sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Educação: um investimento Invisível- parte 1



Dra. Adriana Oliveira Lima

A educação é um investimento aparentemente invisível. Se o investimento em saúde cresceu, consideravelmente, em consciência nos últimos vinte anos. Não podemos dizer o mesmo da educação. Hoje, mais e mais, a população média toma consciência de que deve ter um seguro de saúde, pois cada vez menos pode contar com o caótico sistema público brasileiro. Nas camadas mais conscientes cresce a necessidade de saber qual o hospital, quais médicos e recursos cada plano oferecem. A saúde desenvolve-se, moderniza-se, de forma mais rapidamente que a educação embora tenham características bastante semelhantes.


Claro que se poderiam medir os retornos dos investimentos na educação, mas quase sempre os componentes avaliados não estão no educando, mas em elementos “compráveis” da sociedade capitalista, isto é, as famílias preocupam-se mais, por exemplo, com o tamanho de uma quadra esportiva que a escola possui do que com a quantidade de livros que seu filho lerá e ou que materiais terá acesso para o desenvolvimento cognitivo. Procuram as impressões mais superficiais sem esmiuçar o uso possível que seus filhos farão destes recursos (uma conta rápida mostra  que a relação quadra de esporte – número de alunos, nos sistemas tradicionais de ensino, deixa a maioria dos alunos sem jamais usar estas quadras, quase sempre reservadas a elite esportista da escola). Perguntamos-nos por que os pais compram este produto que não levarão?

Evidente que os aspectos relativos aos recursos que a escola possui são importantes, mas devem ser observados como prioridades àqueles que se relacionam de maneira direta com os objetivos da educação (o esporte, por exemplo, é objetivo do clube, a língua dos cursos de inglês...). O processo de conhecimento é tão complexo que por si só demanda toda a energia e dedicação dos educadores. As atividades extras são sempre complementares na escola e não sua prioridade como o querem, muitas vezes, os pais. O desenvolvimento do corpo e do espírito é mais uma questão dos objetivos traçados, que podem fazer a escola planejar-se de tal forma que todos tenham o direito de participação e uso dos recursos existentes.
 
A qualidade dos processos educativos depende fundamentalmente das minúcias, dos detalhes, do exclusivo, do visível. Todo processo de massa é ante educativo e a educação brasileira terá que tomar consciência que salas de aula com mais de 25 alunos não realizam processos pedagógicos de aprendizagem. Que quadras esportivas e piscinas para milhares de alunos não respondem aos processos didáticos, mas apenas aos apelos de uma sociedade de consumo. Qualidade é sempre detalhe, personalização, acompanhamento, individualização.

Mais impressionante é ver as famílias escolherem as “escolas referências da moda e reconhecidas como boas na comunidade em que vivem” e ao final de 15 20 anos encontramos o fracasso. Podemos ver que, após cerca de 4 anos de educação infantil, 8 de ensino fundamental e 3 de ensino médio, os alunos, chegam as universidades incapazes de escrever uma boa redação e não respondem adequadamente a perguntas de qualquer que seja a área (os que respondem uma ou outra área são, de fato, exceções). Os alunos não sabem quase nada de história mesmo os mais importantes fatos como Getúlio Vargas na História brasileira ou o Renascimento na História universal. Não sabem matemática, e quando sabem é apenas um FAZER, são incapazes de explicar processos e raciocínios.  Não fazem ideia de onde ficam os países, climas. Riem se lhes perguntamos se saberiam usar um logaritmo ou nos citar uma oração subordinada substantiva completiva nominal (desafiamos o leitor a responder estas questões).

 parte 2. na próxima sexta feira, 15 de Novembro de 2013.

 

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