociais. Entretanto
nos acostumamos a achar que “somos iguais” e terminamos mesmo achando este, um
ideal humano.
Todo igualitarismo é uma redução, pois se um nível
inferior não é apto a igualar-se ao superior provoca a redução do superior ao
inferior, em outras palavras, todo nivelamento reduz o nível geral do grupo.
Nivela-se por baixo. Assim devemos aprender a distinguir o que significa
OPORTUNIDADES IGUAIS (direitos dos cidadãos) de um igualitarismo mediocrizante.
A educação, sendo um direito
igualitário, deveria ser a arte de distinguir, ser capaz de fazer prevalecer a
convivência das diferenças, promover as possibilidades de cada cidadão singular
e sua socialização no grupo social. Entretanto, ao contrário disso, nossa
educação procura a redução do indivíduo ao coletivo baixando o nível geral dos
indivíduos em processos de massificação.
As crianças são colocadas nas escolas tardiamente, são
superprotegidas, ou negligenciadas, educadas segundo uma subordinação da
inteligência ao desenvolvimento biológico (é mais importante comer que
desenvolver a inteligência e o espírito)... na suposição de que somos todos
iguais... Na vida adulta parecemos ser todos iguais (sic!). Não somos!
A inteligência mais desenvolvida pode significar empregos
melhores, relacionamentos melhores, criatividade maior, melhor articulação da
língua, melhor performance lógica... MUITAS pessoas (mesmo nas universidades!)
são incapazes de compreender um pensamento hipotético ou uma formulação
filosófica. Os pais, entretanto, creem poder preocupar-se com a inteligência
somente por volta dos sete anos(!) quando já se passaram os mais preciosos anos
para a formação das conexões cerebrais e a oportunidade das variações de
experiências.
A maioria das escolas, pelo seu lado, na mesma crença de
um igualitarismo, negligencia os primeiros anos da criança fazendo da escola um
lugar onde as prioridades são as mamadeiras e um brincar repetitivo, sem plano
pedagógico. As crianças são freqüentemente, tanto nas escolinhas como em casa,
apenas “tomadas de conta”, olhadas em um conjunto de ações repetidas, vez que
dependente da iniciativa da própria criança.
“O homem está sempre disposto a negar tudo aquilo que não compreende.”
(Pascal) |
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