domingo, 13 de fevereiro de 2011

Bom Senso naõ se ensina



É cada vez mais comum ouvir dos pais “não sei o que fazer” sobre isso ou aquilo em relação ao comportamento dos filhos. Esta é uma questão que pode ser tratada a partir de diversos enfoques, dos mais sociológicos aos mais psicológicos. Gostaria de fazer uma abordagem mais ampla, com conseqüências pedagógicas.

Fala-se de disciplina, de limites, do crescimento do bullying e outros fenômenos que apontam o crescimento da violência. Crianças sem limites desrespeitam mais facilmente os direitos das outras. Crianças que crescem ouvindo palavrões e “vídeo cacetadas” na TV aprendem a rir da desgraça alheia e empregar linguagem “chula”.

Falta bom senso. Mais “bom senso” não se ensina, é contingência da vida, das experiências em que temos que tomar decisões. Chegamos então ao âmago da questão: Tomar decisões.

Temos nos defrontado, cada vez mais, com a incapacidade de tomar decisões. Outro dia alguém me dizia “existem dois lados e a verdade no meio”. Não. Simplesmente não existem verdades perambulando por ai. A verdade pode fluir de cá para lá, pode ser provisória ou mesmo parcial, mas estará sempre com alguém, ou alguma idéia, por algum tempo. A atitude de não encontrar o “lado” provisoriamente certo conduziu os soldados nazistas a se isentarem da responsabilidade sob a égide do “estou cumprindo ordens”.

A tomada de decisão é fundamental na vida cotidiana, é ela que mostra o caminho aos filhos. Ter firmeza nas escolhas, ainda que se possa errar, pedir desculpas e mudar de atitude, é fundamental. Não é possível educar pessoas sem tomar posições sobre os eventos que formam os princípios básicos da cidadania (o que não significa doutrinar, ideologicamente).

O que podem dizer aos filhos os pais que não sabem a razão de suas atitudes? Que estão alienados recitando frases feitas? Que não assumem lados? Que não assumem partidos?

Tudo é transitório, mas precisamos SER para poder transitar. Preciso escolher para poder mudar.

Um comentário:

Cibéria de Sousa disse...

Adriana, você tem o dom de escrever claramente e sem rodeios a verdade que está em nossos dias, tiro meu chapéu para ti (não uso chapéu..não nasci inglesa mas se usasse o tiraria...)
Penso que deveria dedicar uma parte do seu tempo dando palestras nesse país que precisa tanto formar um juízo crítico. Parabéns.