terça-feira, 31 de março de 2015

O Obscurantismo de 30 anos ou A Falta Estarrecedora De Quadros Técnicos.



O Obscurantismo de 30 anos ou A Falta Estarrecedora De Quadros Técnicos.

Dra Adriana Oliveira Lima



Enquanto a ditadura militar ainda estendia seus tentáculos sobre a sociedade brasileira, o complexo USP, UNICAMP e PUC-SP ditavam todo um “sistema de verdade“ que extirpariam todas as ideias educacionais alternativas do tecido social. Como um gigantesco coador, ele foi “limpando” e devastando a educação brasileira.
A UNICAMP teve Moacir Gadotti como expoente de uma tendência que representava Paulo Freire. Paulo Freire, no entanto, era independente demais para os blocos criados nas estruturas do poder sobre o sistema que pretendia ditar o que era bom e o que era mal na educação e na sociedade. Paulo Freire sequer conseguiu sobreviver na Secretaria de Educação de São Paulo.
Demerval Saviani foi um dos grandes gurus destes tempos nefastos. A formação de educadores foi transformada em uma concepção de tendência mais acadêmica, baseada na teoria. Qualquer proposta que considerasse importante as metodologias no processo educativo foi execrada. Ora, como a pesquisa em educação esta mais afeita às metodologias e aos processos mentais do conhecimento para poder efetivar mudanças em sua qualidade, estes anos perdidos em discussões teóricas foram nefastos. Perdemos mais de 20 anos estudando o “processo de reprodução social da educação”, ou como a burguesia reproduzia um sistema para manutenção do seu poder ”e outras balelas de Bourdier e seu pares.
Quem falasse em metodologias era taxado de tecnicista, titulo que parecia horroroso de ser ostentado. Os estudos voltavam-se, durante estes obscuros anos, para teorias em bibliografias estrangeiras, gerando um estrangeirismo acadêmico de dar dó.
Aqueles que acham que o construtivismo adentrou as escolas brasileiras são tacanhos e sequer têm ideia sobre o que se passa nas salas de aula. Chamam de construtivismo a decadência educacional brasileira oriunda de uma concepção medíocre baseada em baboseiras sociológicas sem qualquer preocupação com a pratica pedagógica.
Neste quadro, onde estudar Gramsci era mais importante do que desenvolver métodos para alfabetizar pessoa reais; onde conhecer as teorias de Bourdier dava mais prestigio que o ensino da matemática, se produziu o estado estarrecedor de mediocridade em que vivemos.
Não temos quadros de educadores. Não temos propostas. Os jovens formados nesta mediocridade acham que sabem tudo e não buscam na historia as alternativas para o futuro. Os sábios estão velhos demais. Um rombo, um buraco de formação. Uma implicância imatura e ignorante contra as poucas iniciativas de construção pedagógicas.
Nosso novo ministro, em pleno ano de 2015, representa o que há de mais atrasado na educação: colocar alguém que não é educador e que representa justamente esta concepção tacanha que enxerga a educação como mero instrumento político-social.


PS. Um estudo profundo das teses aqui descritas estão em minha tese de PhD “Intelectuais, Poder e Conhecimento”. Disponível nos arquivos da UFRJ na língua inglesa.
 

quarta-feira, 11 de março de 2015

APRENDENDO A SEGUNDA LÍNGUA




 APRENDENDO A SEGUNDA LÍNGUA 

 Dra Adriana Oliveira Lima 

Não existe mais dúvida sobre a importância do domínio de uma segunda língua, e vamos  privilegiar o inglês, pela amplitude no mundo da informação e privilegio no mercado de trabalho. Um número considerável de pesquisas sobre o ensino-aprendizagem da segunda língua tem mostrado vantagens em todos os sentidos (cognitivas e sociais). 

As crianças que tiveram contato com outra língua bem cedo (bilinguismo), desde os primeiro meses de vida, utilizam o mesmo lado do cérebro para trabalhar com os idiomas que dominam, enquanto as que tiveram este contato tardiamente usam áreas cerebrais distintas, como se fosse necessário “traduzir” uma ou outra língua. Este fator influirá no sotaque e na fluência.

Nos anos 1980 e 1990 em centros urbanos como o Rio de Janeiro, as crianças com no máximo 9 anos estavam matriculadas em cursos de inglês. Esta idade foi evoluindo de forma descendente e os cursos adaptando metodologias para atenderem as crianças cada vez mais jovens. Os efeitos positivos predominam nos efeitos de aprendizagem de uma segunda língua.

 Embora saibamos das vantagens da aprendizagem precoce de uma segunda língua, devemos ter em conta que ela precisa da imersão completa neste idioma, ou por meio da competência das metodologias empregadas.

 Os estudos cognitivos mostram que a linguagem só estrutura-se de maneira permanente a partir das operações do pensamento (por volta dos sete anos- veja a questão da fala dos “meninos Lobo”), esquemas capazes de organizar de forma sistêmica, as estruturas da língua. Mas esta estruturação depende da construção feita na primeira infância.

Acreditamos que para as crianças muito pequenas (em torno de dois anos) a matricula em cursos de inglês deve ter como objetivo a compreensão (como acontece em sua língua) e a experiência de relacionar-se com fonemas inexistentes em sua língua nativa e jogar com símbolos e signos diferenciados: isto é, despertar na criança a idéia de que existe outra forma de comunicação. Após os três anos cresce sua capacidade de falar e para tanto deve estar imersa numa experiência com musicas e historia e atividade pratica de forma que a compreensão se transforme, cada vez mais, em expressão.

Finalmente, após os 7/8 anos pode ir estruturando a língua como aquisição completa integrada estruturalmente no sistema semiótico (psicológico, neurológico e social).
Quanto mais cedo expor a criança a uma segunda língua maior sua assimilação linguística.