sábado, 14 de maio de 2011

POR UMA VIDA MELHOR, a apologia da ignorância. Dra Adriana Oliveira Lima


POR UMA VIDA MELHOR, da coleção “VIVER, APRENDER”, de autoria de Heloisa Ramos e adotado pelo MEC (Ministério da educação e Cultura) para o ensino da língua Portuguesa, diz que o aluno deve se sentir a vontade se identificando com o livro na maneira de falar ( com os erros da linguagem popular). A autora diz ainda que se o aluno sofrer pressão significa um “preconceito linguístico” e completa, dizendo que o português correto é língua culta. Diz a autora que se guiou pelos documentos do MEC (sic!).
Sinceramente, para ensinar “nos compra o livro”, “as criança”, “agente fazemo” não precisamos sequer ir a escola, quem dirá usar livro.
Não é desta forma que a escola se aproximará do aluno nem será esta a forma de fazer o aluno adentrar o corpo de sua cultura.. A autora, adotada pelo MEC para quase 500 mil alunos, diz que não deve existir certo e errado, mas sim adequado e inadequado (SIC!). Estamos agora no fantasioso mundo do politicamente correto onde dizer que se esta falando errado logo será crime administrado pelo estado.
Ora a função da escola é transmitir a cultura, o conhecimento acumulado pelas comunidades e sociedades em geral. Tem assim função de preservar e coletar patrimônio. Para ensinar a fala popular não se precisa de escola. A escola deve trazer o aluno para o domínio de sua língua. Devemos ter em conta que flexões verbais ou concordâncias de número NÂO constituem ainda a língua culta, esta sim, uma sofisticação que deve ser acessada quanto mais avança o aluno em seus estudos. Falar e escrever corretamente constituem o próprio processo de socialização.
Proliferarão os dialetos regionais (“ramos imbora!” “quano falei,,,” , “ispermenta”...plural então, vamos desistir!!) pois as falas populares se distinguem de região em região. Logo não falaremos mais a mesma língua por desistirmos de um PADRÃO linguístico que deveria preponderar em todas as escola em todo o país.
Em linguagem agressiva e mordaz, Reinaldo Azevedo denuncia estes absurdos:
“Na nossa língua, os adjetivos têm flexão de gênero e número, e os verbos, de número. Quem dominar com mais eficiência esse instrumental terá vantagens competitivas vida afora. (...)
Ninguém precisa de professor, minha senhora, para se comunicar de modo eficiente com os seus pares. Fosse assim, os analfabetos morreriam à míngua; fosse assim, Brasil afora, a nação estaria esfaimando. Os professores existem justamente para lembrar que a norma culta existe, (...)
(sobre os baixos salários) Não importa! Dêem um salário milionário à categoria, e não sairemos do pântano enquanto valores como o que orientam a estupidez acima forem influentes.

Nada mais a dizer!!!!
OS: o título do livro é sem comentário!

4 comentários:

Daniel Silvio disse...

Esse é um tema que deve ser muito bem discutido, pois sabemos que a linguagem oral é bem diferente da escrita. No meu artigo sobre linguagens digo: "Não se fala como e escreve e muito menos se escreve como se fala." Fazer-se compreender é importante aos culturalmente desfavorecidos, mas daí adotar a linguagem coloquial como aceitável no meio escolar é uma forma de decretar o fim das normas da língua culta.O que será das provas de redação nos concursos e vestibulares? Pergunte a essa senhora se ela aceitaria os próprios filhos falando e escrevendo fora das normas gramaticais? Hipocrisias à parte, se tal ideia for acatada pelas autoridades "maiores", a educação brasileira estará prestes a dar o seu último suspiro.

Adriana Oliveira Lima disse...

pois é Daniel, é preciso preservar a unidade nascional que é mediada, entre outros aspectos culturais, pela língua. A fala e escrita são distintas, mas precisamos saber qual o objetivo da escola.

Anônimo disse...

O seu pronunciamento é muito oportuno, Adriana. Incrível essa novidade do MEC. Na onda do politicamente correto, considerar adequado e aceitável os "nos vai" ou o "a gente fomos" parece mais um sutil e profundo esforço para impedir que as massas tenham acesso às artculações sociais nas esferas das altas decisões polítcas,jurídicas e econômicas, onde a norma culta é necessariamente praticada, pois o dito e escrito deve ser o mais exato possível, inclusive nos debates - as réplicas e tréplicas. Será possível fazer alguma coisa contra essa maldade contra o povão? Irineu E. J. Corrêa

Maria das Graças Soares disse...

Muito bom seu artigo em prol da preservação de nossa lingua, Adriana.Muito bem lembrado que a funçao da Escola é transmitir cultura e eu destacaria uma outra funçao que também é produzir cultura, conhecimento, e formar didadãos que, além de outras coisas, preserve nosso idioma dentro das leis da linguagem onde a gramática se insere. Nao sabia que o MEC compactuava em defesa do analfabetismo.
Maria das Graças Soares