O País da “canetada”
Mensalões
e Bônus
Dra. Adriana Oliveira Lima
Acompanhando o insistente
besteirol televisivo sobre educação, retomei o livro do professor Lauro,
“Estórias da Educação Brasileira, de Pombal a Passarinho”. Afora seu belíssimo
título, reli suas duras e irônicas críticas ao método histórico brasileiro de
se fazer mudanças: A CANETA. A liderança brasileira parece sempre
acreditar que cada nova lei pode trazer consigo mudanças sociais. O pior é que
essas mudanças não tem sua origem das demandas da sociedade, mas de ideias
mirabolantes e “egocêntricas” de um pequeno grupo.
Nosso período imperial tão
curto, de 1822 a 1889, foi capaz de editar mais de 15.000 projetos de leis.
Entre eles, a construção de uma escola em cada província brasileira. Ao término
do império sequer UMA escola fora construída nestes mais de 70 anos! Vivemos a
mania de avaliar, aplicar provas e gerar dados estatísticos. Agora, o desespero
da incompetência nos levou a outro vicio: acreditar que se muda por meio
de “pagamento”.
No esteio desse vício
encontramos o mensalão e as bonificações, isto é, a ideia absurda de se dar
“incentivos” para as pessoas fazerem o que não passa de suas obrigações.
Diretores recebem mais verbas por melhores resultados, professores receberem um
“extra” pelos resultados dos alunos.
Parece mesmo um desespero
total. Hoje pela manhã o jornal anunciava uma nova lei sobre comida “saudável”
nas cantinas e cardápios escolares e a noticia seguinte dava conta de escolas
que não recebiam merenda. Não há nem merenda, quem dirá saudável.
Esta confusão se dá pelo
desvinculo total entre o poder e as demandas sociais. Os pais das crianças
cegas NÃO querem o fim do Instituto Benjamim Constant, os pais das crianças com
síndrome de down NÃO querem o fim das APAEs. Que maluquice é esta de se
extinguir algo sem ter qualquer solução para a inclusão efetiva das crianças
com necessidades especiais no processo educacional.
De absurdo em absurdo vamos
perdendo um tempo fundamental para inserção do Brasil em referências mais
avançadas de desenvolvimento humano.
Saudável reler Anísio Teixeira
e sua vasta escrita sobre os abismos no Brasil entre os discursos e as
práticas.
Pois
é, De absurdo em absurdo vamos perdendo um tempo fundamental para inserção do
Brasil em referências mais avançadas de desenvolvimento humano.