

Dizem que os tablets substituirão os livros. As escolas anunciam “salas equipadas com tablets”. As lojas de tecnologias de material didático iniciam campanhas de lousas virtuais. Os pesquisadores não chegaram a qualquer conclusão sobre questões como as que ditam o fim próximo de uma tecnologia, substituída por outra (pintura e fotografia, teatro e cinema, etc.). Este é uma questão relevante do ponto de vista da educação. Tem-se estudado bastante que tecnologias serão substituídas por novas e até mesmo o tempo que cada tecnologia nova demora a “morrer” ou ser substituída, desde as fitas cassetes e VHS até os CDs e DVDs e destes para os arquivos digitais em HDs ou “nuvens”. O desaparecimento do livro, aparentemente inevitável a longo ou médio prazo, é um tema bastante atual e discutido.
As propagandas das escolas estão equivocadas quando esquecem que tudo isto é tecnologia a ser manipulada por uma mente. Onde está o livro ou seu conteúdo, ou ainda de que ele é feito, parece, do ponto de vista do educador, irrelevante. Continuamos na estaca zero: o essencial continua sendo ensinar a ler e interpretar; cultivar o gosto pela leitura e a responsabilidade do pesquisador.
A ingenuidade desta colocação só é comparável à dos pais, ao acreditarem que o processo de qualificação da educação passa pela simples aquisição de novas tecnologias. Os pais são leigos e têm o direito de imaginar que estão “comprando” o que tem de mais moderno no mercado. A Noruega deu um netbook para cada aluno do sistema público e os pais ainda estão insatisfeitos. A montagem de uma sala de aula na França ou Inglaterra inclui todos os recursos materiais, de mobílias especiais a jogos didáticos. Na Califórnia uma escola chega a ter orquestra sinfônica.
No entanto, todos estão insatisfeitos e identificam um declínio no nível da educação, da cultura, da moral e das capacitações necessárias para o exercício profissional. O fato é que as tecnologias “materiais” importam muito pouco. O que realmente importa são as novas tecnologias metodológicas, ou seja, compreender a epistemologia, a construção de cada conhecimento. A matemática tem uma parte concreta que responde às demandas mais imediatas da vida social e uma parte absolutamente abstrata. A geografia pode ser “vista” e em grande parte “visitada”. A história só pode ser apreendida por meio da pesquisa, da dramatização e da discussão. Em outras palavras, cada “tipo” de conhecimento demanda uma metodologia específica.
A avalanche de “informação” disponível na internet não deixa dúvidas de que a era da “decoreba” acabou. Hoje a “decoreba” perde espaço para a “pesquisa” graças à facilidade de acesso à informação gerada pela internet e demais tecnologias modernas. Mais do que nunca, é mais importante saber consultar, saber ler, interpretar e, acima de tudo, saber APLICAR os conhecimentos amplamente disponíveis pela tecnologia moderna. Os alunos precisam aprender a pensar, a buscar o conhecimento, analisar dados, sintetizar, criar e recriar. Estes mecanismos são instrumentos da inteligência e não dependem de maneira alguma da escola ter ou não um tablet. Se tiver, bom, mas o fundamental está na metodologia de apreensão do conhecimento e não dos meios tecnológicos que possam estar disponíveis.
Qualquer pessoa com bom senso sabe que os computadores, iphones, ipods, ipads, etc. são parte da vida das novas gerações. Complicado é que pais e educadores entendam que ter um iphone na mão não significa ter para quem ligar. Um computador não é útil se a pessoa não souber pesquisar ou compreender uma rede e, acima de tudo, se não tiver interesse e curiosidade para pesquisar, antes de tudo.
Um comentário:
é aterrorizante,querem que achemos natural trocar livros por tablets,professores por televisão,e depois ???O QUE VIRÁ???
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