quinta-feira, 15 de agosto de 2013

O País da “canetada”



O País da “canetada”

          Mensalões e Bônus

                                   Dra. Adriana Oliveira Lima





Acompanhando o insistente besteirol televisivo sobre educação, retomei o livro do professor Lauro, “Estórias da Educação Brasileira, de Pombal a Passarinho”. Afora seu belíssimo título, reli suas duras e irônicas críticas ao método histórico brasileiro de se fazer mudanças: A CANETA. A liderança  brasileira parece sempre acreditar que cada nova lei pode trazer consigo mudanças sociais. O pior é que essas mudanças não tem sua origem das demandas da sociedade, mas de ideias mirabolantes e “egocêntricas” de um pequeno grupo.
Nosso período imperial tão curto, de 1822 a 1889, foi capaz de editar mais de 15.000 projetos de leis. Entre eles, a construção de uma escola em cada província brasileira. Ao término do império sequer UMA escola fora construída nestes mais de 70 anos! Vivemos a mania de avaliar, aplicar provas e gerar dados estatísticos. Agora, o desespero da incompetência nos levou a outro vicio: acreditar que se muda por meio de “pagamento”.
No esteio desse vício encontramos o mensalão e as bonificações, isto é, a ideia absurda de se dar “incentivos” para as pessoas fazerem o que não passa de suas obrigações. Diretores recebem mais verbas por melhores resultados, professores receberem um “extra” pelos resultados dos alunos.
Parece mesmo um desespero total. Hoje pela manhã o jornal anunciava uma nova lei sobre comida “saudável” nas cantinas e cardápios escolares e a noticia seguinte dava conta de escolas que não recebiam merenda. Não há nem merenda, quem dirá saudável.
Esta confusão se dá pelo desvinculo total entre o poder e as demandas sociais. Os pais das crianças cegas NÃO querem o fim do Instituto Benjamim Constant, os pais das crianças com síndrome de down NÃO querem o fim das APAEs. Que maluquice é esta de se extinguir algo sem ter qualquer solução para a inclusão efetiva das crianças com necessidades especiais no processo educacional.
De absurdo em absurdo vamos perdendo um tempo fundamental para inserção do Brasil em referências mais avançadas de desenvolvimento humano.

                           Saudável reler Anísio Teixeira e sua vasta escrita sobre os abismos no Brasil entre os discursos e as práticas.
                        Pois é, De absurdo em absurdo vamos perdendo um tempo fundamental para inserção do Brasil em referências mais avançadas de desenvolvimento humano.
 

2 comentários:

Juhi Kenia disse...

Ainda temos outra canetada em São Paulo. O desespero é tanto que estão voltando a obrigação de provas bimestrais, fim da aprovação automática, divisão em 3 ciclos ao invés de 2, dever de casa... Vejam

Adriana Oliveira Lima disse...

Sei não. A mediocridade é grande ninguém lê, ninguém olha o que já
temos acumulado de conhecimento. O que fazer? As vezes desespero.....