sábado, 19 de fevereiro de 2011
EM UMA LIVRARIA EM FORTALEZA, FINAL DE TARDE.
Estava eu numa livraria passando pela fase da “moda” (ainda que seja passageira, a moda sempre poderá seduzir alguns). A moda, geralmente direcionada a coisas fúteis chega as livrarias? Que bom que os alheios aos livros terão tido algum tempo cercado por livros. Mas, estava eu numa livraria e entre a falta de glamour e o evidente desinteresse pelos livros, estavam as crianças. Os pais sentados na cafeteria, lugar ideal para conversar sobre assuntos alheios aos livros, e as crianças correndo como se estivessem em um playground. Gritavam acompanhadas pela ressonância dos pais aos gritos (como falam alto!) em suas conversas e nos celulares. Perguntei-me onde estava. Resposta: em uma livraria com cafeteria. O que mesmo faziam estas crianças aos gritos correndo de um lado para o outro?
Encontrei uma amiga que contava histórias para a filha no local reservado para as crianças e fechei os olhos acreditando que havia salvação. Lembrei de um dia em que encontrei meu ex-marido com a esposa em uma livraria no Rio, cheios de glamour, elegantes, bem vestidos. Esta imagem de valores onde o teatro, o cinema, o aeroporto, a cafeteria... cada lugar demanda vestimentas apropriadas, me veio forte na mente já cheia de saudades.
Pensei cá com meus botões que ali sequer existia o valor de “fingir cultura”. Nenhum daqueles pais ensandecidos carregava um livro. Menos ainda os filhos. Em outros tempos as livrarias costumavam deixar livros para as crianças folhearem. Agora são embrulhados com plástico. Lembro-me que na MALASARTES no Rio havia, nos tempos idos dos meus filhos, uma mesinha com cadeirinhas onde as crianças sentavam e educadamente folheavam os livros disponíveis para compra. Os livreiros frente ao enorme desperdício e destruição de seus produtos por parte das crianças, desistiram. Assistir aos pais fazerem “vista grossa” para a relação destrutiva dos filhos com o que é alheio parece-me um filme de terror educacional. Parem e vejam.
Comi um crepe, paguei os livros apressada e parti pensando sobre tudo isto e sobre como um educador pode interferir nesta maneira agressiva das crianças se comportarem no social quando estão com os pais. Nada concluído, fica apenas uma reflexão.
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