sábado, 28 de agosto de 2010

OS VIDEOGAMES, A TV E OS COMPUTADORES. O QUE FAZER? Parte 1




Na revista “ Isto É “, n0 1757, em artigo denominado “ De vilão a mocinho”, há um relato de uma pesquisa da Universidade Rochester de Nova Iorque, que mostra como os vídeos games desenvolvem certas habilidades nas crianças. A psicologia americana, radicalmente distinta dos estudos piagetianos, baseia-se em estatísticas e seus critérios de “ inteligência” recaem sempre em velocidade de pensamento e no desenvolvimento das percepções (psicologia clássica behaviorista).

Ora, diz o artigo que as crianças que jogavam videogames tinham melhor percepção e maior velocidade em tomar decisão. Em primeiro lugar, para Jean Piaget, a percepção é o grande obstáculo à inteligência, que consiste, precisamente na superação das impressões perceptivas ( a realidade não é apenas o que vejo, apesar de parecer predominância das avaliações lógicas sobre as perceptivas).

Em segundo lugar, para Jean Piaget, a velocidade tão apreciada pelos americanos, não tem significado maior quanto a qualidade da inteligência, não importando, para ele, quem responde primeiro, mas sim a forma, o raciocínio empregado para resolver o problema proposto.
Assim, nada justificaria, e com esta pesquisa menos ainda, que se permita que a criança despenda longo tempo em frente a vídeo games, computadores ou TV. Não se pode, obviamente, evitar a existência e os benefícios dos computadores, jogos e TV para a diversão, informação e pesquisa. Entretanto não ultrapassa este valor frio de estruturas sem desafios à inteligência.

A inteligência é ampla, precisa de desafios cada vez mais complexos, o que só é possível entre seres humanos. Nada é mais desafiador para uma criança que outra criança. Crianças normais, com bom desenvolvimento abandonam TV, computador e vídeo game para brincar com os amigos.

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

O SAPO E O ESCORPIÃO


Certa vez, um escorpião aproximou-se de um sapo
que estava na beira de um rio.
Oescorpião vinha fazer um pedido:
"Sapinho, você poderia me carregar até a outra
margem deste rio tão largo?"
O sapo respondeu: "Só se eu fosse tolo!
Você vai me picar, eu vou ficar paralizado e vou afundar."
Disse o escorpião: "Isso é ridículo! Se eu o picasse, ambos afundaríamos."
Confiando na lógica do escorpião, o sapo concordou e levou o escorpião nas costas,
enquanto nadava para atravessar o rio.
No meio do rio, o escorpião cravou seu ferrão no sapo.
Atingido pelo veneno, e já começando a afundar, o sapo voltou-se para o escorpião e
perguntou: "Por quê? Por quê?"
E o escorpião respondeu: "Por que sou um escorpião e essa é a minha
natureza."
ALGUMAS "NATUREZAS" SÃO IMUTÁVEIS.

PENSAMENTOS
"Ciúme é querer manter o que se tem; cobiça é querer o que não se tem; inveja é querer que o outro não tenha."
Zuenir Ventura

"A competição é a paixão das almas nobres; a inveja, o suplício das almas vis."
Jean-François Marmontel

"Os homens de mérito não precisam cuidar da sua fama; a inveja dos tolos e dos petulantes se encarrega de propagá-la."
Cándido Nocegal y Rodríguez de la Flor

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

PENSAMENTOS


Pode-se enganar a todos por algum tempo; Pode-se enganar alguns por todo o tempo; Mas não se pode enganar a todos todo o tempo..."
Abraham Lincoln

Aquilo que não me mata, só me fortalece
Friedrich Nietzsche

Nenhuma herança é tão rica quanto a honestidade.
William Shakespeare

domingo, 22 de agosto de 2010

OS SONHOS NUNCA ACABAM



Esta semana alguém me falou sobre o fim dos sonhos. Mais precisamente se eu não lastimava o fim de um sonho. Demorei um pouco para compreender de onde partia tal análise e sentimento de perda que levava uma pessoa a alocar o sonho de forma tão exterior ao CORPO.
Não existem sonhos fora dos corpos. Aos dois anos, uma criança de maneira geral começa a construir e organizar imagens. A mente representa as coisas e mais tarde suas relações. A organização da memória imagética precisa de contextos e, assim, a mente as organiza dentro de contextos (histórias) buscando criar sentidos cada vez mais complexos conforme a idade.
Assim, nossa mente nos níveis simbólicos é um arquivo de histórias e relações emocionais que fazem vir à tona as vivências com alta carga de teor emocional. Mais tarde será uma rede de relações lógicas que trarão à baila as memórias.
Nossa mente mistura as lembranças emocionais com as lógicas, criando histórias e recriando-as, lembrando e esquecendo, conforme vamos vivendo. Nos contextos vamos agregando lembranças a símbolos que representam toda sorte de sentimentos: bruxas, mágicos, palhaços, cheiros, impressões sensoriais, amor, inveja, raiva, melancolia, saudade, alegria...
Como os símbolos estão nos estratos mais profundos da mente eles podem se manifestar na vida diurna como desejos incontroláveis, levando os sujeitos a confundir estas emoções primitivas com fatos reais, ou depositar fora de sua própria ação o que imagina ser seu sonho (no sentido de objetivo e desejo de vida).
Isto é o que vamos chamar de "sonho acordado" que se traduz como uma fome psíquica através da qual o homem projeta, faz planos futuros, define seus objetivos de vida e seus ditos “sonhos”. Neste sonho acordado pode, também, aparecer o “devaneio”, que consiste na construção simbólica da realidade para atender o desejo mais particular do indivíduo. Seja qual for o sonho, entretanto, ele só se faz na mente humana.
O único grande impasse da situação dos sonhos e devaneios é quando ele, pela inércia do “sonhador”, é depositada na ação de outrem!!!! Não pode, desta feita, ser jamais realizado de maneira satisfatória. Um sonho acordado só tem uma saída: REALIZAR! FAZER! Há os que lideram seus sonhos e os que se “amalgamam” aos sonhos alheios. E há aqueles que deslocam seus sonhos para um ambiente de fantasia, e os acalentam no plano do simbólico, tentando empurrar os outros para seus desejos sem fazer qualquer esforço de realizar seus próprios desejos.
Assim, amigos, os sonhos vão onde as pessoas forem e morrem apenas quando elas deixam de sonhar.
Os sonhos são ANDANTES...

“Talvez não sonhar mais seja uma das primeiras evidências de que abandonamos a vida e esperamos a morte”

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

O Cortesão – Baldassare Castiglione



O Cortesão é uma obra renascentista, um dos “livros de cabeceira” da civilização ocidental. Diálogo em tom elegante, dotado de uma atmosfera serena e grande refinamento intelectual na construção do “perfeito cortesão”. Ele ficou conhecido como “um código da elegância do pensamento e do gosto que se tornam elegância e refinamento dos costumes”.

Reproduzo abaixo um célebre trecho da obra, tão importante então quanto agora e sempre, que trata da questão da amizade:
“Mas creio que há outra coisa que dá e diminui muito a reputação: é ela a escolha dos amigos com os quais se há de ter uma relação estreita; porque sem dúvida a razão quer que aqueles que têm amizade profunda e companhia inseparável tenham também as vontades, os espíritos, os juízos e as inteligências conformes. Assim, quem conversa com ignorantes ou maus, é tido por ignorante ou mal; ao contrário, quem conversa com bons, sábios e discretos, como tal é considerado; pois parece que por natureza tudo facilmente se conjugue com seu semelhante. Por isso creio ser necessária muita atenção ao começar tais amizades.
(...)
Portanto, creio que é bom amar e servir mais a um do que a outro, conforme os méritos e o valor. (...) e entendo que tudo isso se passa entre homens bons e virtuosos, pois a amizade dos maus não é amizade.”
B. Castigilone – O Cortesão (1528)

domingo, 15 de agosto de 2010

LINGUAGEM: A FALA




A criança acompanha sua ação com fala.
Diferente dos macacos, nas crianças, por volta de 2 anos, aparece a Função Semiótica. Para Piaget, superando Vigotsky e a psicologia clássica, ela se constitui como a capacidade de representação (característica tipicamente humana) onde a fala vai aparecer como um dos seus aspectos mais visíveis. A Psicologia clássica acreditava na linguagem sendo pensamento. Piaget vai mostrar que é relação e que existiria, inclusive, um “pensamento sem linguagem”.
A ação da criança agora (por volta dos 2 anos) será "acompanhada da fala" o que caracterizará para Vigotsky, por exemplo, o “tipicamente humano" ou as "funções superiores do homem". Também Piaget encontra esta fala acompanhando as ações. Vigotsky dirá que não se trata de simples descrição da ação, mas de uma função psicológica complexa e que quanto mais complexa é a ação maior é a importância da fala.
Para nós educadores é essencial a compreensão deste fato, pois a tentativa de fazer parar a fala da criança pode ser não apenas inútil (fracasso no pedido de silêncio) como, e principalmente, provocar a "paralisação" da ação da criança (sucesso no pedido de silêncio). Ora, sem a permissão da fala a criança pode simplesmente não resolver os problemas propostos.
Por outro lado, o uso espontâneo da fala nesta idade (pré-escolar) leva a criança a construir os instrumentos básicos do planejamento de suas ações, pois ela torna-se capaz de "irradiar" suas tentativas aproximando-se mais e mais de um plano prévio para sua ação.
No plano do desenho ocorrerá o mesmo, as crianças muito pequenas precisam antes desenhar para depois dizer o que desenharam. Como os macacos de Koeler, elas são escravas do contato visual. Ao crescerem um pouco mais serão capazes de dizer o que vão desenhar e efetivamente fazê-lo. Aqui, novamente, é mostrada a função planejadora da fala.
Jean Piaget mostrará, para além desta função, a capacidade, por meio das representações, de distanciar-se mais e mais do objeto no espaço e no tempo, o que constitui a capacidade simbólica do homem.
A pré-escola, pois, não poderá ser um lugar de enfileiramento, de silêncio, de tirocínio... deverá ser um espaço em que a fala possa desenvolver-se por seus exercícios naturais e o corpo possa acompanhar estas manifestações com movimentos harmônicos. Estudos recentes têm mostrado um "balbucio" gestual antes mesmo do aparecimento da fala, mostrando uma linguagem gestual pelos ritmos dos movimentos dos bebês. Não é possível, pois, uma escola sem estímulo à ação e à fala que acompanhará naturalmente esta ação.

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Gabriela Mistral.



Somos culpados de muitos erros e muitas falhas,
mas nosso pior crime é abandonar as crianças,
desprezando a fonte da vida.
Muitas das coisas que precisamos podem esperar.
A criança não pode.
É exatamente agora que seus ossos estão se formando,
seu sangue é produzido, e seus sentidos estão se desenvolvendo.
Para ela não podemos responder "Amanhã"
Seu nome é "Hoje"

Gabriela Mistral, pseudónimo escolhido de Lucila de María del Perpetuo Socorro Godoy Alcayaga (Vicuña, 7 de abril de 1889 — Nova Iorque, 10 de janeiro de 1957), foi uma poetisa, educadora, diplomata e feminista chilena.
Foi agraciada com o Nobel de Literatura de 1945.

domingo, 8 de agosto de 2010

Mordaças e Palmadas - Lia Luft


Este é um pequeno segmento do artigo de LIA LUFT publicado na veja.
Esta postagem visa ampliar as visões e interpretações.

Mordaças e palmadas
Lya Luft Veja - 02/08/2010

(...)
"Outro tema, agora atualíssimo, é a interferência em assuntos tão pessoais quanto a educação dos filhos. A mim o tema "palmada" parece um pouco ridículo, num momento de eleições iminentes. quando precisamos estar sérios, lúcidos, focados no assunto "quem vai nos governar nos próximos quatro anos. Como, com que ideias e meios". Crianças e jovens. filhos em geral, já são protegidos por leis suficientes. Se elas não forem respeitadas, e sua quebra não for punida, não vai adiantar nada inventar novidades. Vamos aplicar e vigiar o que já existe. E não acho que o "projeto palmada" funcione sem grande confusão. Primeiro problema, o do controle: quem vai denunciar pai ou mãe que derem palmada (e não pode nem aquela branda, carinhosa chamada de atenção por cima da gorda fralda): o vizinho intrometido, a vizinha invejosa. a babá em aviso prévio. a comadre neurótica, a sogra chata, o ex-cônjuge vingativo? Eu gostaria de saber, só para começar, quem vai lidar com a avalanche de denúncias loucas. injustas e irreais que vão atravancar delegacias, postos de polícia e semelhantes.

Violência às vezes se justifica, sim, como para controlar violência, segurar alucinados, prender bandidos, dominar violentos assassinos. Mas nem mesmo violência verbal deveria reinar nas famílias: um insulto pode doer bem mais do que um tapa, brigas entre os pais fazem mais mal do que uma palmadinha, acreditem. Então, o conceito de que violência em casa é negativa e tem de ser punida já existe. Basta aplicar as regras e leis. Mas a tal lei da palmada, me perdoem: parece-me irreal, inexequível, geradora de muita confusão e de indevidas intromissões no lugar que deveria ser o mais nosso, o mais pessoal. nosso refúgio, nosso reino, nosso santo dos santos: a casa, a família, o lar.

Mas como as coisas entre nós. e neste vasto mundo, andam mais para confusão e doideira do que para lucidez e serenidade, como estamos mais violentos, policialescos, alucinados, assustados e assustadores do que firmes, elegantes, sábios, pacíficos e ordenados, tudo pode ser ser esperado, tudo é possível, e vamos nos habituando a viver na estranheza, na esquisitice, protegendo-nos como podemos de atos, fatos e idéias bizarros."

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

O Milagre de Anne Sullivan



Titulo original: (The Miracle Worker)
Lançamento: 1962 (EUA)
Direção: Arthur Penn
Atores: Anne Bancroft , Victor Jory ,
Inga Swenson , Andrew Prine ,
Kathleen Comegys
Duração: 107 min
Gênero: Drama

A incansável tarefa de Anne Sullivan (Anne Bancroft), uma professora, ao tentar fazer com que Helen Keller (Patty Duke), uma garota cega, surda e muda, se adapte e entenda (pelo menos em parte) as coisas que a cercam. Para isto entra em confronto com os pais da menina, que sempre sentiram pena da filha e a mimaram, sem nunca terem lhe ensinado algo nem lhe tratado como qualquer criança.
Para os educadores e PAIS é muito importante discutir a questão da disciplina e do limite na organização do conhecimento.
Do ponto de vista mais teórico é fascinante ver a distinção entre o reconhecimento MOTOR e o aparecimento da semiótica, a descoberta das representações. IMPERDÍVEL!!!

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

A LINGUAGEM ESCRITA: ORTOGRAFIA E CRIATIVIDADE




Pais e professores costumam ter um "olhar ortográfico" sobre os trabalhos escritos da criança. Mesmo as mais jovens, na primeira ou segunda série, têm seus textos analisados pelo "susto" que seus erros ortográficos provocam nos adultos. Entretanto o olhar do adulto deveria centrar-se na originalidade, no volume de escrita, na criatividade e na logicidade dos textos produzidos pelas crianças. A criança, por seu lado, deve sentir total liberdade para expressar seus sentimentos e deixar fluir sua imaginação com espontaneidade.

Fazer ditados e riscar de vermelho os erros das crianças não contribuem para a melhora ortográfica. As escolas conseguem apenas reduzir o vocabulário usado pela criança restringindo seus textos de tal forma que conseguem uma "aparente" boa performance ortográfica. Se pedirmos, entretanto, que escrevam de forma livre e sobre temas mais complexos (tempos verbais não usuais) percebemos o limite alcançado por esta metodologia.

Se a professora dá maior ênfase aos erros cometidos pela criança, nestes primeiros momentos, termina por tirar-lhe a espontaneidade, provocando o empobrecimento intelectual da linguagem, que vem dificultando a aparição de escritores brasileiros. Os alunos nas nossas universidades recusam-se a escrever, copiam quase tudo, não formulam conceitos, não emitem opinião... Não fossem os livros didáticos, estaríamos entre os países mais pobres em quantidade de títulos publicados.

A correção ortográfica será progressiva, sendo grande parte alcançada pela "tomada de consciência", possível com a maturidade intelectual, e também pela leitura, que marcará a gestalt das palavras. Para tanto é necessário formar leitores. Pode-se também, como fazemos desde cedo em nossa escola, melhorar a linguagem falada, pois uma boa pronúncia das palavras resultará em considerável melhoria na escrita. Por fim, pode-se fazer aos poucos correções por meio de pesquisas, dicionários, jogos e a "tomada de consciência" sobre os textos produzidos, quando as crianças alcançam o 4º e 5º ano.

Não podemos esquecer, entretanto, que cada ação deverá estar adequada ao nível de desenvolvimento da criança, vez que muitas das convenções não são passíveis de ser aprendidas em qualquer momento, sendo, assim, necessário trabalhar o "possível" em cada estádio do desenvolvimento.

É necessário corrigir progressivamente os textos das crianças de forma que um dia elas sejam capazes de dominar de forma superior sua língua. Lembramos, no entanto, que a ortografia, como o cálculo, é uma atividade inferior da mente, sendo mesmo possível transferi-la para as máquinas (calculadoras e computadores). Assim, deve-se trabalhar a originalidade e a logicidade na escrita, características unicamente humanas, intransferíveis para uma máquina, e sermos mais pacientes com os erros ortográficos e em esperar a construção da escrita formal das crianças.