O Obscurantismo de 30 anos ou A Falta
Estarrecedora De Quadros Técnicos.
Dra Adriana Oliveira Lima
Enquanto a ditadura militar ainda
estendia seus tentáculos sobre a sociedade brasileira, o complexo USP, UNICAMP
e PUC-SP ditavam todo um “sistema de verdade“ que extirpariam todas as ideias
educacionais alternativas do tecido social. Como um gigantesco coador, ele foi “limpando”
e devastando a educação brasileira.
A UNICAMP teve Moacir Gadotti
como expoente de uma tendência que representava Paulo Freire. Paulo Freire, no
entanto, era independente demais para os blocos criados nas estruturas do poder
sobre o sistema que pretendia ditar o que era bom e o que era mal na educação e
na sociedade. Paulo Freire sequer conseguiu sobreviver na Secretaria de Educação
de São Paulo.
Demerval Saviani foi um dos
grandes gurus destes tempos nefastos. A formação de educadores foi transformada
em uma concepção de tendência mais acadêmica, baseada na teoria. Qualquer
proposta que considerasse importante as metodologias no processo educativo foi execrada.
Ora, como a pesquisa em educação esta mais afeita às metodologias e aos processos
mentais do conhecimento para poder efetivar mudanças em sua qualidade, estes
anos perdidos em discussões teóricas foram nefastos. Perdemos mais de 20 anos
estudando o “processo de reprodução social da educação”, ou como a burguesia
reproduzia um sistema para manutenção do seu poder ”e outras balelas de
Bourdier e seu pares.
Quem falasse em metodologias era
taxado de tecnicista, titulo que parecia horroroso de ser ostentado. Os estudos
voltavam-se, durante estes obscuros anos, para teorias em bibliografias
estrangeiras, gerando um estrangeirismo acadêmico de dar dó.
Aqueles que acham que o construtivismo
adentrou as escolas brasileiras são tacanhos e sequer têm ideia sobre o que se
passa nas salas de aula. Chamam de construtivismo a decadência educacional
brasileira oriunda de uma concepção medíocre baseada em baboseiras sociológicas
sem qualquer preocupação com a pratica pedagógica.
Neste quadro, onde estudar
Gramsci era mais importante do que desenvolver métodos para alfabetizar pessoa
reais; onde conhecer as teorias de Bourdier dava mais prestigio que o ensino da
matemática, se produziu o estado estarrecedor de mediocridade em que vivemos.
Não temos quadros de educadores.
Não temos propostas. Os jovens formados nesta mediocridade acham que sabem tudo
e não buscam na historia as alternativas para o futuro. Os sábios estão velhos
demais. Um rombo, um buraco de formação. Uma implicância imatura e ignorante
contra as poucas iniciativas de construção pedagógicas.
Nosso novo ministro, em pleno ano
de 2015, representa o que há de mais atrasado na educação: colocar alguém que
não é educador e que representa justamente esta concepção tacanha que enxerga a
educação como mero instrumento político-social.
PS. Um estudo profundo das teses
aqui descritas estão em minha tese de PhD “Intelectuais, Poder e Conhecimento”. Disponível nos arquivos da UFRJ na língua inglesa.