A
GRANDE MENTIRA DOS PAIS E DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA
Dra. Adriana Oliveira Lima
Inventar piada é um fato dinâmico das sociedades.
Rir de si mesmo faz parte da criação. As contradições embutidas nos
comportamentos cotidianos fornecem material rico, onde os piadistas deitam e
rolam. Perceber nas contradições cotidianas um vasto material e criar piadas é
um mecanismo continuo nas sociedades. Através do riso elaboram-se perdas e
sofrimentos. Entretanto, as contradições nem sempre são material para
piadas, pois de fato são inconscientes e demonstram uma incapacidade em aplicar
seu próprio pensamento em sua prática de vida. As redes sociais são um local
rico para a demonstração da contradição entre os pensamentos expostos e os
efetivos comportamentos sociais notadamente expressos na vida cotidiana.
Na educação as escolas querem se modernizar com o
uso de computadores. Terminam com aulas específicas de informática pela
incapacidade de integrar a informática ao conjunto das áreas do conhecimento,
montando um dragão onde se juntam pedaços que não se integram.
Escolas querem usar os tablets, mas não
abrem mão de salas lotadas com mais de 50 alunos enfileirados.
Laboratórios que não são usados, quadras que servem aos esportes de uma parcela
de “escolhidos”, piscinas sem uso, bibliotecas que servem de castigo (!).
A escola quer formar cientistas, mas seu método é
demonstrativo e não experimental. Os pais acompanham as constantes denúncias do
fracasso escolar brasileiro, mas permanecem achando que as escolas dos filhos
são ótimas. De quais escolas estariam falando as estatísticas?
Os pais querem criar os cidadãos do futuro, mas
matriculam os filhos em escolas cujo modelo é do século XVIII. Querem ensinar
os filhos a pensar, mas atendem a todas as vontades dos filhos sem impor os
limites da lógica social. Querem criar pessoas livres aprisionando-as em
escolas onde são pregados nas carteiras rígidas e incentivados a ficarem
caladas. Querem formar leitores sem comprar livros e admirando escolas que não
incentivam, de fato, a leitura. Querem criar filhos que busquem o conhecimento
desvalorizando a escola e os professore em sua relação diária. São muitas as
contradições. Quanto a isso, as redes sociais desnudam a loucura da
inconsciência e da contradição.
Pais que querem filhos leitores, cidadãos
conscientes, estudiosos e honestos costumam achar que isso se constrói na
pressão da mediocridade competitiva ficando felicíssimos com as medalhas que os
filhos ganham.
Desvalorizam diariamente a produção dos filhos
aceitando os castigos e os carimbos ridículos que são colocados em agendas e
cadernos, como o de um “coração zangado” para alertar que a professora não
gostou da tarefa de casa, apagando o que os filhos fazem, enchendo-os de
reforço escolar e castigos.
Estes adultos hoje são o resultado de uma educação que foi incapaz de
ensinar as pessoas a pensarem e aplicar os conceitos teóricos a suas práticas
de vida.