sexta-feira, 15 de novembro de 2013

Educação: um investimento Invisível- parte 2



Educação: um investimento Invisível- parte 2


Dra. Adriana Oliveira Lima

Pergunto-me, então, o que a escola ensinou por estes longos anos. Que critérios movem os pais a repetir compulsivamente esta experiência intolerável, obrigando os seus filhos a cumprir os mesmos rituais por eles realizados. Eu me pergunto por que os pais não veem o futuro, não percebem as dificuldades que enfrentarão, no mundo de hoje, ao jogar seus filhos como uma boiada em meio as multidões.


Às vezes os pais me dizem que deu certo com eles (?). 
                                   Então pergunto: Qual o critério de dar certo? Não seria desejável que meu filho fosse além de mim?  O estado em que cheguei será suficiente para o futuro, o mundo do meu filho? O que era importante para mim será para ele?             
                                   Pergunto ainda: Qual a proporção entre os “X” que deram certo e a maioria que não deu? Não seria você uma exceção num sistema educacional bastante perverso?
                                   Poderia ainda perguntar: O mundo hoje é tão diferente do que foi, tanto a forma de veicular informação quanto as próprias exigências da sociedade, os valores. Poder-se-ia resgatar uma educação de um passado tão diverso? Ou ainda: A educação que estou dando ao meu filho é a mesma que recebi? As crianças hoje são mais “mimadas” (menos reprimidas), ouvidas, acompanhadas. Será que o sistema que me educou responde ao que desejo para meu filho?

Entretanto como educadora o que me pergunto de fundamental é por que a educação permanece um dos mais reacionários setores sociais. Como o cinismo das escolas de proporem salas de aula com 30/40 crianças ou jovens confinadas não são percebidas pelos pais. Eu me pergunto, e este foi o móvel dos meus estudos, porque a educação resiste tanto a qualquer mudança.

Ensinar é a arte de seduzir. Precisa-se convencer o sujeito a querer aprender. Não adiantam repetições e castigos, tem-se que instalar o desejo, a vontade de saber. O aumento assustador do volume de informações impõe novas formas de educar e exige outras performances do educando, ou seja, hoje é mais importante inteligência e cultura que mera informação escolar.

A corrupção dos vestibulares encobre o grande fracasso da educação brasileira, pois deixa os pais tão envolvidos com este exame (que por sinal um aluno inteligente e culto acessa uma universidade com um ou dois anos de estudos) que não percebem o engodo de quase 15 anos de investimentos na educação do filho. Ora, as universidades foram feitas para as classes médias e altas e portanto, passar no vestibular é apenas questão de tempo.

Entretanto, se são os pais que corroboram o fortalecimento deste sistema, eu estou convencida que os elementos internos da escola são incapazes de promover esta mudança, como os fatos têm mostrado ao longo dos anos. Desta forma é que os pais, surpreendentemente, serão os mais revolucionários aliados para as reformas necessárias ao sistema educacional brasileiro ainda sobrevivente, por mais de quinhentos anos, com os modelos jesuítas de educação. Os pais, de fora da escola podem pressioná-la. Acredito também que outro fator exógeno, como a internete, o novo modelo de informação, questionará a escola de fora para dentro...

Todas as mudanças são difíceis e uma minoria carrega o fardo de realizá-las sendo por muito tempo pioneiros neste processo. Muitas vezes nos sentimos cansados em lutar contra as “maiorias”, muitas vezes queremos desistir sucumbindo sob as pressões da alienação, outras vezes sentimos cansaço para explicar. As lutas pela educação não são fáceis, mas ao vermos os enormes contingentes de incompetências produzidas anualmente por esta educação . São médicos, engenheiros, arquitetos, advogados, um contingente gigantesco de incompetências profissionais formadas por nossas universidades.

E ai temos uma vontade de desistir. Mas não podemos  pois o futuro do país pode depender em alguma parte do que formos capazes de fazer, de nossos esforços rumo as mudanças..

 

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