Dra. Adriana Oliveira Lima
A
educação é um investimento aparentemente invisível. Se o investimento em saúde
cresceu, consideravelmente, em consciência nos últimos vinte anos. Não podemos
dizer o mesmo da educação. Hoje, mais e mais, a população média toma
consciência de que deve ter um seguro de saúde, pois cada vez menos pode contar
com o caótico sistema público brasileiro. Nas camadas mais conscientes cresce a
necessidade de saber qual o hospital, quais médicos e recursos cada plano
oferecem. A saúde desenvolve-se, moderniza-se, de forma mais rapidamente que a
educação embora tenham características bastante semelhantes.
Claro que se poderiam medir os retornos
dos investimentos na educação, mas quase sempre os componentes avaliados não
estão no educando, mas em elementos “compráveis” da sociedade capitalista, isto
é, as famílias preocupam-se mais, por exemplo, com o tamanho de uma quadra
esportiva que a escola possui do que com a quantidade de livros que seu filho
lerá e ou que materiais terá acesso para o desenvolvimento cognitivo. Procuram
as impressões mais superficiais sem esmiuçar o uso possível que seus filhos
farão destes recursos (uma conta rápida mostra que a relação quadra de esporte – número de
alunos, nos sistemas tradicionais de ensino, deixa a maioria dos alunos sem
jamais usar estas quadras, quase sempre reservadas a elite esportista da escola).
Perguntamos-nos por que os pais compram este produto que não levarão?
Evidente que os aspectos relativos aos
recursos que a escola possui são importantes, mas devem ser observados como
prioridades àqueles que se relacionam de maneira direta com os objetivos da
educação (o esporte, por exemplo, é objetivo do clube, a língua dos cursos de
inglês...). O processo de conhecimento é tão complexo que por si só demanda
toda a energia e dedicação dos educadores. As atividades extras são sempre
complementares na escola e não sua prioridade como o querem, muitas vezes, os
pais. O desenvolvimento do corpo e do espírito é mais uma questão dos objetivos
traçados, que podem fazer a escola planejar-se de tal forma que todos tenham o
direito de participação e uso dos recursos existentes.
A qualidade dos processos educativos
depende fundamentalmente das minúcias, dos detalhes, do exclusivo, do visível.
Todo processo de massa é ante educativo e a educação brasileira terá que tomar
consciência que salas de aula com mais de 25 alunos não realizam processos
pedagógicos de aprendizagem. Que quadras esportivas e piscinas para milhares de
alunos não respondem aos processos didáticos, mas apenas aos apelos de uma
sociedade de consumo. Qualidade é sempre detalhe, personalização, acompanhamento,
individualização.
Mais impressionante é ver as famílias
escolherem as “escolas referências da moda e reconhecidas como boas na
comunidade em que vivem” e ao final de 15 20 anos encontramos o fracasso.
Podemos ver que, após cerca de 4 anos de educação infantil, 8 de ensino
fundamental e 3 de ensino médio, os alunos, chegam as universidades incapazes
de escrever uma boa redação e não respondem adequadamente a perguntas de
qualquer que seja a área (os que respondem uma ou outra área são, de fato,
exceções). Os alunos não sabem quase nada de história mesmo os mais importantes
fatos como Getúlio Vargas na História brasileira ou o Renascimento na História
universal. Não sabem matemática, e quando sabem é apenas um FAZER, são
incapazes de explicar processos e raciocínios.
Não fazem ideia de onde ficam os países, climas. Riem se lhes
perguntamos se saberiam usar um logaritmo ou nos citar uma oração subordinada
substantiva completiva nominal (desafiamos o leitor a responder estas questões).
parte 2. na próxima sexta
feira, 15 de Novembro de 2013.
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