segunda-feira, 26 de setembro de 2011

CURSO LINGUAGEM E PENSAMENTO




O aparecimento da linguagem.
Imitações e dramatização
Jogo simbólico e jogo de liquidação
A fala e o símbolo -As representações -pensamento.
Músicas e outras formas de expressão.
Como estimular o pensamento simbólico.
Jogos e brincadeiras.
O Desenho - arte gráfica (estágios e estímulos).

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Meninas, bonecas e misses.


Dra Adriana Oliveira Lima






A americana Kerry Campbell foi manchete do tablóide The Sun ao aparecer fazendo aplicações de botox em sua filha Britney, de 8 anos, em fotografias repugnantes e em entrevistas reproduzidas no youtube.

(http://www.youtube.com/watch?v=auzvSkIk7xg)

Historicamente predominaram as bonecas que reproduziam bebês, com a hipotética função de “preparar” as meninas para seu futuro papel de mamães, sendo, no entanto, o objeto de imitação social da relação entre as mães e as filhas. “Mãezinha” e “Amiguinha” eram o sonho das crianças nos anos 50 e 60 no Brasil.

Eis que aparece a “Barbie”. Encomendada ao designer Jack Ryan, em 1958, a boneca foi lançada oficialmente na Feira Anual de Brinquedos de Nova Iorque, em março de 1959. Com seu grande sucesso de vendas, a boneca passou a refletir os comportamentos de uma época renovando-se constantemente para acompanhar as mudanças sociais das últimas quatro décadas.

A Barbie tornou-se um símbolo de beleza e moda. Ela tem namorado, carro e escritório. Ela faz ginástica e está sempre na última moda, seja nas roupas, sapatos ou cabelos. Ela é rica e famosa. O mundo Barbie é um mundo em cor-de-rosa. Ele remete aos sonhos e fantasias das meninas. O interessante é que Barbie não tem amigas, vive apenas entre posses e desejos.

Em sucessivos visuais, Barbie identifica-se com os anos 70 (hippie), com o glamour dos anos 80 das “Panteras”, os “gliters” e as transparências. Veio o mundo dos negócios e, com ele, o glamour das roupas de festas.

Esta radical mudança nas bonecas inaugura uma era de sexualização precoce das crianças. Além disso, essa mudança reflete os fúteis objetivos que respondem mais aos desejos das mães que das próprias crianças. A boneca agora é o modelo a ser imitado e não o objeto de resoluções afetivas entre mães e filhas. E embora triste, a verdade é que o objeto para a menina imitar é uma mulher de seios, com mais de trinta anos, sexualizada e com um corpo delineado refletindo “desejos” adultos.

Pesquisas acadêmicas afirmam:

“Todas as crianças entrevistadas gostariam de ser como ela. O motivo alegado para isso, que aparece com mais freqüencia, é relacionado à beleza da boneca.”

(Valentim, Mônica Geraldi; Bomtempo, Edda.)

As mamães, que também brincaram com a Barbie, não se apercebem da exposição a que estão colocando suas meninas. Compram pinturas, sapatos de saltos e roupas sexualizadas. Quando as crianças brincavam com saltos, colares e batons, elas de fato imitavam “suas mães”. O modelo exteriorizado, representado pela boneca Barbie, passa a conduzir ao exagero e a criar referências intoleráveis de “magreza”, glamour, superficialidade e futilidade.

As mamães, que teriam o dever de intervir, impor limites e assumir a condução da educação de suas filhas, acabam colaborando com a exacerbação do fútil, que termina nas misses e nos sonhos de “top model”.

domingo, 18 de setembro de 2011

ENEM – Valha-me São Bento!!!!!

Adriana Oliveira Lima

Saber quem somos e tomar consciência de nossa realidade é o primeiro movimento na direção da melhora, do crescimento e da superação. No resultado do Enem, nenhuma escola cearense ficou entre as 100 melhores. E olhem que o critério deste “ranking” absurdo é corroborado por quase todas elas. Aquelas consideradas as “melhores escolas”, “sonho de consumo” de considerável número de famílias cearenses, ficaram lá pelas 400º e tanto... Será que alcançamos o fim do mito de que o Ceará tem as melhores escolas do Brasil e começamos a pensar seriamente na qualidade do nosso ensino? Se o que estivesse em jogo fosse a aprovação ou reprovação, o Ceará estaria reprovado!

O Enem "reprova" 63,64% das escolas; 99% delas são públicas. Em 1992, em minha tese de mestrado, realizei uma pesquisa com provas de crianças do ensino básico de escolas privadas e públicas e entre as análises de dados feitas, foi possível mostrar como estes sistemas são idênticos. A diferença está no aluno que frequenta cada uma destas escolas (pública ou privada).

Oito em cada 10 escolas ficaram abaixo da média no ENEM e, das 20 melhores, 18 são privadas, o que poderia levar os mais ingênuos a supor que a rede privada seria melhor. É possível dizer que o desempenho da rede pública piorou em relação a 2009, mas o que esta em jogo é a proposta pedagógica, vez que as instalações e o número de alunos por sala são bem similares nos dois sistemas (mais de 40 alunos por sala, quadro, discursos e provas).

Pobres crianças e pobres pais que correm atrás de “Rankings”, este ridículo instrumento de discriminação que é um fracasso cada vez mais obvio até mesmo nos Estados Unidos e demais países desenvolvidos, que passam por uma profunda crise na educação.

Dizer que “os alunos do ensino médio público teriam de estudar mais dois anos para ‘alcançar’ os colegas da rede particular de ensino” é supor que o tempo, por si só, é capaz de qualificar a educação... Ora, pode-se ficar 24 horas fazendo bobagens!

Afirmações como: “Nossos simulados são mais difíceis que muitos vestibulares” ou “uma nota cinco aqui é dez em outro colégio” são tão antigas que chegam a doer. Quem não ouviu estas afirmações de escolas “fortes” e “fracas”?


O rigor acadêmico e o regime integral do São Bento, a escola carioca que ficou na primeira colocação do ranking do ENEM, não é o indicador de sua qualidade. Poderíamos dizer que a chave de seu sucesso estaria na seleção elitista feita por ela para aceitar alunos, que provavelmente seriam um sucesso em qualquer outra escola. Incrivelmente, tem gente bem sucedida oriunda de tudo quanto é escola! E com uma mensalidade de até R$ 2.140 mil, pode-se dizer que este aluno tem uma preparação social que ultrapassa o “rigor” e a qualidade da escola.


O Colégio de Aplicação no Rio é mais honesto em sua análise, quando afirma:

“Outra diferença é que, em muitos casos, os colégios de aplicação selecionam seus alunos por meio de uma prova, já que a procura é maior do que a oferta de vagas. Nesse caso, o próprio corpo discente já tem um nível mais alto do que em uma escola comum, que não escolhe os alunos que serão matriculados.”


A diferença entre a rede pública e a particular não é um desafio de compreensão para o sistema de educação brasileiro. Comecemos analisando a diferença entre os alunos para repor na rede púbica o que o a criança e o jovem da rede privada tem:

Tem viagens, tem jogos, tem livros, tem teatros, tem cinema, tem refeições ricas e fartas, tem brinquedos, tem tecnologias, tem atenção, tem médicos, flúor e dentistas, e tantas coisas. E nos perguntamos como pode a escola privada, com tantas vantagens em sua clientela ser tão incompetente e não ensinar quase nada a nossas crianças.

PS. Devemos lembrar ainda que as escolas de São Paulo não estão representadas nesse ranking, pois as grandes universidades paulistas não adotam o ENEM. Por isso o resultado paulista é tão fraco. Fosse o ENEM adotado em São Paulo e suas escolas e alunos participassem do mesmo, o resultado das escolas cearenses seria ainda mais trágico!

domingo, 11 de setembro de 2011

NEGLIGÊNCIA INVOLUNTÁRIA


Dra. Adriana Oliveira Lima


O nascimento de uma criança deficiente traz muitas complicações para a família, como a negação, a rejeição ou a culpa. Estas são reações comuns. O mais grave é quando a necessidade especial da criança não tem uma “visibilidade” óbvia (deficiências físicas, síndrome de down, etc.) deixando os pais sem tomar providências que poderiam ajudar suas crianças a se desenvolverem por anos. Essa é uma forma inconsciente de negligência.

As formas de negligência com as crianças são tantas que daria para escrevermos uma tese de pesquisas apenas sobre suas formas e manifestações. Eu gostaria de abordar aqui um tópico apenas: a “cegueira” dos pais quanto ao desenvolvimento de seus filhos.

Em muitos artigos de revistas de grande circulação vemos abordadas questões de dificuldades de aprendizagem (dislexia, disgrafia, descalculias, etc.). Em muitas dessas reportagens os pais alegam só terem percebido a dificuldade do filho após 9 anos (alguns somente na adolescência!!!). Tal fato só pode ser justificado por um alto grau de inaceitação e/ou rejeição. As pessoas não querem ter filhos com dificuldades. Se essas dificuldades forem comportamentais, então são absolutamente inaceitáveis, pois os conduziria à área da psicologia, que ainda é vista como “coisa para malucos”.

Cria-se uma guerra entre a escola, que tenta mostrar as dificuldades da criança e pedir auxílio, e os pais, que tentam escondê-las ou justificá-las. Os pais atribuem as dificuldades de seus filhos à “preguiça” ou à identidade com algum parente “que também era assim”. Para completar, encontramos uma resistência por parte de profissionais da área clínica (fonos, psicopedagogos, psicólogos, neuropsicólogos, entre outros) em fazer diagnósticos.

Assim, a lentidão em assumir as necessidades especiais da criança leva ao atraso e a dificuldades muito concretas no desenvolvimento da mesma. Ouvimos todos os dias, na medicina principalmente, que quanto mais cedo se diagnostica um problema, mais chances temos de cura ou melhora. Os pais, no entanto, adiam ao máximo um diagnostico ou o tratamento, perdendo as melhores janelas para o desenvolvimento de seus filhos.

Clínicas de estimulação para crianças com necessidades especiais não seriam bem sucedidas por aqui. Muitos pais jamais enxergam os progressos das suas crianças, por jamais enxergar as necessidades especiais das mesmas, para começar. Eles não respeitam o “tempo” de desenvolvimento de cada criança e suas diferenças e, tão logo percebem progressos, tratam de modificar todo o seu cotidiano, julgando-as “curadas”. Colocam suas crianças em situações adversas, na tentativa de torná-las “IGUAIS” às outras. A criança com necessidades especiais geralmente anda de escola em escola procurando ser reconhecida não por sua diferença, mas por suas imitações de igualdade, e isso é um grande desperdício de oportunidades para o desenvolvimento pleno das mesmas. Reconhecer suas limitações é o primeiro passo para a superação de suas dificuldades.

domingo, 4 de setembro de 2011

Sou feliz por ter abandonado a Universidade by Steve Jobs


Amigos,
Lendo o discurso de Steve Jobs na formatura de estudantes de Stanford, em 2005, achei tão importante suas mensagem em três atos que não me furtei ao trabalho de traduzir o texto para oferecer a vocês tão interessante leitura. Após todo meu trabalho de “tradutora” encontrei no YOUTUBE um vídeo. Mas acho que o texto é sempre melhor para refletir e pensar. Eis um presente a todos vocês.
Um abraço
Adriana





Sou feliz por ter abandonado a Universidade
by Steve Jobs

This is the text of the Commencement address by Steve Jobs,
CEO of Apple Computer and of Pixar Animation Studios,
delivered on June 12, 2005

Estou honrado em estar com vocês hoje em uma das mais importantes universidades do mundo. Eu nunca me graduei. Para dizer a verdade, isso é o mais próximo que eu cheguei de uma cerimônia de formatura. Hoje eu quero contar três histórias da minha vida. É isso. Não é uma grande coisa. Apenas três histórias.
A primeira história é sobre conectar pontos.
Eu deixei o Reed College após 6 meses, mas então fiquei por ali mais 18 meses antes de realmente desistir. Então por que eu saí?
Tudo começou antes de eu nascer. Minha mãe biológica era uma jovem universitária solteira que decidiu me colocar para adoção. Ela queria muito que eu fosse adotado por pessoas com curso superior. Tudo foi acertado para que eu fosse adotado por um advogado e sua esposa. Mas, quando eu nasci, eles decidiram que queriam uma menina. Assim meus pais, que estavam em uma lista de espera, receberam uma chamada no meio da noite perguntando: “Nós temos um inesperado bebê menino, vocês o querem?” Eles responderam: “Claro”. Minha mãe biológica descobriu mais tarde que minha mãe nunca tinha se graduado na universidade e que meu pai nunca tinha terminado a escola média. Ela se recusou a assinar os papeis finais da adoção. Ela só cedeu alguns meses mais tarde quando meus pais prometeram que eu iria para a universidade.
E 17 anos mais tarde eu fui para a universidade. Mas eu ingenuamente escolhi uma universidade que era quase tão cara quanto Stanford. E tudo que meus pais trabalhadores tinham juntado seria gasto em minhas taxas da universidade. Após 6 meses, eu não conseguia ver o valor disso. Eu não tinha ideia do que queria fazer com a minha vida e não tinha ideia de como a universidade iria me ajudar a descobrir. E lá estava eu gastando todo o dinheiro que meus pais tinham juntado durante toda sua vida. Então eu decidi sair e acreditar que tudo daria certo. Isso era muito assustador naquele tempo, mas olhando para trás, foi uma das melhores decisões que tomei. No minuto em que saí eu pude abandonar as aulas obrigatórias que não me interessavam e passar a assistir as aulas que me pareciam interessantes.

Não foi tudo tão romântico. Eu não tinha quarto, então dormia no chão do quarto de amigos. Eu coletava latas de coca para vender por 5 centavos para comprar comida, Eu caminhava 11 quilômetros todo domingo à noite, atravessando a cidade, para conseguir uma boa refeição por semana no templo Hare-krishna. Eu amava isso. E muito do que eu descobri seguindo minha curiosidade e intuição mostrou-se de uma importância muito grande mais tarde. Deixe-me dar-lhes um exemplo:
O Reed College naquela época oferecia talvez a melhor instrução em caligrafia do país. Em todo o campus, cada pôster e cada gaveta eram escritos com uma linda caligrafia à mão. Como eu tinha desistido do curso regular, não precisava assistir as aulas regulares, então decidi assistir as aulas de caligrafia para aprender a fazer aquilo. Aprendi sobre os caracteres com e sem serifa; sobre como variar a quantidade de espaços entre as diferentes combinações de letras; sobre o que faz uma tipografia boa. Aquilo era lindo, histórico, artisticamente sutil de uma forma que a ciência jamais poderia capturar. E eu achava tudo aquilo fascinante.
Nada daquilo tinha qualquer esperança de aplicação prática em minha vida. Mas dez anos mais tarde, quando eu estava desenhando o primeiro computador Macintosh, tudo voltou até mim. E nós colocamos tudo aquilo no Mac. Foi o primeiro computador com uma bela tipografia. Se eu nunca tivesse participado daquele curso livre na universidade, o Mac nunca teria tido múltiplas fontes com espaços proporcionais. E como o Windows apenas copiou o Mac, provavelmente nenhum computador pessoal as teria.
Se eu nunca tivesse abandonado o curso não teria entrado naquelas aulas de caligrafia e os computadores pessoais não teriam as fontes maravilhosas que eles hoje possuem. É claro que era impossível conectar esses fatos quando eu ainda estava na universidade. Mas é muito fácil conectá-los olhando para o passado, dez anos mais tarde.
Novamente, você não pode conectar pontos olhando para frente; você somente pode conectá-los olhando para trás. Você tem que acreditar que os pontos irão se conectar em algum lugar de sua vida no futuro. Você tem que acreditar em alguma coisa – seu Deus, destino, vida, karma, ou qualquer outra coisa. Essa abordagem nunca me deixou para baixo e tem feito toda a diferença em minha vida.
Minha segunda história é sobre amor e perdas.
Eu tive a sorte de descobri o que eu amava fazer muito cedo em minha vida. Woz e eu iniciamos a Apple na garagem dos meus pais quando eu tinha 20 anos. Nós trabalhamos duro e em dez anos a Apple tinha se transformado em uma empresa de $2 bilhões de dólares com mais de 4.000 empregados. Um ano antes tínhamos realizado nossa mais preciosa criação, o Macintosh, e tínhamos apenas completado 30 anos
E então eu fui demitido. Como você pode ser demitido da empresa que criou? Bem, com o crescimento da Apple contratamos uma pessoa que pensávamos ser muito talentosa para conduzir a empresa comigo. No primeiro ano as coisas foram muito bem, mas então nossas visões de futuro começaram a divergir e nós tivemos um desentendimento. Quando isso aconteceu, nossos diretores ficaram do lado dele. Assim, aos 30, eu estava fora. E com muita publicidade. O que havia sido o foco de toda a minha vida adulta foi-se e eu estava devastado.
Eu fiquei sem saber o que fazer por alguns meses. Eu sentia que tinha decepcionado toda uma geração de empreendedores – que tinha deixado o bastão cair no momento em que ele tinha sido passado para mim. Eu me encontrei com David Packard e Bob Noyce e tentei me desculpar por ter destruído tudo daquela maneira. Eu era um fracasso público, e até pensei em abandonar o vale (do silício). Mas lentamente eu percebi que eu ainda amava o que fazia. Eu tinha sido rejeitado, mas permanecia amando. Então eu decidi começar de novo.
Eu não via dessa forma então, mas ter sido demitido da Apple foi a melhor coisa que poderia ter acontecido comigo. O peso de ser um sucesso foi substituído pelo de ser novamente um iniciante. Isto me deu liberdade para entrar em um dos períodos mais criativos de minha vida.
Durante os cinco anos seguintes eu comecei uma companhia chamada NeXT, uma outra com o nome Pixar e me apaixonei por uma mulher maravilhosa que se tornaria minha esposa. A Pixar realizou o primeiro filme de animação por computador, Toy Story, e se tornou o mais bem sucedido estúdio de animação no mundo. Em uma incrível guinada de eventos, a Apple comprou a NeXT, eu retornei à Apple e a tecnologia que eu tinha desenvolvido na NeXT é agora o coração do renascimento da Apple. E Laurene e eu construímos uma família maravilhosa juntos.
Eu estou absolutamente convencido que nada disso teria acontecido se eu não tivesse saído da Apple. Foi um remédio horrível, mas eu acho que precisava dele. Algumas vezes a vida acerta você com um tijolo. Não perca a fé. Eu estou convencido que só uma coisa me manteve no caminho: eu amava o que fazia. Você tem que encontrar o que ama. E isto é tão verdadeiro para o seu trabalho, quanto para seus amores. Seu trabalho ocupa uma grande parte de sua vida, e a única maneira de estar verdadeiramente satisfeito é fazendo o que você acredita ser um grande trabalho. E a única maneira de fazer um grande trabalho é amando o que você faz. Se você não achou isso ainda, continue procurando. Não sossegue. Como em todas as coisas do coração, você saberá quando encontrá-la. E como qualquer grande relacionamento, vai melhorando com o passar dos anos. Assim, continue buscando até encontrar. Não sossegue.
Minha terceira história é sobre a morte.
Quando eu tinha uns 17 anos li uma citação que dizia algo como: “Se você viver cada dia como se fosse o seu último, algum dia você, com certeza, estará certo”. Isso me causou uma grande impressão e, desde então, nos últimos 33 anos, eu me olho no espelho pela manhã e me pergunto: “se hoje fosse o último dia de minha vida eu gostaria de fazer o que vou fazer hoje?” E quando a resposta tiver sido “não” por muitos dias seguidos, eu sei que preciso mudar alguma coisa.
Lembrar que estarei morto em breve é a mais importante ferramenta que encontrei para me ajudar a fazer grandes escolhas na vida. Porque quase tudo – expectativas externas, orgulho, medo de passar vergonha ou fracassar –desaparecem diante da morte, deixando apenas o que é verdadeiramente importante. Lembrar que você vai morrer é o melhor caminho que conheço para evitar a armadilha de pensar que você tem alguma coisa a perder. Você já está nu. Não há razão para não seguir seu coração.
Há cerca de um ano eu fui diagnosticado com câncer. Eram 7:30 da manhã e uma tomografia mostrava claramente um tumor em meu pâncreas. Eu nem sabia o que era um pâncreas. Os médicos disseram que se tratava de um tipo de câncer incurável e que eu não deveria esperar viver mais do que de três a seis meses. Meu médico me aconselhou a ir para casa colocar minhas coisas em ordem, que é o código dos médicos para dizerem que você vai morrer. Isto significa ter que dizer aos seus filhos em apenas alguns meses tudo aquilo que você imaginava ter os próximos 10 anos para dizê-las. Significa fazer suas despedidas.
Eu vivi com este diagnóstico o dia inteiro. Depois, à tarde, eu fiz uma biopsia, na qual eles colocam um endoscópio em minha garganta, através do estômago até o intestino, colocam uma agulha em meu pâncreas e coletaram algumas células do tumor. Eu estava sedado, mas minha mulher, que estava lá, me disse que quando os médicos viram as células no microscópio, começaram a chorar. Tratava-se de uma rara forma de câncer pancreático curável com cirurgia. Eu fiz a cirurgia e agora estou bem.
Foi o mais próximo que estive da morte, e espero que o seja por muitas décadas. Tendo vivido isto, posso agora dizer a vocês, com um pouco mais de certeza do que quando a morte era apenas um conceito intelectual: Ninguém quer morrer. Até as pessoas que querem ir para o céu não querem morrer para chegar lá. Ainda assim, a morte é o destino que todos partilhamos. Ninguém jamais escapou dela. E é assim que deveria ser, pois a morte é a melhor invenção da vida. Ela é o agente de mudança da vida. Ela afasta o velho para dar lugar ao novo. Neste momento, vocês são o novo, mas algum dia, não tão longe de agora, vocês gradualmente se tornarão o velho e sairão do caminho. Perdoe-me ser tão dramático, mas isto é a inteira verdade.
O seu tempo é limitado, portanto não o desperdice vivendo a vida dos outros.
Não seja aprisionado pelo dogma – que é viver com os resultados do pensamento das outras pessoas.
Não deixe o barulho das opiniões dos outros abafarem sua voz interior.
E o mais importante, tenha coragem para seguir seu coração e sua intuição. Eles, de alguma forma, já sabem o que você verdadeiramente quer se tornar. Tudo o mais é secundário.
Quando eu era jovem havia uma fantástica publicação chamada The Whole Earth Catalog que era como a bíblia de minha geração. Ela foi criada por um cara chamado Stewart Brand, não longe daqui, em Menlo Park, e ele deu vida a ela com seu toque poético. Isto foi no final dos anos 1960, antes dos computadores pessoais e da editoração eletrônica. Tudo era feito com máquinas manuais de escrever, tesouras e câmaras polaróides. Era como se fosse o Google em brochura, 35 anos antes do Google aparecer: Era idealista, repleto de recursos elegantes e ideias brilhantes.
Stewart e sua equipe publicaram diversas edições do The Whole Earth Catalog e então, quando tinham completado sua missão, fizeram uma edição final. Isto foi em meados dos anos 1970 e eu tinha a idade de vocês. Na contracapa desta edição havia uma fotografia de uma estradinha ao amanhecer, do tipo que você poderia pedir carona se fosse um aventureiro e embaixo dela haviam as palavras: "Stay Hungry. Stay Foolish.” (“mantenha-se faminto, mantenha-se tolo”). Era a mensagem deles de despedida, sua assinatura. E eu tenho desejado isto para mim mesmo. E agora, que vocês estão se graduando, eu desejo isto a vocês.

Muito obrigado.
August 26, 2011