terça-feira, 1 de março de 2011

Investindo na educação das crianças.


Estamos diante de um modismo interessante (não fosse trágico): dar educação em casa, retardar a entrada da criança na escola. Em um país como o nosso isso representa um imediato e direto retardo no próprio desenvolvimento do país.
Após tantos anos de péssima performance educacional, escolas desequipadas, de falhas na formação dos educadores (sem falar no fato de a maioria dos professores serem leigos), de seus baixíssimos salários, de prédios inadequados e de uma escola privada igualmente incompetente, agora recebemos as crianças na escola com seus primeiros anos de aprendizagens obtidos em casa, com os pais que foram formados por esta educação que acabamos de abordar.
Sabemos que a maioria dos pais estão voltados para o desenvolvimento biológico, estando altamente envolvidos no que a criança come sem preocupar-se com o alimento do espírito: o conhecimento. Por outro lado, cada vez mais temem os filhos, tornando-se incapazes de impor qualquer disciplina.
Ao contrário do que a onda atrasada de um naturalismo bizarro indica, as crianças, para desenvolverem-se, precisam do outro. O desenvolvimento obtidos entre as crianças é muito mais sólido e no contexto escolar (sociológicos) é também mais fértil. Piaget mostra que as crianças desenvolvem melhor a linguagem quando falam com outras crianças do que quando estão falando com os adultos. Piaget mostra, ainda, que o pensamento lógico é uma construção social entre iguais. Por isso, segundo ele, a necessidade dos grupos que se inicia aos sete anos nos deixa a seguinte questão: “as crianças vão para o grupo por que se tornaram lógicas ou se tornaram lógicas por que foram para o grupo”? Uma coisa é certa: não existe lógica fora do grupo, fora da sociedade. Todo isolamento tende ao devaneio. Um cientista, quando aparenta solidão na pesquisa, está de fato REFLETINDO, ou seja, ele discute em voz baixa com variáveis e hipóteses.
A educação escolar, este encontro de crianças e jovens, é uma maravilha das sociedades. Ainda que péssimas, são o único lugar da real construção da socialização. É o lugar da estimulação, da troca e das aprendizagens mais complexas. Pais não estão aptos a fornecer este tipo de educação. Eles podem complementar, enriquecer e estimular, mas nunca estruturar as bases mais importantes da educação para a vivência social. A relação pais e filhos será sempre unilateral e/ou bipolar, será sempre de mando/obediência ou guerras de poder. Os contextos serão sempre repletos de aspectos emocionais que impedem a objetividade e a visão do outro.
Se falarmos de escolas com projetos educacionais, recursos planejados e metodologias avançadas, podemos afirmar que a escola é imprescindível e quanto mais cedo a criança nela ingressa, mais os pais colherão bons frutos na estruturação da personalidade e do conhecimento de seus filhos.

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