Dra Adriana Oliveira lima
Quando o conjunto das escolas tradicionais começa uma briga absurda para ver quem tem mais tecnologia na sala de aula, acreditem, algo esta profundamente errado. Creiam na experiência e na história. Elas não mudarão em um milímetro sua forma viciada de encarar a educação.
Por que estas escolas não se posicionam sobre o número absurdo de alunos que colocam em cada sala? Isso não importa para elas. Estão ocupadas na competição acirrada entre elas.
Tem cabimento um aluno assistir aula com óculos 3D quando se sabe tão pouco sobre os efeitos a longo prazo desta tecnologia? Depois de anos lutando para evitar o uso de óculos escuros em salas de aula, as escolas irão disponibilizar esse “maravilhoso instrumento para não prestar atenção às aulas”? Bonequinhos e imagens saltando de um quadro em 3D vão fazer os adolescentes se interessarem pela matéria exposta? Eles vão passar a aprender em 3D?
Alguém em sã consciência acredita que uma escola tem condições econômicas de estar atualizada nas tecnologias que mudam diariamente? O Estado deveria presentear com um computador cada criança no Brasil? Disponibilizar salas de “Informação” em bibliotecas virtuais ou tablets nas salas, talvez... Mas tudo tem um limite. E afinal de contas, toda esta tecnologia não passa de mero instrumental.
A questão nunca esteve na informação. A tecnologia disponibiliza informação e neste sentido os professores tradicionais SEMPRE foram jurássicos, pois até as enciclopédias feitas de papel eram melhores que eles. O fato da escola nunca ter usado a enciclopédia não tira dela a competência frente aos limitados conhecimentos dos professores tradicionais.
Dizer que o “professor” é mediador e não o centro do conhecimento como se isso fosse uma novidade mostra uma resistência atávica ao estudo. Em 1961, em FORTALEZA (pasmem!) o prof. Lauro já dizia isso... Este é assunto abordado em vasta literatura pedagógica nos últimos 20 anos!
Ter acesso à informação não garante o raciocínio, a lógica, o pensamento, a criatividade ou a MORALIDADE. Jogar “coelho sabido” no computador não ensina as operações do pensamento. Sozinhos diante de computadores, as crianças e jovens já ficam em casa e/ou em “lan houses”. Nisso os pais são competentes, deixam seus filhos por horas diante dos computadores como deixavam, e ainda deixam os pequenos, diante da TV. Os celulares, iphones, tablets etc. são tecnologias dominadas naturalmente pelas crianças e jovens, que não precisam, realmente, da escola para isso. A escola, aliás, apenas tornaria essas tecnologias em coisas “chatas” com “pontos” para decorar.
Assim amigos, a escola precisa realmente começar a humanizar suas estruturas, reeducar seus professores para o uso das tecnologias da informação, para sua auto-capacitação e prepará-los em tecnologias de aprendizagem. A escola precisa ensinar a ler e a gostar de ler. Precisa ensinar o raciocínio e a resolução de problemas, a criatividade e o empreendedorismo. A escola precisa ensinar a amar o próximo, a ser solidário e a não fazer “chacota” de coisas sérias. Ajudar as crianças a aprenderem um comportamento moral e ético. Superar o narcisismo infantil, o egoísmo adolescente e formar cidadãos melhores para um mundo melhor.
As escolas deveriam buscar medidas mais profundas de mudança, mais comprometidas com a educação e com a cidadania. A tecnologia é cada vez mais barata e disponível. Ela não depende, graças a Deus!, da escola.
4 comentários:
Pronto! Falou tá falado e eu mais uma vez aplaudindo chefa...CONCORDO! Vou partilhar totalmente!bjs
A escola precisa ensinar inclusive os professores a gostar de ler. Toda semana meus alunos vão a biblioteca e aproveito para indicar algum que tenha relação com algum conteúdo que trabalhamos ou com alguma situação que sei que é de interesse. Muitos me dão retorno, tecendo comentários sobre suas leituras. Adoro as novas tecnologias, mas amo os livros, assim como adoro meus alunos.
Questão difícil essa. Uma escola não usar essa parafernália tecnológica seria, aparentemente renunciar a estar atendendo a demanda dos alunos, tanto os mais aquinhados financeiramente, que têm essa tecnologia disponível em casa e na mochila, quanto para os mais pobres, que teriam nas escolas o espaço em que teriam contato com o aparato moderno e parece ser essa a perspectiva que os programas públicos parecem adotar. Contudo, a crítica da Educadora toca no ponto nevrálgico da Educação: educar para que? O que, afinal, os alunos, pais, governos e sociedade desejam das escolas: criar consumidores de tecnologia e de produtos da indústria do tecnolixo e da necessidade e gosto efêmeros ou algo mais? Mesmo as práticas de leitura, que tem sido tratadas como panacéia para uma educação para a cidadania, tem que ser devidamente questionada, pois, afinal, ler revistas de fofocas ou, mesmo, jornais diários ou, ainda, um livro enquanto simples exercício de leitura pode ser apenas uma forma de adestramento para um consumo direto desses produtos e dos produtos que eles vendem, inclusive gosto, moda e valores rasos. Leitura de cada um desses meios e do mundo de modo crítico isso sim me parece ser o desafio de todos. Esse me parece ser a denúncia e a preocupação que o artigo de Adriana faz.
Falou tudo aquilo que acredito e penso...gostaria de ter escrito algo assim. Parabéns, bom seria um debate desse porte em rede nacional...talvez no horário das novelas que sinceramente são uma ......
Postar um comentário