quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

POR FAVOR, CONTEM HISTÓRIAS PARA AS CRIANÇAS


Dra Adriana Oliveira Lima

Em um mundo como o que vivemos, com tantas opções e escolhas, ter um filho passa a ser um ato preferencialmente voluntário. A importância da tomada de consciência sobre a responsabilidade que um filho traz, pode fazer a diferença no futuro, quer no âmbito emocional, quer no que diz respeito à integração social da criança em sua vida adulta. Tem-se falado insistentemente sobre o fracasso da educação brasileira, mostrado em várias pesquisas de performance escolar feita pelo mundo a fora. Nós mesmos temos nos dedicado a algumas reflexões sobre esse fenômeno.

Sem dúvida acreditamos que a escola precisa realizar uma profunda mudança nos princípios de aprendizagem, rever seus currículos e programas e as metodologias empregadas no cotidiano escolar. Entretanto, algumas pesquisas têm sido feitas sobre as quais vale à pena refletirmos um pouco. Elas tratam particularmente da influência da participação dos pais nos resultados acadêmicos dos filhos.

Pesquisas realizadas pela Organization for Economic Cooperation and Development (OECD), ao invés de deterem-se nos resultados apresentados pelos alunos (de 15 anos), buscaram compreender melhor as razões destes resultados entrevistando as famílias. Encontraram dados bastante interessantes para refletirmos.

O ponto mais relevante mostra que as famílias onde os pais lêem histórias para seus filhos sistematicamente em seus primeiros anos de escolaridade e procuram saber de suas atividades, apresentaram um diferencial de cerca de 25% de vantagem sobre as demais crianças. O mais interessante é que pouco importava a classe social. Assim, o que as crianças “têm” (o exagero dos brinquedos e tecnologias) não parecem importar tanto quanto simplesmente sentar e ler livros para seus filhos, jogar com eles e conversar.

O que vale ressaltar é que o investimento na educação por parte da família tem um valor incalculável. Fico pensando como os pais deixam os filhos na frente de computadores jogando vídeo games, quase sempre solitários. Como aumentar o nível de linguagem das crianças sem modelos (conversa com os pais)? Como aumentar a cultura sem a leitura? Como desenvolver o espírito crítico sem debates?

Quando vou ao teatro, cinema ou exposições, fico perplexa em encontrar tão poucos pais com os filhos. Me impressiona o fato de meninos e meninas de 12 a 15 anos divertirem-se indo a restaurantes com os amigos (primeiro passo para viverem em torno da mesa de comida e bebida). Houve época em que se jogava na casa dos amigos (WAR, Detetive, Palavras cruzadas, etc.). Conversávamos e brincávamos de tudo, desde jogos de mesa até brincadeiras em grandes espaços. Hoje acredita-se que uma tecnologia na mão do jovem é investimento, que jogar PS3 desenvolve a inteligência e a cultura.

A educação dada em casa pode ser a grande parceira de uma escola comum. Se a escola do seu filho é uma escola mais sofisticada, com metodologia e preocupações mais amplas, a participação das famílias pode representar uma diferença significativamente maior.

Link da pesquisa - http://www.pisa.oecd.org/dataoecd/4/1/49012097.pdf

Um comentário:

Patricia disse...

Adriana,
esse artigo me deu mais motivo para continuar esse incrível trabalho, o de educar e formar meus filhos em verdadeiros cidadãos. Formar leitores e pessoas cultas exige muito dos pais porque temos que saber utilizar o recurso mais importante o Tempo. Uma noite perdida sem a leitura de um bom livro jamais voltará...